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Telmo Correia: CDS vai batalhar pela eleição de dois deputados
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Telmo Correia: CDS vai batalhar pela eleição de dois deputados

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 Telmo Correia: CDS vai batalhar pela eleição de dois deputados

Entrevistas

2019-09-20 às 06h00

José Paulo Silva José Paulo Silva

Telmo Correia volta a ser a ser cabeça de lista pelo CDS no distrito de Braga, reconhecendo que a manutenção dos dois deputados não é tarefa fácil. Desvaloriza as críticas dos que não concordaram com a sua escolha, mas admite que tem de se aproximar do eleitorado para inverter a queda eleitoral registada pelo partido nas últimas eleições europeias.

Citação

P - A ‘concelhia’ de Braga do CDS aprovou em plenário a renúncia de Telmo Correia a cabeça de lista pelo distrito de Braga. A ‘distrital’ não aprovou a lista em plenário. Significa isto que não vai ter apoio da ‘concelhia’ de Braga numas eleições mais difíceis do que as anteriores, em que o objectivo do CDS é manter os dois deputados pelo distrito?
R - Não. A única coisa que isso significa é que o CDS é um partido absolutamente democrático e que há sempre na formação das listas pessoas que ficam contentes e outras que ficam descontentes. Há uma parte maioritária da ‘concelhia’ de Braga, e logo à partida o seu presidente, que não concordam, que preferiam outra escolha. O presidente da ‘concelhia’ de Braga foi um grande apoiante da minha escolha enquanto foi meu número dois e enquanto foi deputado na Assembleia da República. O CDS voltou a eleger dois deputados em Braga comigo. Quem estava comigo foi muito concordante e tinha grande apoio. A partir de determinada altura discordou da saída da lista. Há quatro anos atrás passei a ter vozes críticas.

P - Há quatro anos, essas vozes passaram mais despercebidas, uma vez que o CDS concorreu em coligação com o PSD.
R - O CDS, há quatro anos, tinha duas regras: quem fosse vereador com pelouro não podia ser deputado e, fruto do acordo com o PSD, o seu segundo candidato tinha de ser uma mulher. Vânia Dias da Silva, natural de Guimarães, foi das melhores deputadas que o CDS teve nesta legislatura. Desta vez, como número dois temos Durval Tiago?Ferreira, que é de Famalicão, que eu espero que me acompanhe na Assembleia da República, e como terceira Ângela Oliveira, também de Guimarães. Depois temos Gonçalo Pimenta de Castro, membro da ‘concelhia’ de Braga, como número quatro. Há várias membros da ‘concelhia’ de Braga que estão diariamente connosco. A escolha do cabeça de lista é por indicação da presidente do partido, ouvida a ‘distrital’. A verdade é que o presidente da ‘distrital’, Nuno Melo, não só defendeu esta solução como, segundo me disse, houve uma reunião da ‘distrital’ em que ninguém se opôs a esta solução. Tendo a vontade da presidente do partido, tendo o apoio inequívoco do presidente da ‘distrital’, tendo eu honra, gosto e orgulho em representar este distrito durante dez anos e querer continuar a representá-lo, não é por haver uma ou outra voz crítica que vamos mudar de opinião. Eu não teria outra escolha se não assumir essa responsabilidade.

P - Da parte do presidente da ‘concelhia’ de Braga não há reparos em relação à sua qualidade enquanto parlamentar há quase 20 anos, mas ao facto de não ser originário do distrito de Braga. Não aceita esse argumento?
R - A ideia de opção genética na escolha dos candidatos a deputados não sei se alguém defende. Não vou por aí. Eu não mudei de opinião. Aceitei ser cabeça de lista por Braga depois de ter sido duas vezes cabeça de lista por Lisboa, por proposta de Paulo Portas e convite de Nuno Melo. Quem mudou de posição foi quem achava extraordinário ter um deputado com as minhas modestas qualidades e que, a partir do momento em que deixou de fazer parte da lista, passou a achar péssimo. Eu quero é defender as nossas pro-postas e falar dos problemas do distrito. O que é injusto é dizer que a minha colaboração e presença não foram tão boas. É verdade, não foram tão boas a partir do momento em deixou de haver interesse nessa presença. Não podemos dificultar a presença de alguém e depois dizer que não esteve. Quem foi responsável pela divergência não fui eu. A minha disponibilidade é total. Outros partidos tiveram mais problemas na formação de listas.

