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Fátima Fernandes: “Estou democraticamente legitimada”
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Fátima Fernandes: “Estou democraticamente legitimada”

Entrevistas

2023-01-07 às 06h00

José Paulo Silva José Paulo Silva

Fátima Fernandes assumiu em Novembro a presidência da Câmara Municipal de Montalegre, na sequência da renúncia do ex-presidente e do ex-vice presidente. Em entrevista ao programa Minho Magazine, a autarca explica porque não se justificou a marcação de eleições intercalares.

Citação

Apanhada de surpresa pela renúncia aos cargos dos ex-presidente e vice presidente da Câmara Municipal de Montalegre, na sequência das suas detenções no âmbito da operação Alquimia, Fátima Fernandes, que assumiu a presidência da autarquia no início de Novembro, considera-se “democraticamente legitimada” e entende que seria “irresponsável” ter provocado eleições autárquicas intercalares.
Entrevistada no programa ‘Minho Magazine’, da rádio Antena Minho, pelo jornalista Rui Alberto Sequeira, a primeira mulher a presidir à Câmara Municipal de Montalegre confessou que nunca imaginou a detenção e renúncia aos cargos do ex-presidente Orlando Alves e do seu vice, David Teixeira, suspeitos num processo de associação criminosa, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documentos, abuso de poder e participação económica em negócio.

“Trabalhei com o ex-presidente e com o ex-vice presidente e nunca vi práticas que pudessem pôr em causa a sua honorabilidade”, afirmou Fátima Fernandes, que aguarda pela averiguação de factos que a Justiça venha a fazer.
Em resposta ao PSD de Montalegre, que defendeu eleições intercalares na sequência da renúncia de Orlando Alves e David Teixeira, a actual presidente da Câmara Municipal entende que tal solução seria “irresponsável” num momento de fecho do programa comunitário Portugal 2020 e de arranque do Portugal 2030, bem como de preparação do orçamento municipal de 2023.
“Politicamente, não há questão nenhuma. A questão política ficou sanada com as renúncias do ex-presidente e do ex-vice presidente”, alegou Fátima Fernandes, segundo a qual, passado cerca de um ano sobre as eleições autárquicas, “não havia razões para eleições intercalares”, dada a legitimidade de todos os eleitos em assumirem o respectivo mandato.
Vereadora da Câmara Municipal de Montalegre desde 2005, Fátima Fernandes sente “grande orgulho, grande honra e grande responsabilidade”, agora nas funções de presidente, em “trabalhar não defraudar todos os meus concidadãos”.

Fátima Fernandes entende que a imagem de Montalegre “não foi afectada” pelo processo judicial que envolve os ex-presidente e vice-presidente da Câmara Municipal, alegando que o concelho “é conhecido pelas pessoas, pelas suas actividades e pelos seus produtos”.
Na entrevista à rádio Antena Minho declarou que “é muito bom ver o apoio dos meus concidadãos a eu ter continuado”, adiantando que tem “muito apoio dos mais velhos”, que lhe dão “muita força”.
Neste início do segundo ano do actual mandato autárquico, a presidente da Câmara Municipal de Montalegre insiste numa reclamação antiga junto da administração central: a construção de uma acessibilidade mais rápida da sede do concelho a uma auto-estrada. “É uma reivindicação que continuarei a fazer. É uma questão de justiça. É altura de o nosso Estado praticar a coesão territorial e dar a todos os concelhos o mesmo tratamento”, declara Fátima Fernandes, avisando que “o país está num desequilíbrio perigoso e já ontem era tarde para aplicar propostas de diferenciação positiva para combater a desertificação humana”.

Sobre o actual período de transição entre quadros comunitários, a autarca releva que o Município está a finalizar as obras do centro de acolhimento do SIPAM-Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial do Barroso e de requalificação das piscinas municipais.
Para o Portugal 2030, a autarquia tem em carteira projectos de requalificação de escolas e de sedes de juntas de freguesia, uma creche e salão polivalente em Salto e o alargamento de zonas industriais.

Sexta-Feira 13 e Feira do Fumeiro são eventos que dão nome a Montalegre

Montalegre prepara-se para celebrar mais uma ‘Sexta-Feira 13’ e acolher, entre os dias 19 e 22, a nova edição da Feira de Fumeiro, dois eventos marcantes e com relevante impacto económico no concelho. Segundo a presidente da Câmara Municipal, Fátima Fernandes “são dois grandes eventos que dão nome a Montalegre”.
A segunda ‘Sexta-Feira 13’ de 2023 está agendada para o mês de Outubro e, tal como a que avizinha, atrairão muitos visitantes à vila de Montalegre, enchendo restaurantes e unidades de alojamento e dinamizando o comércio local, sectores que beneficiam de um programa de animação no qual a Câmara Municipal tem investido como marca identitária do território.
“O impacto de ‘ Sexta-Feira 13’ não é só em Montalegre. Em todos os concelhos vizinhos, os restaurantes e o alojamento ficam lotados”, observa Fátima Fernandes, pelo que considera o evento “um activo para todo o Alto Tâmega”.

