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2023-02-20 às 06h00
Directora de casa abrigo defende que Portugal tem de investir “a sério” na prevenção da violência doméstica, o que deve passar por abordar estas temáticas nos currículos escolares desde o pré-escolar.
É preciso “investir a sério” na prevenção da violência doméstica e a escola desempenha aqui um papel fundamental no entender de Joana Sampaio. A directora técnica do Porto d’Abrigo, a casa-abrigo gerida pelas Soroptimist Clube Porto Invicta defende que são necessárias “medidas globais” que passam por abordar estas temáticas em contexto escolar, a partir do pré-escolar.
“Estamos a investir muito na reparação de danos, quando a prevenção continua pouco trabalhada”, alerta Joana Sampaio, referindo que o é feito em Portugal em termos de prevenção da violência doméstica “tem sido trabalhado de forma pontual, pouco sistemática e pouco continuada”.
“É preciso investir na prevenção. Investir a sério. Para mim, investir na prevenção é integrar estas matérias da igualdade género e da violência nos currículos escolares e desde muito cedo. Não podemos continuar a basear-nos apenas na boa vontade de algumas ONG e organizações como a UMAR que tem um programa de prevenção da violência no namoro nas escolas, mas que só vai onde consegue chegar. Isto requer uma medida global, geral, trabalhada nas escolas e integrada nos currículos como as outras matérias”, defende Joana Sampaio, para quem estes temas devem ser abordados desde o pré-escolar, para começar a mudar as mentalidades.
Este alerta de Joana Sampaio surge no programa ‘Da Europa para o Minho’, da rádio Antena Minho, onde interveio como convidada de Paulo Monteiro e do eurodeputado José Manuel Fernandes.
Todos os números sobre violência doméstica e violência no namoro são dramáticos. Joana Sampaio mostra-se particularmente preocupada com um deles. Num estudo recente, 53% dos jovens não identificaram o controlo como violência no namoro. “Na minha prática profissional, todas as mulheres que acolho na casa abrigo me dizem que tudo começou na altura do namoro com o controlo, a perseguição... isto acontece devagar. Os agressores conjugais não se revelam à vítima no primeiro dia. É muito importante estar atenta aos sinais e indicadores de que vai haver uma relação violenta no futuro”, referiu.
“A maioria das vítimas que acolhemos dizem que havia sinais que na altura não identificaram de uma futura relação violenta”, acrescenta Joana Sam- paio, referindo que fala em mulheres porque a Porto d’Abrigo só acolhe mulheres, mas referindo que também há homens vítimas de violência doméstica.
Referiu ainda que a violência doméstica é transversal a toda a população, independentemente das habilitações ou situação social.
“Há vida para além da violência”
Às vítimas de violência doméstica, Joana Sampaio deixa um apelo: “Peçam ajuda. Não pensem que não há resolução. Há. Há uma vida para além a violência. Não tenham vergonha de admitir o que estão a passar. A vergonha deve ser sentida porque pratica um acto violento e um crime. Está provado que qualquer pessoa pode ser vítima de violência na relação”.
Alerta ainda que nenhuma mulher deve ficar numa relação violenta pelos filhos: “Uma criança precisa de uma mãe feliz. Precisa de estar num ambiente que não seja violento e as crianças têm capacidade de adaptação fantástica”, por isso, se forem vítimas “vão à PSP, à GNR ou façam denúncia pela linha de apoio às vítimas de violência doméstica através do número 800 202 148”. É um serviço anónimo e confidencial. “Acreditem que existem uma vida melhor para além daquilo que estão a viver e é um caminho que vai valer a pena”, remata.
Legislação é boa, mas as mentalidades...
Joana Sampaio considera que a legislação portuguesa é boa em matéria de violência doméstica, que é um crime público. No entanto, continua a ser preciso “mudar as mentalidades”, o que demora mais tempo, mas é necessário.
A responsável constata que houve uma grande evolução ao longo dos anos no apoio às vítimas de violência doméstica, tanto em termos de forças de segurança como do sistema judicial, embora insista que é “fundamental a formação de magistrados nesta área” para que não nos deparemos com “sentenças descabidas”.
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