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PSD tem de ter candidato credível para ser alternativa de Governo
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PSD tem de ter candidato credível para ser alternativa de Governo

Entrevistas

2023-01-09 às 06h00

Marlene Cerqueira Marlene Cerqueira

José Palmeira alerta que a oposição, fundamentalmente o PSD, precisa de ter um candidato credível a primeiro-ministro, sob pena do Partido Socialista se eternizar no poder.

Citação

É importante que a oposição, fundamentalmente o PSD, faça por merecer ser alternativa ao Partido Socialista (PS) e só consegue isso se apresentar um candidato a primeiro-ministro que seja credível para um eleitorado que valoriza pessoas com experiências, que já exerceram poder e que demonstrem ter capacidade para exercer o poder na liderança do Governo. Se assim não, o PS poderá eternizar-se no poder, com o eleitorado a encontrar a alternativa na oposição interna ao primeiro-ministro.
A leitura é feita por José Palmeira, professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minho, o convidado da mais recente edição do ‘Da Europa para o Minho’, programa da rádio Antena Minho produzido e apresentado por Paulo Monteiro, com o eurodeputado José Manuel Fernandes.

Comentando a actualidade política nacional, nomeadamente as polémicas que envolvem o Governo de António Costa, José Palmeira alertou que “para haver uma alternativa” ao Governo do PS “fundamentalmente terá que vir do lado do PSD e é preciso que essa alternativa seja credível, que os eleitores percebam que estando descontentes com determinada solução, têm ali ao lado uma alternativa”.
Se não houver essa alternativa credível dentro da oposição, “Portugal corre o risco de se transformar num Japão, onde que o Partido Liberal Democrata está no poder desde 1955 (só não esteve em 93 e 94), e como o primeiro-ministro é eleito no parlamento há mais do que um candidato do mesmo partido ao cargo”.

“Corremos o risco, em Portugal, de dos candidatos a primeiro-ministro surgirem sempre do PS, porque se fracassar António Costa, depois vem o crítico de António Costa, Pedro Nuno Santos, pois as pessoas vêem-no como a oposição a António Costa, e teremos a eternizarão do PS no poder”, explica o docente universitário, acrescentando que esta situação “responsabiliza muito o PSD, que tem de apresenta um candidato a primeiro-ministro que seja credível”.
“Normalmente o eleitorado valoriza pessoas com experiência, pessoas que já exerceram o poder, que tem alguma capacidade de exercício do poder e que poderão não ver em Montenegro essa capacidade alternativa”. alerta José Palmeira, referindo que as sondagens vão ter um papel importante para mostrar se Luís Montenegro se conseguiu afirmar como uma alternativa credível perante o eleitorado.

José Palmeira nota que no PSD já haverá outras alternativas credíveis, como Carlos Moedas, “alguém que já exerce o poder na capital, Lisboa, e que no 5 de Outubro fez uma intervenção que extravasou o discurso normal de um presidente da câmara, apresentando uma verdadeira alternativa política.
“Não se deve esperar apenas que quem está no poder o perca, é também muito importante que quem está na oposição faça por merecer ser alternativa. Assim a responsabilidade é grande do Governo, mas também da oposição que deve apresentar essa alternativa”, remata.

Polémicas alimentam crescimento da extrema direita

José Palmeira alerta que as polémicas e os casos que estão a afectar o Governo alimentam o crescimento da extrema direita.
José Palmeira lembra que esta maioria absoluta do PS “tem uma diferença significativa” pelo facto de que aconteceu ao fim de sete anos.
A maioria absoluta também foi conquistada quando já havia “um lastro” de alguns problemas em termos sobretudo dos resultados apresentados. “Embora os contextos da pandemia e a reversão das medidas da troika tenham contribuído para um contexto relativamente favorável”, ao Governo do PS faltaram “as reformas de fundos, uma falta de desígnios que ainda se mantém”.

