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2023-03-13 às 06h00
Júlia Fernandes, presidente da Câmara de Vila Verde, foi a convidada do Programa ‘Da Europa para o Minho’, da Rádio Antena Minho. Numa emissão especial, do Dia Internacional da Mulher, juntou-se ao marido, o eurodeputado José Manuel Fernandes.
Estão a ser dados “passos muito consolidados no sentido efectivo de igualdade de oportunidades e de género”. Mas ainda há um longo caminho a percorrer na sociedade para uma igualdade clara entre homens e mulheres. A opinião foi deixada por Júlia Fernandes, presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, no Programa ‘Da Europa para o Minho’, da Rádio Antena Minho, conduzido por Paulo Monteiro e o eurodeputado José Manuel Fernandes, curiosamente marido da autarca.
Num programa especial em família, assinalou-se o Dia Internacional da Mulher, numa homenagem com uma das 29 presidentes de câmara do país - em 308 municípios - e a única autarca nos 24 municípios minhotos.
“Ainda faz sentido assinalar este dia, embora já tenham sido dados passos significativos na busca de uma igualdade ou pelo menos uma aproximação. No entanto, muito há ainda a fazer e todos esses passos que estão a ser dados têm que atingir um patamar onde haja uma verdadeira igualdade de oportunidades, uma igualdade em termos da conciliação da vida familiar e profissional e até igualdade salarial, é disto que falamos quando se fala numa sociedade justa em que as mulheres possam ter um papel como os homens”, realçou Júlia Fernandes, confessando não ter sentido mais dificuldades do que o marido no percurso de afirmação política.
“É importante referirmos que o nosso percurso político foi feito quase em simultâneo, começámos na mesma altura, tínhamos aproximadamente 20 anos quando começámos a ter uma participação mais activa na política, quer em termos da JSD e PSD. Com 21 anos já fazia parte da Assembleia Municipal de Vila Verde, comecei antes até do que ele e até hoje nunca sai da AM, estive enquanto deputada, depois 12 anos enquanto vereadora e, neste momento, estou lá enquanto presidente. É um percurso que fizemos muito em conjunto, muito partilhado também, e no qual não posso dizer que tenha sentido mais dificuldades por ser mulher”, revelou a autarca, considerando ser um caminho que tem muito a ver com a “forma de ser e de estar”.
“Encaro a política como uma missão, poder fazer, criar, resolver problemas, poder contribuir para o progresso do nosso território e, nessa medida, não senti mais ou menos dificuldades por ser mulher. Comparando com o percurso do meu marido, penso que foi de facto sempre muito partilhado e fomos crescendo na política lado a lado, na perspectiva de querermos o melhor para a nossa terra”, sublinhou.
Considerando não se ter sentido prejudicada por ser mulher de um político, Júlia Fernandes lembrou o caminho “trilhado em conjunto, sempre muito partilhado” e “com a mesma perspectiva de contribuirmos para o desenvolvimento do nosso território, de Vila Verde e proporcionarmos a melhor qualidade de vida aos vilaverdenses”.
Neste percurso, o que considera ser mais desafiante é “conciliar” os vários papéis que a mulher desempenha no dia-a-dia, desde logo na vida pessoal: “nunca descurei nenhum desses papéis, continuo a priorizar o meu papel de mãe, a conciliar todos os nossos papéis, e para isso é necessário um rigor absolutíssimo das nossas agendas, porque não deixo de chegar a casa e ter de cozinhar, de ir às compras, e ter de fazer tudo o que faz qualquer mulher com os seus múltiplos papéis dentro de casa. De facto não é fácil, é necessário uma gestão muito rigorosa dos nossos tempos e eu digo muitas vezes que o dia tem 24 horas para toda a gente, simplesmente podemos aproveitar melhor esse tempo, com tempo de qualidade. O tempo que temos para a família tem de ser de muita qualidade e, ao mesmo tempo, é preciso rigor em toda a infinidade de reuniões, para conseguirmos cumprir e não falhar nenhuma tarefa”, frisou, assumindo a “prioridade” que sempre dedicou à família.
“Houve uma coisa que nunca abdiquei: estar o máximo de tempo possível com os meus filhos. E até compensar de certa forma o facto do meu marido ter ido, em 2009, para Bruxelas, embora faça o esforço grande de estar cá todos os fins-de-semana. Na altura, o Miguel tinha quatro anos, a Marília 10, era muito importante que a família fosse sempre a nossa prioridade. Nunca abdiquei de os levar à escola, de estar presente na vida deles, numa festa, naquilo que fossem os momentos fundamentais e fui fazendo sempre toda esta ginástica, muitas vezes abdicava do período de almoço, mas o importante é conseguirmos desempenhar todas as funções e não descurar nunca esses papéis, sendo o de mãe o mais importante da nossa vida”, revelou, deixando uma mensagem de confiança às mulheres.
