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Francisco Louçã: Confiança em eleger num distrito com peso determinante na disputa eleitoral
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Francisco Louçã: Confiança em eleger num distrito com peso determinante na disputa eleitoral

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Francisco Louçã: Confiança em eleger num distrito com peso determinante na disputa eleitoral

Entrevistas

2025-04-26 às 06h00

Joana Russo Belo Joana Russo Belo

Correio do Minho prossegue a série de entrevistas aos cabeças-de-lista dos partidos com assento parlamentar na antecâmara das eleições de 18 de Maio. Francisco Louçã, candidato do Bloco de Esquerda, está confiante na eleição num distrito que considera fundamental na disputa que vai definir Portugal. Saúde e habitação no topo das prioridades para o partido.

Citação

Vai ser “uma disputa extraordinária em Braga”, num distrito considerado determinante para a campanha eleitoral. Em entrevista à Rádio Antena Minho, Correio do Minho e CMinho TV, o cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, confessou ter regressado à vida política partidária fruto de “uma situação especial”, até algo imprevisível, que o fez abraçar o desafio de liderar a lista por Braga, cujo peso diz ser decisivo para a disputa que vai definir Portugal.
“O Bloco de Esquerda subiu da última vez, ficou à beira de eleger, mas recuperou, começou a recuperar bem, foi uma diferença de centenas de votos em relação ao último eleito. É uma boa disputa, mas porque há muita indústria, há muita criatividade, há muita cultura, há grandes cidades, há grandes tradições culturais, isso faz de Braga um dos lugares mais importantes da disputa que vai definir Portugal. E, por isso, aceitei este convite da Organização de Braga do Bloco de Esquerda e sou candidato e com imenso empenho tenho apreciado cada hora desta campanha”, frisou Francisco Louçã, rejeitando as críticas de outras forças políticas pelo facto de não ser do distrito, lembrando o exemplo de Fernando Alexandre, “que nasceu na Nazaré e vive em Braga, fez a sua vida profissional em Braga e é hoje ministro e candidato por Santarém”.

“Eu sou candidato em Braga, porque sou bem recebido e porque acho que a representação que Braga pode ter, e terá várias deputadas e deputados, faz a pluralidade e a força de representação de ideias diferentes. E o que eu trago para aqui é uma esquerda coerente, com princípios, que se preocupa com a vida das pessoas, que se preocupa com o emprego, que sente que as pessoas estão assustadas com as tarifas que Donald Trump está a impor e, portanto, percebem que o têxtil está muito em causa, preocupam-se com a habitação, e essas lutas sou eu, sou eu com toda a minha gente, com todo este povo, com o Bloco de Esquerda, porque a solução vai depender da representação”, sublinhou Louçã, acreditando “que vai ser um grande resultado para o Bloco de Esquerda”.

“Indignado” com o que se passa no Parlamento - em que os deputados do Chega “insultam os princípios da boa educação e da decência” - Francisco Louçã espera a eleição de “pessoas que possam trazer decência, um debate sério, uma conversa razoável, preocupação, soluções, mesmo que discutíveis”.
“O Bloco não vai ter essa maioria, mas pode contribuir, pode ser decisivo, para que haja soluções concretas”, referiu.
Segundo Francisco Louçã, “as pessoas estão muito irritadas com estas eleições”, motivadas pelos “truques políticos sucessivos que levaram a isto, isto não é boa política, é democracia pequena” e “nós precisamos de uma democracia grande”.

“Preocupado com a questão política” que derivou nas eleições antecipadas, o cabeça-de-lista considera que o primeiro-ministro Luís Montenegro “devia ter arrumado a questão com toda a clareza” e, em vez disso, “lançou-se para eleições”. “Acho isto má forma de fazer política”, acrescentou.
Quanto ao apelo do Partido Socialista no voto útil, Louçã recordou que quando teve maioria absoluta “o PS não quis resolver” questões “tão estruturais da economia portuguesa” como a saúde: “quando hoje nos apela ao voto útil, acho que o povo de esquerda percebe que a razão para a eleição de deputados do Bloco de Esquerda é que podem obrigar a soluções, mesmo quando o PS tem sido tão renitente ou tão hostil. O Bloco de Esquerda contribuirá com a força que tiver para uma governação que nos faça sair deste medo em que estamos, do susto em que estamos na vida portuguesa”.

