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Entrevistas

2024-12-21 às 06h00

Fábio Moreira Fábio Moreira

Victor Hugo Salgado, presidente da Federação Distrital de Braga do PS, acredita que as autárquicas de 2025 poderão assinalar uma “viragem rosa” por todo o distrito bracarense.

Citação

Victor Hugo Salgado, presidente da Federação Distrital de Braga do Partido Socialista e também presidente da Câmara Municipal de Vizela, foi o mais recente convidado do programa ‘Primeiro Plano, da rádio Antena Minho. Numa entrevista conduzida por Rui Alberto Sequeira e Paulo Monteiro, Victor Hugo Salgado começou por assegurar que o Partido Socialista terá candidatos em todos os municípios do distrito bracarense, sendo que o anúncio do candidato socialista à Câmara Municipal de Terras de Bouro (único concelho onde o PS ainda não divulgou o nome do seu candidato) será apresentado em breve.
“Posso garantir que haverá candidato do Partido Socialista em Terras de Bouro. As nossas escolhas estão feitas e anunciadas, faltando apenas anunciar o nosso candidato a Terras de Bouro, algo que acontecerá em breve. Queremos aprovar todos os nomes na comissão política distrital no início do ano e fazer ainda, durante o mês de Janeiro, uma apresentação pública dos 14 cabeças de lista das autárquicas de 2025. Queremos também que o nosso secretário-geral, Pedro Nuno Santos, esteja presente nesse momento para darmos o pontapé de saída para todo o processo autárquico”, começou por apontar Victor Hugo Salgado.

Quais os objectivos do PS no distrito de braga para as autárquicas de 2025?

“Os objectivos para as eleições autárquicas de 2025 passam por criar condições para que possamos viver de novo, dentro do distrito de Braga, um distrito rosa, um distrito do Partido Socialista. Logicamente que este é um processo evolutivo que não se consegue fazer de um momento para o outro, mas a verdade é que se tem de começar essa caminhada e inverter a trajectória actual. Recordo que, há dez anos atrás, viviamos num distrito rosa. Tinhamos grande parte das câmara do quadrilátero urbano: tivemos Barcelos, Braga, Famalicão e mantemos Guimarães. Actualmente, enfrentamos um alteração muito expressiva. Só temos cinco câmaras das 14 do distrito, sendo que só temos uma do quadrilátero urbano, Guimarães. Queremos criar condições para que, através de uma trajectória de crescimento a cada processo autárquico, possamos começar a ganhar de novo as autarquias e manter as que já temos”, frisou Victor Hugo Salgado.

Quais as câmaras que o ps terá mais possibilidades de reconquistar?

Das 14 câmaras municipais do distrito de Braga, há cinco cujos actuais presidentes estão de saída por terem atingido o limite de mandatos. Assim, é certo que 2025 trará um novo presidente para os concelhos de Braga, Guimarães, Esposende, Amares e Vieira do Minho. Destes cinco, apenas Guimarães pertence ao Partido Socialista. Porém, Victor Hugo Salgado acredita que o PS poderá ter, nestas câmaras, vitórias muito significativas para se dar início a uma “viragem rosa” no distrito bracarense.
“É um pouco injusto dizer que há câmaras onde temos mais ou menos condições de vencer as eleições. Para ganhar não é apenas um facto, não é apenas a mudança do presidente de câmara. Isso é importante, é significativo, mas existem casos no nosso distrito, como por exemplo a Póvoa de Lanhoso, de reconquistas socialistas sem ser em finais de ciclos de um autarca. Posto isto, acredito que das quatro câmaras do PSD em final de ciclo (Braga, Amares, Vieira do Minho e Esposende), o PS tem fortes possibilidades de reconquistar Braga e Amares, sendo que, em Barcelos, temos fortes condições para termos uma luta muito expressiva. Estas eleições poderão vir a ter um resultado muito significativo para conseguirmos uma viragem no nosso distrito”, confessou Victor Hugo Salgado.

“É importante conquistar a capital do nosso distrito”

ictor Hugo Salgado não tem dúvidas de que o Partido Socialista pode obter, nestas eleições autárquicas de 2025, um triunfo muito importante para a estrutura nacional do partido, caso os socialistas reconquistem a Câmara Municipal de Braga, depois de três mandatos de governação do social-democrata Ricardo Rio.
“Sem dúvida que sim. Todos têm a percepção da importância que tem conquistar uma capital de distrito, especialmente quando essa capital de distrito é Braga. O distrito de Braga é o 3.º distrito mais importante do país. É um distrito de grande dimensão demográfica e de grande dimensão económica e tem uma grande importância para o Partido Socialista. Devido a essa importância que o distrito tem para nós, conseguir a vitória na câmara de Braga seria uma grande vitória para toda a estrutura concelhia, distrital e nacional do Partido Socialista”, salientou o presidente da Federação Distrital de Braga do Partido Socialista.

A que motivo se deve a escolha de António braga para candidato do PS a Braga?

Enquanto que o PSD rapidamente anunciou João Rodrigues como o seu candidato a suceder a Ricardo Rio para a Câmara Municipal de Braga, o PS tinha vários nomes em cima da mesa. Embora se esperasse que a escolha recaísse entre Artur Feio, Pedro Sousa e Hugo Pires, a verdade é que os socialistas surpreenderam o eleitorado, apostando na candidatura de António Braga.
“É uma aposta da concelhia, da federação distrital e da estrutura nacional do Partido Socialista. É uma aposta dos responsáveis máximos destas três estruturas que, depois de uma análise bastante maturada e depois de reunir tudo o que nos parece importante, se possa dar uma resposta positiva a este processo autárquico em Braga no próximo ano. Devo dizer que queremos criar uma candidatura forte, o que pede a aglutinação do Partido Socialista e acredito que temos isso. Para além de todas as características que António Braga tem enquanto candidato, de toda a sua ligação a Braga e de ser um candidato com um grande e vasto conhecimento do concelho, António Braga é, na minha opinião, o candidato que, entre todos os nomes mencionados, melhor consegue agregar o Partido Socialista de Braga”, garantiu Victor Hugo Salgado.