“Digo sempre às mulheres para lutarem por aquilo que acreditam, sou um exemplo disso e espero estar a abrir caminho para outras mulheres lutarem por aquilo que acreditam e sintam que é possível fazermos o nosso trajecto, o nosso percurso, dedicar-nos à causa pública e chegarmos ao que desejamos. É uma questão de acreditarmos que é possível e, acima de tudo, termos confiança”.
“Política ainda é vista de uma forma muito masculina”
A forma como ainda se faz política em Portugal dificulta o trabalho das mulheres. José Manuel Fernandes considera que há ainda “um longo caminho a percorrer” em termos da igualdade de género, desde logo, “na questão salarial e na ocupação de cargos de topo quer a nível político e a nível das grandes empresas”.
“Na política, para quem não conhece o meio, há muitos jantares e reuniões até horas intermináveis mais direccionados para os homens e dificulta o trabalho das mulheres”, referiu o eurodeputado, quando questionado sobre como incentivar as mulheres a uma vida mais activa na política.
“Muitas vezes até questionamos porque é que não há mais mulheres na política?”, sublinhou Júlia Fernandes, em resposta ao marido.
“A política ainda é vista de uma forma muito masculina, a forma como se fazem reuniões, por exemplo, se olharmos para a horas em que decorrem as reuniões das comissões políticas, para as horas dos encontros, prolongam-se noite fora. Uma reunião de uma comissão política em muitos lados às vezes dura três a quatro horas e não se justifica começar às 21 horas e terminar à uma da manhã. Isso vai impedir a mulher de participar, porque em casa é preciso fazer o jantar, está a cozinha por arrumar, é preciso ajudar os filhos nas tarefas da escola...Há todo um conjunto enorme de tarefas que não permitem encarar isto de outra forma quando temos reuniões de quatro horas. Temos que ser mais práticos, fazer reuniões em outra hora, mostrar que as mulheres são importantes na política e que podem chegar aos cargos de presidente”, destacou a autarca de Vila Verde, defendendo a Lei de quotas na política.
“No início, fez-me alguma confusão a necessidade de haver quotas na política, hoje até defendo que devia haver quotas nas empresas e numa série de outras áreas da nossa sociedade, porque esta lei das quotas obrigou de certa forma as mulheres a mostrarem o que valem e o seu trabalho, não fosse a lei das quotas e não teríamos executivos de juntas de freguesia com mulheres”, explicou Júlia Fernandes, uma das 29 presidentes mulheres entre os 308 municípios portugueses.
Na Europa, José Manuel Fernandes lembra que o caminho já está mais avançado, até porque, na “União Europeia procuramos legislar para que as mulheres, em termos das grandes empresas, possam estar nos conselhos de administração de uma forma que diria obrigatória, mas necessária, porque a representação não condiz com a qualidade que as mulheres têm”. “Se olharmos para as qualificações, até começam a ser superiores à dos homens e depois não têm essa representatividade”, alertou.
E o exemplo disso é o facto de serem as mulheres a dominar os altos cargos europeus: Ursula von der Leyen é presidente da Comissão Europeia, Roberta Metsola a presidente do Parlamento Europeu e Christine Lagarde presidente do Banco Central Europeu.“É um grande orgulho e julgo ser a primeira vez que isto acontece. É um grande sinal e, para nós, deve ser uma inspiração e um grande incentivo olharmos para estas três poderosas mulheres: se elas chegaram lá, porque não posso eu conseguir mostrar o que valho na sociedade? São três mulheres extraordinárias e são para nós uma grande inspiração. Estão a fazer um trabalho extraordinário”, frisou Júlia Fernandes.
Opinião partilhada pelo eurodeputado e marido, que enaltece as qualidades da presidente da Comissão Europeia.
“É uma mulher muito forte, até diria que trabalha em exagero, porque remodelou o gabinete da Comissão Europeia e vive nesse gabinete, dorme lá, porque enfrenta um trabalho de grande exigência, tem tido desafios brutais, com a pandemia, a guerra e tem sido uma líder. Uma líder que nos tem valido face à ausência de liderança dos homens governantes. Não vou dizer que são melhores do que os homens, mas demonstram que não é por ser do sexo feminino que se tem menos aptidão ou coragem. Demonstram competência, coragem e uma disponibilidade enorme”, rematou o eurodeputado.
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