P - ?A manutenção dos dois deputados do CDS por Braga é um objectivo mínimo?
R - Eu gostava de eleger três, para ser sincero. Se seria bom que uma vimaranense empenhada, a Ângela Oliveira, nos acompanhasse. Para mim, o objectivo bom seria a manutenção dos dois deputados. Porquê? Porque com cabeças de lista como José Ribeiro e Castro, Nuno Melo ou Nogueira de Brito elegemos um deputado. Eu não digo que é mérito meu a eleição de dois deputados. Ficarei satisfeito se mantivermos os dois deputados, porque a nossa circunstância poderá ser mais difícil, até porque vimos de um resultado menos feliz nas eleições europeias. É por esse objectivo dos dois deputados que vamos batalhar.

P - Como vai ser a sua acção no terreno até 4 de Outubro, tendo alguns contras? Nuno Melo apelidou-o Cristiano Ronaldo da política, não tendo a ‘concelhia’ de Braga e a Juventude Popular do seu lado.
R - Exagero de Nuno Melo. Eu não estou a sentir nenhuma falta de apoio das estruturas. Estamos com uma equipa superior na rua, estamos com mais jovens do que tivemos noutras campanhas. Desse ponto de vista, não há nenhuma falha.

P -?Não tendo o líder da ‘concelhia’ de Braga nem o da Juventude Popular...
R - Somos candidatos num distrito inteiro. No concelho de Braga, especificamente, estamos particularmente bem. O nosso candidato por Braga, Gonçalo Pimenta de Castro, que é membro da ‘concelhia’, tem sido um elemento activísssimo nesta campanha. Temos tido a porta aberta em todo o lado. Quando se corre para contrariar um último resultado que não foi o mais favorável para o partido, temos de estar mais próximos. A percepção que tenho hoje é que vou fazer a melhor campanha de todas, superior à da PaF, há quatro anos. O CDS?está muito estruturado em todo o distrito de Braga. A nossa capacidade de organização é muito boa.

P - Nesta pré-campanha, o CDS?está a defender a reversão de uma série de políticas na área da Educação, voltando às parcerias com os privados?
R - Defendemos aquilo que chamamos de Estado Social de Parceria, com tradução na Saúde e na Educação. Fizemos um momento simbólico às portas da cooperativa Didáxis e quero visitar a Alfacoop. O Governo do PS entendeu que os contratos de associação tinham de acabar como entendeu muitas outras coisas por razões ideológicas. Temos uma leitura ideológica diferente: o Estado tem de trabalhar em parceria com os privados. Os contratos de associação eram positivos. Um conjunto significativo de escolas do distrito de Braga tinham contratos de associação. A ‘Delfim Ferreira’, por exemplo, fechou. O custo por turma numa escola com contrato de associação é inferior ao custo no público. O PS e os partidos à esquerda declararam guerra aos contratos de associação, porque a maior parte deles eram com o ensino religioso. Havia uma implicância com os contratos de associação. O fim dos contratos de associação significa prejuízo. Na nossa opinião, o Estado, sempre que puder, deve contratualizar com os privados.

P - A não renovação da parceria público-privada do Hospital de Braga é baseada também em questões ideológicas?
R - Acho que sim. O ranking do Hospital, os ratings de gestão, a qualidade dos ser- viços melhoraram. A população em geral foi ficando satisfeita com o modelo de gestão. O Governo resolveu passar o Hospital para a gestão pública. Eu não posso condenar uma gestão que tem meia dúzia de dias. Braga estava a correr bem. Não sabemos o que vai acontecer daqui para a frente. Tenho sérias dúvidas que corra melhor. Se conseguirmos juntar gestão eficaz a serviços públicos, os utentes ganham. Com o CDS, a gestão que estava no Hospital de Braga teria continuado. Acho que temos de continuar a ter soluções de PPP onde elas se justificam e são positivas. No Hospital de Braga, o PS não foi capaz de defender uma boa solução. Em novos hospitais, não há razão nenhuma para que este modelo não seja adoptado. Defendemos que nas primeiras consultas, o Estado deveria contratualizar com os parceiros privados.