Antevendo a próxima edição da Feira do Fumeiro, a presidente da Câmara Municipal garante o sucesso da mesma no que respeita à venda dos produtos derivados de carne e na presença cada vez mais significativa de produtores. “Há cada vez mais jovens produtores a aderir. A?produção está em crescendo e toda ela é escoada”, referiu a autarca no programa ‘Minho Magazine’, no qual observou que no concelho de Montalegre há condições para produzir mais fumeiro.
A plataforma de venda online criada pela Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã como resposta à suspensão da Feira do Fumeiro em 2020 e 2021, por causa da pandemia, mantém-se como canal de escoamento de parte significativa deste produto, considerando a presidente da Câmara Municipal de Montalegre que, “paulatinamente, os produtores mais reticentes vão percebendo esta mais-valia”. Para já, são 44 os produtores aderentes à plataforma

A edição deste ano da Feira do Fumeiro mantém a ‘Praça dos Sabores’, espaço onde as associações de Montalegre promovem e vendem outros produtos endógenos-
“Tudo o que vem da terra vai ser aqui comercializado”, refere a presidente da Câmara Municipal de Montalegre, que convida também para o programação de animação e demonstrações de chef de cozinha e de alunos da Escola Dr.?Bento da Cruz na ‘Praça dos Sabores’.
O?evento ‘Sexta Feira 13’ e a ‘Feira do Fumeiro’ demonstram, segundo Fátima Fernandes, a diversidade e as potencialidades do território de Montalegre, apostando a Câmara Municipal no turismo como um dos vectores de desenvolvimento.

A autarca regista a abertura de novas casas de alojamento local e a perspectiva de construção de “dois hotéis de pequena dimensão”.
Fátima Fernandes aponta, por outro lado, a prova do Campeonato do Mundo de Rally Cross que Montalegre acolhe como “uma excelente montra para Montalegre em muitos países. Este ano, a competição realiza-se no mês de Agosto, constituindo, assim, um foco de atracção para os muitos emigrantes de férias no concelho.

Exploração de lítio não pode sacrificar pessoas e território

A perspectiva de exploração de lítio no concelho de Montalegre é um dos dossiês mais quentes que a Câmara Municipal tem em mãos em termos de gestão políticas e das expectativas da população.
Na presidência da Câmara Municipal há pouco mais de dois meses, Fátima Fernandes reafirma a posição da autarquia sobre o projecto de exploração do ‘Romano’ proposto pela empresa Lusorecursos Portugal Lithium, em fase de avaliação do estudo de impacto ambiental. “A postura da Câmara Municipal foi sempre a mesma: a favor de tudo o que traga riqueza, mas não sacrificamos as pessoas e o território e os valores ambientais”, declara a edil.
Nesse sentido, o Município de Montalegre comunicou já à Agência Portuguesa do Ambiente o seu parecer desfavorável ao estudo de impacto ambiental, depois de ter encomendado relatórios técnicos às universidades do Minho e do Porto sobre o projecto de exploração pretendido para o concelho.

Fátima Fernandes alerta, no entanto, que não se deve “enganar as pessoas” sobre o poder de decisão do Município no processo de licenciamento da exploração de lítio. “Se o subsolo é um recurso do Estado, a Câmara Municipal não tem grandes condições de inflectir a decisão do Estado”, avisa, reafirmando que “estaremos ao lado das populações e a defender os seus interesses intransigentemente”.
A presidente da Câmara Municipal de Montalegre aponta que a autarquia aguarda “com serenidade aquilo que a Agência Portuguesa do Ambiente vai dizer da estudo de impacto ambiental”.

Orgulho no PNPG e no Património Agrícola Mundial

“É importante que as pessoas que residem no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG) sintam esse orgulho”, defende a presidente da Câmara Municipal de Montalegre, relevando que parte significativa do território concelhio faz parte da área protegida. A edil aponta Pitões das Júnias e Tourém como aldeias que conseguiram potenciar a inserção no PNPG e a preservação de “identidades muito próprias’ em termos de visitação e do desenvolvimento de actividades económicas associadas ao turismo, um sector considerado prioritário pelo Município para o desenvolvimento do concelho.

A vila de Salto, apontada como solar da raça barrosã, e o núcleo museológico das Minas da Borralha são outros pontos de interesse turístico que o Município promove, a par do Castelo, na sede do concelho, que se encontra em fase final de musealização, mas que já atrai cerca de 50 mil visitantes por ano. Este monumento nacional será este ano um dos palcos principais das comemorações dos 750 anos da atribuição do primeiro Foral a Montalegre. O sector primário constitui um vector essencial da dinâmica sócio-económica de Montalegre, reclamando a presidente da Câmara Municipal mais atenção do poder central a um concelho que, a par de Boticas, foi distinguido com o selo de Património Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Esta é, nas palavras de Fátima Fernandes ao programa ‘Minho Magazine’, “uma marca distintiva gourmet em termos de práticas agrícolas” que “vai agregar os mais jovens”.
A presidente da Câmara Municipal defende o “trabalho em rede” para potenciar ainda a produção e comercialização dos “excelentes produtos” que Montalegre tem para oferecer.
“Os mais jovens podem afirmar o seu trabalho em termos nacionais e internacionais, apresentando produtos de forma diferenciada”, sustenta Fátima Fernandes.

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