Os fantasmas de família de Mário Coelho em cena no Theatro Circo
2024-05-18 às 17h00
O teatro contemporâneo vibra fortemente em Guimarães com espetáculos, incluindo estreias absolutas e coproduções, conversas, oficinas de criação e visitas a escolas de ensino secundário e superior
O futuro entra em cena com a edição de 2024 dos Festivais Gil Vicente, em Guimarães. De 6 a 15 de junho, espetáculos dos criadores Março Mendonça, Sara Inês Gigante (vencedora da Bolsa Amélia Rey Colaço), Bruno dos Reis, Mickaël de Oliveira (Teatro Oficina), Keli Freitas (vencedora do Projeto Casa) e Mário Coelho fazem-nos navegar por diversas temáticas, diferentes geografias e novos lugares de expressão, numa edição dos Festivais Gil Vicente que traz à linha da frente algumas das mais inquietantes, críticas e criativas formas que o teatro contemporâneo nos oferece. "Em palco, encontraremos uma riqueza estética, poética e política proposta por uma nova geração criativa, que assume sem rodeios esse lugar de questionar a existência humana", antecipa Rui Torrinha (diretor artístico dos Festivais).
As honras de abertura desta edição são assumidas por "Blackface" do criador e intérprete Marco Mendonça no maior palco do CCVF, a 6 de junho (quinta-feira), às 21h30. Este é um regresso de Marco Mendonça a Guimarães e ao CCVF após se apresentar no papel de intérprete e cocriador nos espetáculos "Parlamento Elefante" (2018, vencedor da Bolsa Amélia Rey Colaço), "Catarina e a Beleza de Matar Fascistas" (estreado em absoluto no CCVF em 2020), "Cordyceps" (estreado em absoluto no CCVF, em 2021). "Blackface" é um espetáculo a solo, escrito e encenado por Marco Mendonça, uma conferência musical, entre o stand up e a fantasia, entre a sátira e o teatro físico, entre o burlesco e o documental, explorando a performatividade e a história do blackface, como prática teatral racista, e questionando ao mesmo tempo se será possível achar que não existe racismo em Portugal.
O espetáculo que se segue, logo na sexta-feira (7 junho), é apresentado em estreia absoluta pela mão de Sara Inês Gigante, criadora e intérprete de "Popular", peça vencedora da mais recente edição da Bolsa Amélia Rey Colaço – iniciativa promovida pelo Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), A Oficina / Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo) e o Teatro Viriato (Viseu)). Sara também já foi bastante acarinhada pelo público em Guimarães aquando da apresentação em estreia absoluta da sua criação "Massa mãe" (2022). O seu novo trabalho, “Popular”, é um espetáculo-desafio que parte da autoficção de que a criadora e intérprete pretende ser uma artista popular, desafiando os padrões do panorama cultural e do universo popular através de uma fusão entre os dois.
No sábado, 8 de junho, o palco é entregue ao autor e encenador Bruno dos Reis para apresentar "Vi o Ayrton Senna morrer nos olhos do meu irmão". Com interpretação de Dick Steeves, João Tarrafa, Nuno dos Reis e Teresa Queirós é-nos assim apresentado um espetáculo cujo mote é a morte do piloto de fórmula 1, Ayrton Senna, pelos olhos de uma criança, contando com música ao vivo interpretada pelo Quarteto de Orquestra Filarmonia das Beiras.
A segunda semana de espetáculos inicia-se a 13 de junho (quinta-feira) com a reposição de "Ensaio técnico", a primeira de duas criações que Mickaël de Oliveira assina sob a chancela do Teatro Oficina e que estreou em outubro de 2023 nas suas instalações, o Espaço Oficina. O espetáculo propõe uma ficção em redor de um grupo de jovens atores e performers que decide empreender um projeto ambicioso, baseado no conceito de “performance contínua e aberta”, e trabalhá-lo em regime de residência artística monacal. “Ensaio técnico” é sobre o relato oficial e oficioso do que aconteceu ao longo de três anos de retiro.
A 14 de junho (sexta-feira) é-nos apresentado outro espetáculo em estreia absoluta, desta feita "Volta para a tua terra", projeto vencedor da 2ª edição do Projeto Casa, – programa de apoio à Criação Artística na área das Artes Performativas promovido pel’A Oficina / Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, o Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo e o Cineteatro Louletano, em Loulé. Esta é uma criação de Keli Freitas, brasileira residente em Portugal, no qual, a partir da busca por sua bisavó portuguesa, desafia as ideias de imigração e pertença.
"I´m still excited!" é o espetáculo que encerra a edição de 2024 dos Festivais Gil Vicente no sábado 15 de junho. Esta criação de Mário Coelho – com interpretação de Anabela Ribeiro, Mário Coelho, Rita Rocha Silva, Pedro Baptista – é uma história de "boy meets girl" e "girl meets boy", que se propõe a falar sobre o fim de uma relação entre duas pessoas, inseridas num cenário de festa, que é também um ensaio de teatro.
Em cumplicidade com a direção artística do Teatro Oficina, os Festivais Gil Vicente propõem também no seu programa uma relevante dimensão de pensamento e formação, montada com protagonistas que fazem parte do forte elenco geracional presente nesta edição. Um natural destaque recai sobre as Oficinas de criação “Escrever a diferença, escrever(-se)” que procuram, através de exercícios práticos e teóricos, munir os participantes de técnicas, instrumentos e referências para outros modos de composição de um texto, de uma performance ou de um espetáculo. Estas oficinas serão orientadas por Marco Mendonça (7 e 8 junho), Bruno dos Reis (9 junho) e Keli Freitas (15 junho) e têm participação gratuita, até ao limite da lotação disponível, carecendo apenas de inscrição prévia através do formulário online disponível em aoficina.pt. Um importante momento de comunhão entre público e artistas acontecerá também nas conversas pós-espetáculo com Sara Inês Gigante, Mickaël de Oliveira e Keli Freitas.
Os criadores Marco Mendonça, Mário Coelho e Mickaël de Oliveira irão também visitar as escolas do ensino secundário e superior do concelho de Guimarães durante o festival para momentos de partilha e enriquecimento.
Este ano, de forma concertada entre A Oficina e a Licenciatura em Teatro da Universidade do Minho, as novas criações autorais dos alunos finalistas da Licenciatura em Teatro da UM irão ser apresentadas no Teatro Jordão, entre 2 e 5 de junho, antes da realização dos Festivais Gil Vicente. Sob o título “Criações em Curso”, estas apresentações fazem a síntese das aprendizagens realizadas ao longo do curso, ao mesmo tempo que dão expressão ao desejo da autonomização dos alunos para o início da sua afirmação autoral e enquanto artistas.
"O futuro, como sabemos, não é de sentido único, nem linear. Disso se apropriará esta edição dos Festivais Gil Vicente, para provocar modos de relação com algumas das matérias essenciais do nosso tempo.", remata Rui Torrinha.
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