R - O CDS tem defendido a redução da carga fiscal. O cidadão comum andará muito confuso, com o Governo a dizer que houve redução da carga fiscal e os partidos da oposição a dizerem o contrário.
R - O facto de que a actual carga fiscal é a maior de sempre é indiscutível. O Governo tenta argumentar que isso resulta do maior emprego e do maior número de pessoas a contribuir. A maior carga fiscal de sempre não é sobretudo pelos impostos do trabalho. Nós tivemos um grande aumento dos impostos indirectos, designadamente sobre o consumo e, desde logo, sobre os produtos petrolíferos.

P - A população e o eleitorado estarão menos sensíveis a esses impostos indirectos? Não os sentem de uma forma evidente?
R - Por isso é que lhe digo que a hipocrisia é a maior virtude ideológica da solução de Governo que temos actualmente. Os impostos indirectos, precisamente por serem indirectos, têm menos leitura. Mas as pessoas chegam ao fim do mês e percebem. Houve uma líder partidária que achou um dos grandes problemas do país é que a água se evapora das barragens, denotando alguma falta de compreensão do ciclo da água. Há uma coisa que as pessoas sabem: é que os salários se evaporam a determinada altura do mês.
P -?Em termos de redução da carga fiscal, que propostas concretas é que o CDS apresenta?
R - Este distrito é por natureza industrial e exportador. Muitas empresas de sectores tradicionais deram a volta por cima. Cada vez que se fala com os empresários, estes queixam-se da burocracia e da asfixia fiscal. Nós propomos uma baixa progressiva do IRC. Desde logo, termos o IRC em 17% em 2020, com o objectivo final de chegarmos a um IRC semelhante ao da Irlanda, que está nos 12,5%. O grande objectivo é termos, na fase de uma legislatura, uma baixa do IRC, conseguindo que as empresas obtenham para elas alguma capacidade de capitalização. Sem essa capacidade, elas não conseguem fazer investimento e inovação. Uma realidade muito interessante é a quantidade de empresas tecnológicas e startups que têm nascido no concelho de Braga e a ligação muitíssimo interessante com a Universidade do Minho. Há duas escolhas possíveis: ou vamos dar mais salário ou, como é nossa opção,vamos fazer uma regra para todos, que é baixar o IRS. Os nossos números estão estudados e são aqueles que foram apresentados pelo Governo em Bruxelas. Não são números irreais, são números que têm por base a própria proposta entregue pelo Governo à União Europeia.

P - O ambiente é uma bandeira que está na ordem do dia da campanha eleitoral dos vários partidos. O que é que o CDS tem de concreto para mudar a situação ambiental
R - Estarmos ou não preocupados com o meio ambiente não pode ser uma questão ideológica. A preocupação ambiental é essencial, mas tem vários planos de actuação. Não podemos estar preocupados com o global, com uma visão muito radical, e não começarmos a resolver o problema da nossa casa ou da nossa terra, onde eles começam. O que o CDS diz sobre esta matéria é que devemos ter uma posição razoável, equilibrada e progressiva. Não podemos ter, de um momento para o outro, como defendem soluções mais radicais, posições contra a produção animal que produz dióxido de carbono. Não podemos dizer aos produtores - e há tantos no distrito de Braga - que acabou a produção animal porque há produção de dióxido de carbono. Temos de, razoavelmente, estimular comportamentos positivos e termos normas que estimulem esses comportamentos positivos. Ou seja, beneficiar do ponto de vista fiscal quem tenha comportamentos ambientais correctos. Temos de trabalhar também a fiscalização ambiental. A legislação ambiental sem fiscalização é pura teoria, não serve para rigorosamente nada. Dou-lhes um exemplo aqui no distrito: as descargas no rio Vizela.

P - Tem havido retrocesso nesta matéria?
R - Tem. Há descargas que não se sabe de onde vêm e por que é que acontecem, e o rio aparece com uma cor que não é normal. A poluição representa sobretudo falta de fiscalização. É preciso encontrar soluções que articulem as preocupações ambientais com a realidade da vida no mundo rural. Nós queremos que o mundo rural seja para as pessoas e para a economia. Que o mundo rural produza aquilo que tem de produzir e que a agricultura seja um sucesso. Temos de equilibrar e compatibilizar uma coisa com a outra. Não queremos uma selva sem pessoas.

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