Tecto às rendas é solução imediata para crise na habitação

Uma das bandeiras do Bloco de Esquerda para a campanha nestas legislativas é a saúde, com Francisco Louçã a considerar os sucessivos governos “olham para a saúde como uma oportunidade de negócio” quando “os hospitais públicos existem para cuidar das pessoas e não para dar lucro”.
“O que aconteceu nos últimos anos foi que se criou um sistema em que se multiplicam as ineficiências. A saúde tem que ser gerida com muito cuidado, com muito profissionalismo. As nossas propostas são sempre ter carreiras profissionais de grande qualidade, médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, auxiliares que possam agarrar as pessoas a um serviço de saúde, em que possam trabalhar em equipa, dedicar-se profundamente, ter um amor pela saúde dos outros”, referiu.

Olhando ao distrito, Louçã reforça a ideia da urgência do novo Hospital de Barcelos/Esposende, cujos atrasos sucessivos significam “algumas muito mesquinhas opções orçamentais que se põem à frente de uma estratégia para o futuro”.
Outra das prioridades diz respeito à habitação. Dando conta dos dados do Instituto Nacional de Estatística sobre o primeiro trimestre de 2025, que apontam para uma subida de 16% dos preços em geral no país e que, em Braga, o preço no ano passado subiu 12% quando o país registou 9%, o cabeça-de-lista diz ser um aumento “gigantesco”, “quatro vezes mais do que na zona euro”, com os preços do arrendamento a subirem no distrito 20%.
“Braga bate recorde, Guimarães bate recorde, em outras cidades do nosso distrito temos o mesmo problema. E isso não é justificado pela imigração. É verdade que há uma comunidade brasileira grande, mas esta subida dos preços justifica-se por outra razão. É que há um poder total dos promotores imobiliários. Eles só constroem para casas muito caras. E, portanto, vendem casas muito caras, porque têm a expectativa sempre de encontrar alguém que as vá pagar. E, portanto, isso faz disparar os preços”, alertou o candidato.

Por isso, “o Bloco de Esquerda tem apresentado propostas para uma solução estrutural de longo prazo”, sendo que “é preciso construir habitação pública”, contudo “demora vários anos”, medida que para Francisco Louçã “terá efeitos a longo prazo”.
“A solução imediata é ir ao mercado de arrendamento. É por isso que propomos o tecto às rendas. Não queremos senhorios pobres. Mas não se pode cobrar em Portugal o dobro do que se cobra em Amesterdão. Nas nossas cidades, em Lisboa, no Porto e Braga está a caminho, a casa é mais cara do que em Berlim. Em Berlim ganham quatro vezes o nosso ordenado. Não é possível ter uma casa numa cidade como Braga, que custa 700 euros ou 1200 euros, para uma mesma tipologia, que, em Amsterdão, custa 500”, frisou.
Quanto à questão da imigração, o bloquista considera que “tem que ser sempre regulada e regulamentada”, sendo que “todas as pessoas devem estar registadas, porque é a forma do país verificar e controlar, não pode ser de outra forma”.

Destacando o contributo “tão grande que os imigrantes têm para a vida portuguesa”, Francisco Louçã lembrou as contas feitas por Mariana Mortágua: “os imigrantes que vivem, actualmente, em Portugal pagam, só os imigrantes, sozinhos, 448 mil pensões médias dos idosos em Portugal, com seus descontos para a Segurança Social”, esclareceu o economista, defendendo o prazo de cinco anos para a atribuição da nacionalidade portuguesa “razoável”.
Questionado sobre o aumento do PIB para a defesa, Francisco Louçã foi peremptório: “a ideia de que a Europa está desprotegida perante a ameaça russa é uma mentira. E, portanto, duplicar, que é o que a Comissão Europeia quer fazer para Portugal, ou triplicar, que é o que a NATO pretende, significaria, no caso da proposta da Comissão Europeia, que Portugal passaria a gastar mais em compra militar do que em educação. E eu acho isso espantoso. Nós temos neste momento uma maternidade ambulante em que as mães grávidas dão à luz nas ambulâncias. Não é preciso dinheiro na saúde? Não é preciso dinheiro na educação? A Europa tem mais soldados no activo do que os Estados Unidos da América. Estamos perante uma mentira para criar medo às pessoas e para lhes tirar dinheiro do bolso.”

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