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2024-04-16 às 18h02
O campeão europeu de trampolim, Pedro Ferreira, prometeu “não deixar” que a ausência dos Jogos Olímpicos “defina a carreira”, após ter assegurado a quota para Paris2024, mas falhado a única vaga disponível para ginastas portugueses.
Antes de conquistar a medalha de ouro nos Europeus de Guimarães, realizados entre 03 e 07 de abril, o vila-condense de 27 anos apurou-se com a melhor classificação lusa para a final dos Mundiais de 2023, na qual foi sétimo, atrás de outro português, o quarto classificado Gabriel Albuquerque, selecionado para os Jogos em março, segundo um ranking de apuramento definido pela Federação de Ginástica de Portugal.
“Em todos os outros ciclos olímpicos desde 2000, eu teria ido aos Jogos juntamente com o Gabriel. Neste ano, não. Obviamente que fico triste. Não vou estar a dizer que não é dos meus maiores sonhos ir aos Jogos Olímpicos. É das coisas mais importantes, mas não vou deixar que isso defina a minha carreira”, vinca à agência Lusa o ginasta do Sporting.
Depois de o apuramento para Rio2016 não ter “corrido bem” e de o ciclo olímpico seguinte o ter aproximado de Tóquio2020, com a vaga a ser preenchida pelo amigo e colega de clube Diogo Abreu, Pedro Ferreira contribuiu para o feito inédito de dois portugueses na final de um Mundial, circunstância que, em Jogos anteriores, garantiria duas vagas. No entanto, as regras mudaram, com a quota a ser ocupada, “e bem”, pelo seu colega de 17 anos.
“Em Portugal, definimos um ranking de apuramento interno, com base nas Taças do Mundo e no Campeonato do Mundo. Isso era através de pontos. O Gabriel ficou à minha frente. Esse lugar conseguido por mim, e também por ele, foi para ele, e bem”, realçou, esclarecendo que só a China garantiu duas vagas, uma pela final dos Mundiais, outra por alcançar um dos primeiros três lugares no ranking da Taça do Mundo.
Apesar de considerar provável “haver alguém injustiçado” em cada apuramento olímpico, face às 16 vagas disponíveis para os Jogos, Pedro Ferreira consciencializou-se no ciclo anterior a Tóquio de que pode “ser um erro” nutrir uma “ambição sem noção” pelos Jogos.
Ciente de que o trampolim é das poucas disciplinas onde campeões podem falhar a competição olímpica, o ginasta luso alerta para casos de atletas que “passaram muito mal ou tiveram de acabar as carreiras” perante situações de frustração, algo que rejeita.
“Sinto que, na nossa modalidade, ficar muito obcecado pelos Jogos Olímpicos pode prejudicar uma carreira que pode ser muito feliz. Olhar para trás sem Jogos Olímpicos e pensar que não vale a pena, é um pensamento errado”, defende.
Com um currículo em que se destaca ainda a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2014, na cidade chinesa de Nanjing, e as três medalhas nos Mundiais de 2022, em Sófia, inclusive uma de ouro, por equipas, Pedro Ferreira diz ter cumprido “o sonho de fazer parte dos melhores do mundo”, algo que já acalentava desde criança.
Nascido numa família ligada à ginástica, Pedro Ferreira começou a saltar no trampolim aos oito anos, no Ginásio Clube Vilacondense, e mudou–se, aos 18, para Lisboa, a única cidade que então tinha a licenciatura em engenharia aeroespacial, que espera concluir neste ano, enquanto “plano ‘b’” para o trampolim, carreira que sempre privilegiou.
Ligado desde 2015 ao Sporting, clube onde treinou com Diogo Ganchinho e treina com Diogo Abreu, Pedro Ferreira gosta de treinar e de competir, está agradado com a forma como “a vida está estruturada” e sente que tem elevado o seu nível a cada ano, algo que lhe dá confiança para encarar mais um ou dois ciclos olímpicos.
“Vou cumprir o próximo ciclo olímpico [para Los Angeles2028] de certeza. O outro, se me sentir saudável, sem qualquer problema, não vejo razão para não o fazer”, perspectiva.
Os Jogos Olímpicos Paris2024 decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto, assinalando-se esta quarta-feira 100 dias para a cerimónia de abertura.
06 Dezembro 2024
06 Dezembro 2024
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