O Histórico político de António Braga joga a favor do partido socialista?

O presidente da Federação Distrital de Braga do Partido Socialista confessou ainda ter confiança numa vitória rosa na Cidade dos Arcebispos, alegando que as últimas tendências eleitorais no concelho bracarense (aliadas à experiência e histórico político de António Braga) jogam a favor do Partido Socialista.
“Existe a possibilidade de ganharmos a câmara de Braga e são vários os indicadores que temos disso. Braga é, na sua natureza, socialista. O PS tem vindo a ter resultados interessantes neste concelho: por exemplo, foi o PS que venceu as últimas eleições europeias em Braga. Aliado a isso, temos, em António Braga, um candidato com um histórico significativo com a cidade. Foi presidente da Assembleia Municipal, foi vereador, foi representante do distrito e do concelho na Assembleia da República. É alguém que, efectivamente, exerceu funções como secretário de Estado em dois governos. António Braga é uma figura reconhecida no concelho e tem todas as condições, e provas dadas, para ganhar o Município de Braga”, confessou o dirigente da Federação Distrital de Braga do PS.
Contudo, António Braga esteve afastado da vida política nos últimos 12 anos. Confrontado com esse facto, Victor Hugo Salgado acredita que esse afastamento não jogará contra o candidato socialista.
“Acredito que esse afastamento político não joga contra António Braga. Em muitas autarquias, ao longo dos últimos anos, verificamos que há alterações significativas da presidência de determinadas câmaras, onde surgem candidatos que não são tão conhecidos do grande público. Isso não quer dizer que, na realidade, não sejam conhecidos em determinados sectores e áreas de intervenção. António Braga é conhecido, sobretudo, junto dos mais velhos pela sua actividade política, que são a franja da população que mais vota, que menos se abstem. Já nos jovens é onde existe uma maior taxa de abstenção”, apontou Victor Hugo Salgado.

“Não nos parece que haja unanimidade dentro do PSD”

Victor Hugo Salgado frisou ainda, nesta entrevista à rádio Antena Minho, que vê algumas debilidades no PSD, fruto da escolha de João Rodrigues como candidato dos sociais-democratas à Câmara Municipal de Braga. Na opinião do presidente da Federação Distrital de Braga do PS, essa escolha não recolhe a unanimidade do partido.
“Quem se candidata, tem de se mostrar como uma alternativa viável a quem está no poder. Porém, também não podemos descurar as debilidades que o poder, o PSD, enfrenta. Sabemos que essas debilidades estão aliadas a certos factores, como a mudança na liderança dos sociais-democratas. A nós, não nos parece que essa definição tenha unanimidade no próprio PSD. Sabemos, também, que estas eleições vão ser difíceis para o PSD, pois também terá de fazer frente ao crescimento do CHEGA, que é um partido que tem uma forte intervenção e deverá roubar votos a todas as forças políticas”, destacou Victor Hugo Salgado.

Integração da IL na coligação social-democrata é um risco para o PS?

O presidente da Federação Distrital de Braga do Partido Socialista ainda comentou a possível integração da Iniciativa Liberal numa coligação de direita com o PSD, dizendo que a soma de muitas partes pode dar uma divisão favorável ao Partido Socialista.
“A possível integração da Iniciativa Liberal na coligação do PSD é algo que não possamos comentar, pois ainda não aconteceu. Temos que nos manter atentos a todas as decisões que possam influenciar o resultado eleitoral e essa é uma decisão que poderá ter uma grande importância. Porém, é importante salientar que muitas vezes se pensa que juntar determinados partidos vai dar um resultado eleitoral positivo e, muitas vezes, a soma pode dar uma divisão favorável, neste caso, ao Partido Socialista”, apontou o dirigente distrital do PS.

Tem receio de uma candidatura independente roubar votos ao PS?

Victor Hugo Salgado ainda analisou uma possível candidatura independente à Câmara Municipal de Braga, frisando que é preciso de entender a realidade política do concelho antes de avançar com um projecto ‘a solo’.
“As candidaturas independentes tem a sua legitimidade e cada um tem de analisar a responsabilidade de uma candidatura independente, atendendo às circunstâncias de cada concelho. Eu fui candidato independente contra o Partido Socialista, mas todos aqueles que conhecem o processo autárquico em Vizela entendem que a verdadeira candidatura socialista era a minha. Todos os que me acompanharam nessa candidatura eram do Partido Socialista e a grande parte dos nomes ao serviço do PS tinham exercido vários cargos pelo PSD. Temos de estar atentos à realidade política de cada concelho para entender a viabilidade de uma candidatura independente”, notou o socialista.
Victor Hugo Salgado reforçou ainda a união do Partido Socialista e a força da candidatura de António Braga como motivos para não haverem candidatos independentes a ‘roubar’ votos ao PS nas eleições autárquicas de 2025.
“Os presidentes de junta socialistas estão unidos com a estrutura do Partido Socialista, por isso mesmo posso dizer que não considero que existam condições em Braga para uma candidatura independente. Nós não estamos no poder e há uma candidatura forte do Partido Socialista que tem todas as condições para a vitória”, apontou Victor Hugo Salgado.

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