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Entrevistas

2024-05-12 às 06h00

Ricardo Anselmo Ricardo Anselmo

Catarina Silva, professora de Ciência Política e Relações Internacionais da Escola de Economia e Gestão da UM esteve no Primeiro Plano, da Antena Minho e do Correio do Minho, a cerca de um mês das eleições para o Parlamento Europeu.

Citação

P - Os actos eleitorais têm revelado um crescente abstencionismo. Como é que isto se explica?
R - As primeiras eleições de facto tiveram mais votos mas isso aconteceu também com as eleições a nível nacional. A partir daí tem havido um decréscimo de participação e as eleições para o Parlamento Europeu são particulares porque são eleições, ainda por cima, para um hemiciclo que não é próximo. É algo que está longe e, para além disso, não há muita informação nem se investe nela e na informação do que são as eleições para o Parlamento Europeu, quais as consequências e qual o papel dos eurodeputados.

P - Ainda assim foram criadas condições que permitem de alguma forma ultrapassar isso…
R - Para tentar mitigar…. Se vai, efectivamente, ter impacto, só poderemos ver depois. Eu creio que não terá assim um grande impacto porque podemos criar todas as condições que o mais importante é haver, primeiro, a informação, depois o conhecimento e, a seguir, a mobilização. Quer tenha mecanismos electrónicos, quer antecipados - e já temos nas legislativas - isso não quer dizer que as pessoas vão votar mais. Não estou a ver que isso vá mudar a taxa de abstenção em relação às europeias.

P - Esta situação não é um exclusivo de Portugal. O que é que falha efectivamente nesta comunicação?
R - É um sintoma generalizado de todos os estados membros. As eleições europeias são dadas como eleições de segunda ordem. A literatura descreve-as desta forma. Normalmente, se os actos eleitorais europeus acontecem antes de eleições nacionais, servem como uma espécie de bolha ou de mecanismo para antecipar essas eleições nacionais. É o que vai acontecer este ano, por exemplo, com as eleições francesas. Em 2024, estamos num contexto que favorece que as eleições sejam ainda mais de segunda ordem. Tradicionalmente, em Portugal, os partidos são pró-europeus e tendem a nacionalizar muito do que é positivo e depois a desculpabilizar muito do que é europeu. Isso acaba por ter uma consequência: os temas misturam-se. Há muitas vezes a vangloriação de que o que é europeu foi conseguido com esforço nacional.

P - Importante também a sensibilização dos mais novos…
R - Muitas vezes, as acções de formação decorrem aos escolas e é através desses meios que se cria a expectativa de que os mais novos levem os temas para casa.

P - Muitos anos depois da adesão de Portugal à União Europeia, o balanço é francamente positivo.
R - Eu acho que é essa a percepção que os portugueses têm. São demasiado europeistas precisamente porque reconhecem na União Europeia uma necessidade para evoluírem. Sabem que a UE foi um dos pilares que promoveu a consolidação democrática e também o desenvolvimento económico e social do país. Isso foi muito evidente também durante a pandemia. A dada altura os portugueses diziam que era a União Europeia que conseguiria ‘salvar’ o país, quer em termos económicos, com o PRR, quer também ao nível da vacinação. Vários estudos de opinião davam conta dessa ideia de que, se não fosse isso, não sairíamos dessa situação. Os portugueses reconhecem que a UE é útil e necessária, mas depois é estranho porque não votam para o Parlamento Europeu. Sabem que da UE vêm determinados benefícios, reconhecem-nos, mas não sabem qual é o papel dos eurodeputados em consegui-los e geri-los. Portanto, não entendem essas eleições como sendo tão importantes como as legislativas.

“A Ucrânia e outros países de Leste são necessários para criar fronteira a Moscovo”

P - Como é que vê a possibilidade da entrada da Ucrânia na União Europeia?
R - A Ucrânia e outros países de Leste começam a ser necessários para criar ali uma fronteira a Moscovo, por assim dizer, e criar alguma segurança na Europa. Até para que a política de segurança avance e dê alguma estabilidade aos estados-membros. No entanto, a entrada da Ucrânia prece que ainda vai criar alguma divisão. Ela foi aprovada, mas foi preciso solicitar a um Primeiro-Ministro que saísse da sala para que as negociações pudessem prosseguir. Portanto, não há consenso. É benéfico que entre, claro, é esse o sentido da Europa. Voltando a entrar eventualmente no seu auge económico, pode vir a trazer benefícios numa aliança e até na própria dependência energética. É um estado-membro com uma dimensão considerável e a destruição da guerra vai levar bastante tempo até que a Ucrânia consiga fazer esse caminho e ter esse papel determinante.

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