José Palmeira aponta ainda que o actual Governo “parece que foi construído muito na base daquilo que são as fracturas dentro do PS, uma espécie de coligação entre facções socialistas” e “isso veio ao de cima quando Costa mete no Governo todos os putativos sucessores’.
O professor da UMinho refere que aquilo que na altura foi considerado por muitos “um golpe de génio”, porque Costa “tinha todos os putativos sucessores à sua beira e era uma forma de os controlar”, acabou por ser “um tiro que saiu pela culatra e as coisas começaram a correr mal”.
Começa agora a haver, da parte da população, “uma exigência maior” por parte dos governantes. E “há também aqui um factor novo face aos anteriores Governos de António Costa, que é haver uma extrema de direita que cresceu e que se alimenta muito destes tipo de situações e de casos” a que temos assistido no Governo.

Estas situações, alerta, beneficiam “bastante” a extrema direita, “porque o seu discurso é muito entre o nós, o povo, e ‘eles, as elites corruptas”.
José Palmeira lembra ainda que o facto “daquilo que era naturalmente a oposição mais de esquerda, do BE e PCP, ter apoiado o Governo no tempo da dita geringonça” fez com que durante esse período “as forças sociais em que o PCP tem uma grande influência, sobretudo a intersindical,” perdessem “grande capacidade de manobra’. É por isso que hoje “vemos movimentos como o STOP, que surgem dos ditos movimentos inorgânicos, a terem um papel de liderança na contestação que acontece na rua”.

Guerra uniu UE e secundarizou diferenças

Não se perspectiva que a guerra na Ucrânia vá acabar proximamente, mas da mesma forma que fomos surpreendidos com o seu início também poderemos ser surpreendidos com o fim, refere José Palmeira, alertando porém para a imprevisibilidade do conflito, sobretudo porque “não há linhas intransponíveis” para a Rússia e “atendendo ao perfil de Putin, tudo é possível”.
O professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minho, que falava no decorrer do programa de rádio ‘Da Europa para o Minho, salientou que “numa guerra não há linhas vermelhas, sobretudo quando estamos a falar em regimes com figuras que já não têm muito a perder”. Quando “encostados à parede, são capazes de reagir da forma mais irracional que se possa imaginar. Numa situação extrema, não excluiria a hipótese” do uso de armas nucleares, “embora os especialistas militares digam que seria possível o recursos a armas nucleares tácticas que têm um efeito menos do que uma guerra a uma escala nuclear”.
Apesar de considerar que com o perfil de Putin “tudo é possível”, o docente universitário realça que além do líder da Federação Russa, não se pode excluir o papel dos sectores militares na decisão de executar uma ordem para ataques com armas nucleares.

O cenário é assim de incerteza, até porque nem uma eventual substituição de Putin significaria o fim do conflito, uma vez que não se sabe se o sucessor seguiria a mesma linha.
José Palmeira lembrou que, sobretudo no mundo ocidental, a Ucrânia gerou uma onda de apoio global. Mais do que isso, mostrou uma Europa que foi capaz de se unir para aplicar um conjunto de sanções à Rússia, apesar da dependência energética, a nível de gás e petróleo, que os países europeus tinham face à Federação Russa.
Relativamente ao papel da China, o docente considera que o país teve inicialmente alguma curiosidade sobre o desenrolar do conflito na Ucrânia, “de certa forma para testar o que aconteceria de fizesse o mesmo com Taiwan”.
“É possível que a China tivesse encarado isto como uma espécie de teste, mas já viu que o ocidente uniu-se e que até países neutrais, como a Suécia e a Finlândia, pediram para entrar na NATO. Viu que, apesar de todas as diferenças, há uma unidade no ocidente que Putin não imaginava que existisse”, acrescentou.

O professor de Relações Internacionais analisou ainda a situação política norte-americana, referindo que o ‘trumpismo’ não acabou e que nos próximos tempos os EUA ainda vão lidar com este fenómeno político que “deu oxigénio a figuras como Bolsonaro e mesmo, na Europa, a alguns partidos populistas e de extrema-direita”. Relativamente ao futuro nos EUA, Palmeira refere que os democratas vão começar a preparar as presidenciais ainda não sabendo se Biden se vai recandidatar ou se haverá outro candidato. Já do lado republicano, Trump vai ter mais dificuldades do que esperaria para ser o candidato, numa altura em que o governador da Florida surge como um candidato plausível para os republicanos.

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