Três por cento dos orçamentos da Saúde a nível europeu são gastos na parte laboratorial, mas 70% das decisões clínicas são baseadas no que faz em laboratório, constatou o presidente do 1.º Congresso da Associação Portuguesa das Ciências Biomédicas Laboratoriais (BioMedLab), Fernando Mendes, convidado do programa ‘Da Europa para o Minho’, emitido na rádio Antena Minho no último sábado.
“É uma profissão escondida”, reconheceu o líder da associação que representa cerca de dois mil licenciados em Ciências Biomédicas Laboratoriais e que recentemente organizou, no Porto, o seu 1.º Congresso.
No programa conduzido pelo jornalista Paulo Monteiro e com a participação do eurodeputado José Manuel Fernandes, aquele responsável, destacou o papel dos profissionais de Ciências Biomédicas Laboratoriais na última pandemia, ao nível da realização de colheitas e testes de despistagem de Covid-19.

“Demos um exemplo de cidadania fantástico com o envolvimento de professores e alunos”, referiu o também vice-presidente do conselho técnico-científico da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Instituto Politécnico de Coimbra.
“Todos os profissionais de laboratório disseram sim e conseguiram ser guerreiros nesta pandemia com a realização de colheitas e testes”, adiantou Fernando Mendes, destacando a condecoração atribuída pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Ana Constança Mendes, da equipa que fez o primeiro diagnóstico de Covid-19 em Portugal.
Fernando Mendes está convicto que Portugal marcou “o ritmo de diagnóstico da Covid-19 na Europa”, através de “uma gestão correcta dos testes”.

Em termos mais gerais considera que Portugal dispõe de laboratórios na área da Saúde “com a última geração de equipamentos”.
Na entrevista na rádio Antena Minho, reforçou que “estamos ao nível de qualquer país europeu em termos de resposta laboratorial” e que “Portugal lidera com a Estónia a digitalização na Saúde”.
No rescaldo do 1.º Congresso da BioMedLab, Fernando Mendes defendeu a urgência de o Giverno legislar no sentido da titulação única dos profissionais das Ciências Biomédicas Laboratoriais, terminando com o actual sistema de separação dos profissionais que actuam nas áreas das análises e da anatomia.

“Reconduzir todos os profissionais de laboratório para a titulação única” é caminhar ao encontro do que já acontece na generalidade dos países europeus e a promover a mobilidade internacional de profissionais que vivem uma situação de “100% de empregabilidade” em Portugal.
A criação de um cartão profissional europeu para estes trabalhadores é outra “grande luta” da BioMedLab, assumida pelo seu presidente na entrevista ao programa ‘Da Europa para o Minho’
A BioMedLab representa os licenciados das Ciências da Saúde que actuam ao nível da Biomedicina Laboratorial, ou seja, profissionais de diagnóstico, terapêutica e monitorização, sendo representados em Portugal pelos licenciados em Análises Clínicas e Saúde Pública, Anatomia Patológica, Citológica e Tanatológica e Ciências Biomédicas Laboratoriais.