Um ano de comemorações do universo camiliano
2020-07-10 às 06h00
São os primeiros agrupamentos a incluir a oferta do ensino da viola braguesa. Numa primeira fase as aulas serão ministradas por monitores externos, mas os docentes vão receber formação para dar continuidade aos projectos.
O ensino da viola braguesa vai arrancar oficialmente nos Agrupamentos de Escolas de Maximinos e Francisco Sanches já no início do próximo ano lectivo. É mais um impulso de grande relevo na promoção do ensino deste típico instrumento regional, símbolo identitário da sua cultura, e que está a ganhar muitos adeptos, essencialmente no seio da juventude.
“Neste momento estamos a preparar a formação para os professores de música destes dois agrupamentos mas, se não estiverem preparados a tempo, as aulas serão ministradas, numa primeira fase, por monitores que estão já integrados no projecto”, revelou ao CM Abílio Vilaça, presidente da Adere Minho, entidade que está a implementar um projecto financiado pelo Norte 2020 resultante de uma candidatura apresentada pela câmara de Braga através da Comunidade Intermunicipal do Cávado com o objectivo de promover o ensino da viola braguesa nas escolas e juntas de freguesia do concelho.
Abílio Vilaça adianta ainda que também a EB 2,3 André Soares manifestou interesse em abraçar o projecto.
As aulas serão ministradas no âmbito das actividades extra-curriculares.
Para dar início ao projecto - que arrancou com a organização de cursos nas freguesias - a Adere Minho avançou com um curso de formação de oito monitores, seguindo-se um segundo, em Setembro, que formará perto de uma dezena que vão auxiliar na disseminar o projecto pelo território concelhio.
Em declarações ao CM, Teresa Barbosa, coordenadora TEIP nas Escolas de Maximinos, confirmou que o ensino da viola braguesa vai integrar o Plano Anual de Actividades do agrupamento como mais uma estratégia de desenvolvimento e captação de alunos. “Estamos abertos a iniciativas promotoras da literacia em várias áreas”, diz a docente, lembrando que o agrupamento de Maximinos integra já o ensino articulado da dança e da música no sua oferta curricular, sendo esta mais uma “oportunidade” na área artística.
No início do ano lectivo serão abertas inscrições para os alunos interessados, estando ainda por definir quais os graus de ensino. “Penso que esta é uma oportunidade para as crianças que têm competência para música, mas de uma linha mais popular e tradicional”, continua a docente, sublinhando ainda que estas são iniciativas promotoras da inclusão.
Esta é apenas a fase embrião de um projecto que se mostra mais ambicioso no que ao ensino da viola braguesa diz respeito. A intenção dos promotores é que ao nível pedagógico se atinja patamares superiores, com a promoção de cursos de nível superior, culminando com um curso de especialização mais avançado, através “de um centro de competências especializado” no ensino de cordofones.
“Por isso estamos, com todo o cuidado, a envolver as escolas e, numa outra etapa, a UMinho na estruturação dos cursos de níveis superiores e cursos avançados com vista a que a viola braguesa seja ensinada também nos conservatórios”, diz.
Certificação veio garantir preservação e autenticidade
A viola braguesa foi certificada em 2018 após um longo processo burocrático. O processo iniciou-se em 2016, com o objectivo de preservar e estimular o saber-fazer acumulado ao longo de séculos por aqueles que produzem o instrumento. A primeira fase integrou um estudo que demorou cerca de um ano e que incluiu visitas a todas as unidades produtivas, a par de contactos com investigadores e recolha de informação histórica.
Foi preciso mais de um ano para elaborar o caderno de especificações e aguardar a publicação em Diário da República que veio a acontecer em Fevereiro de 2018.
A certificação do instrumento de dez cordas, dispostas duas a duas, e que está muito presente nos ranchos folclóricos e grupos etnográficos da região, constituiu um passo essencial para proteger e salvaguardar este instrumento identitário da cultura regional.
Formandos inscritos nos cursos ultrapassam expectativas iniciais
Foi na Junta da Sé onde se deu, esta terça-feira, o pontapé de saída para um conjunto de cursos de viola braguesa a ter lugar nas juntas do concelho e que prevê formar uma centena de tocadores até final do ano mas, de acordo com Abílio Vilaça, esse número deverá ser largamente ultrapassado dado o elevado número de inscrições que as primeiras formações receberam.
Só na Junta da Sé estão inscritos 43 formandos, aos quais se juntam mais 37 em S. Victor, cujas aulas terão lugar às terças e quintas-feiras, no auditório da junta. “Só nestas duas freguesias temos 80 formandos, um número muito próximo do que tínhamos previsto atingir no final do ano”, diz o presidente da Adere Minho, dando conta que arrancará em breve um curso de formação também na freguesia de S. Lázaro, tendo já as Uniões de Junta de Freguesia de Ferreiros e Gondizalves; Nogueira, Fraião e Lamaçães e Real, Dume e Semelhe demonstrado o interesse em acolher também a formação do ensino da viola braguesa.
Numa primeira fase o projecto previa que dez freguesias formassem dez alunos em cada uma delas, mas o número será certamente ultrapassado tendo em conta a enorme procura que os primeiros cursos estão a registar.
Abílio?Vilaça sublinha o sucesso do projecto nesta fase de arranque e até a surpresa com o facto. “Numa primeira abordagem tentámos perceber qual era o cenário da viola braguesa em Braga e constatamos que existiam alguns músicos que estavam a tentar lançar a viola braguesa mas estavam com dificuldades em ter alunos”, diz o presidente da Adere Minho, indicando que apesar de ser um instrumento identitário da região não há nenhuma escola de música do concelho que inclua o ensino da viola braguesa na sua oferta.
A formação de tocadores ganhou, com este novo projecto, uma nova dinâmica que promete continuar até níveis superiores. “Todos os dias recebemos emails de pessoas que querem aprender o instrumento”, garante o responsável da Adere Minho, afirmando que no próximo ano deverá ser necessário ampliar o número de turmas e os número de freguesias. “Nessa altura já devemos ter também um número suficiente de monitores para responder a esse desafio”, continua Abílio Vilaça.
O responsável adianta que nos últimos dias os promotores do projecto têm recebido pedidos de inscrição vindos de outros pontos do distrito e até fora dele, nomeadamente de Famalicão, Vila do Conde e Porto. “São pesoas que estão ligadas à música e que pretendem fazer formação cá. Vamos propor à câmara que ofereça um curso a pessoas exteriores a Braga”, diz ainda a propósito o responsável da Adere Minho, demonstrando o nível de crescimento que o projecto está a conhecer.
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