Gilistas querem pontuar perante as águias
2025-02-14 às 06h00
Joaquim da Silva Gomes profere hoje, pelas 11 horas, a conferência ‘Namorar à moda de Braga’. Divulgamos aqui algumas das principais notas que vão ser partilhadas pelo investigador.
‘Namorar à moda de Braga’ é o tema da conferência que a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva promove hoje, às 11 horas, via zoom. Proferida pelo investigador e professor Joaquim da Silva Gomes, esta sessão vai abordar a forma como o namoro foi evoluindo na sociedade bracarense, sobretudo ao longo do séc. XX.
Há cerca de 100 anos, o namoro em Portugal era marcado por normas sociais rígidas e um forte conservadorismo, influenciado pela moral católica dominante. As interacções entre casais eram cuidadosamente supervisionadas, visando preservar a honra e a reputação, especialmente das mulheres.
Um dos locais propícios a encontros e cruzamentos de olhares eram as feiras, romarias. “Eram dos poucos espaços sociais onde os jovens podiam interagir de forma mais descontraída”, nota Joaquim da Silva Gomes. Durante as danças ou enquanto assistiam às festividades, os jovens podiam trocar olhares, conversar ou mesmo marcar encontros futuros, embora sempre sob o olhar atento da família ou dos vizinhos.
As missas dominicais também serviam como um ponto de encontro social. Os jovens frequentavam a igreja com as suas famílias, mas era comum trocarem olhares ou bilhetes discretos enquanto estavam no local.
Depois da missa, o tempo que se passava à porta da igreja ou durante procissões era uma oportunidade para socializar e dar início a um eventual namoro.
No meio rural, também as tarefas agrícolas ou outros trabalhos comunitários, como vindimas ou desfolhadas, permitiam algum contacto entre rapazes e raparigas. Estes eventos, embora centrados no trabalho, eram acompanhados de cantigas, brincadeiras e momentos de descontração que serviam como pretexto para se conhecerem melhor.
Os fontanários e os lavadouros públicos, onde as raparigas iam buscar água ou lavar a roupa, eram também pontos de convívio importantes nas aldeias. Os rapazes aproveitavam a oportunidade para se aproximar, conversar ou até mesmo ajudar, criando uma interacção que muitas vezes acabava por levar a um namoro.
No início do séc. XX, os caminhos entre as casas e os campos eram também utilizados pelos jovens para encontros mais discretos. No entanto, mesmo esses encontros muitas vezes eram vigiados por vizinhos curiosos ou pelos familiares.
Durante a ditadura do Estado Novo, o controle sobre os relacionamentos amorosos intensificou-se. A Igreja Católica e o Estado promoviam uma moral conservadora, enfatizando a pureza feminina e desencorajando qualquer comportamento que pudesse ser considerado impróprio. “As mulheres eram vistas como guardiãs da moral, e qualquer desvio poderia comprometer suas chances de casamento e aceitação social”, explica Joaquim da Silva Gomes.
Apesar das restrições, as décadas trouxeram algumas mudanças nos comportamentos sociais, especialmente nas áreas urbanas. A chegada do cinema proporcionou aos casais um espaço mais privado para encontros.
A partir de meados do séc. XX os cafés começaram a ser frequentados em Braga com mais assiduidade. Ficaram célebres os episódios que marcaram a estátua da deusa Diana, no Café ‘A Brasileira’. Também no Cinelância, o primeiro café a ter televisão em Braga, passou a ser local de encontros e desencontros. Muitos jovens almoçavam rapidamente para irem ao início das tardes para o café, para verem as telenovelas que passavam na televisão. Muitos desses encontros acabaram em namoros e casamentos.
Os espelhos que existiam em alguns deles, nomeadamente no Café Vianna, serviam para verem e serem vistos, através de uma troca de olhares. “Esta mudança de costumes não era bem compreendia. Qualquer namoro que ocorresse fora dos locais tradicionais (como a janela ou a casa da rapariga) era visto com suspeita”, pois havia preocupação constante com a honra da rapariga e os costumes.
28 Março 2025
28 Março 2025
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