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Fininha e Nel: Namorados há 60 anos

Entrevistas

2020-02-14 às 06h00

Marta Amaral Caldeira Marta Amaral Caldeira

Casaram há 60 anos e continuam o mesmo casal unido e apaixonado um pelo outro. Rufina e Manuel conheceram-se em Braga no final dos anos 50 e aos 80 anos continuam juntos. O Alzheimer veio atrapalhar a velhice e ele só está bem com ela ao lado.

Citação

Ele sempre a chamou de ‘Fininha’ e ela sempre o chamou de ‘Nel’. Há 60 anos que é assim. São companheiros de uma vida, cúmplices, amigos, amantes, idosos. A história de amor de Rufina Leite, de 80 anos, e de Manuel Silva, de 83 anos, tem até, hoje, um final final feliz.
Mesmo padecendo de Alzheimer, Rufina é a única pessoa que Manuel continua a conhecer sem hesitar e que não perde nunca da vista, porque senão passa mal. Pode nem sempre perceber tudo o que se está a passar à sua volta, mas o amor da sua vida está mesmo ali. Sempre esteve e sempre estará.

Nel surgiu na vida de Fina inesperadamente. “Eu tinha 19 anos, por aí, quando conheci o irmão do Nel, mas foi por ele que me apaixonei assim que o vi”, recordou Rufina Leite, lembrando os primeiros encontros com o amor da sua vida. “Eu trabalhava no Centro de Saúde na Rua do Raio e, um dia, ele foi lá ter comigo e fez-me uma espera para me dizer o que sentia por mim. Nesse dia acompanhou-me a casa e começámos a namorar”.
Nessa altura, nos anos 50, os namorados em Braga concentravam-se na Avenida Central e percorriam também a Avenida da Liberdade. “Era ver os casalinhos ali, de um lado para o outro, a passear, muito juntinhos. Era bonito de se ver”, lembrou Rufina.

“Casámos pouco tempo depois, no dia 21 de Junho de 1959 e a nossa lua-de-mel foi uma incursão pelo São João. Fomos sempre muito felizes. Ele foi sempre muito bom para mim, embora também tivéssemos os nossos ‘altos e baixos’, mas sempre mantivemos uma excelente relação porque só estamos bem um ao pé do outro”, contou.

Um amor para toda a vida

Quando o ‘amor é para sempre’, ultrapassam-se todas as dificuldades. Mãe de cinco filhos, uma filha já falecida, e com 13 netos e seis bisnetos, Rufina Leite confessa-se uma “mulher feliz”, com “uma vida feliz” ao lado do amor da sua vida, Manuel Silva. “O meu Nel sempre foi muito trabalhador, muito meu amigo e viajámos muito juntos, só nós dois. Viajámos um pouco por todo o lado, desde Cabo Verde a Viena de Áustria, Açores e a nossa viagem ao Brasil foi muito especial porque é realmente um sítio fantástico de conhecer”, recordou Rufina Leite.

“À Madeira fomos cinco vezes e da primeira vez que fomos lá, o Sporting Clube de Braga foi lá jogar e ganhou”, recordou, imaginando que aquilo tudo aconteceu ontem mesmo. “O tempo passa demasiado rápido, sabe? Por isso, temos que o aproveitar muito bem e se for ao lado do amor da nossa vida, então ainda melhor”, sugeriu. “Sempre trabalhámos, eu no centro de saúde e ele na sua oficina de automóveis, mas para onde eu ia, ele ia, e para onde ele ia, eu também ia. Sempre juntos. Sempre os dois”.
Durante toda a sua vida, Nel acompanhou-a sempre, até na ida ao cabeleireiro, todas as sextas-feiras. “Ele sempre gostou que eu cuidasse de mim e fazia questão de me levar e esperar por mim no carro”, referiu, indicando que isso nunca mudou.

Quando Rufina comprava uma roupa nova, perguntava ao marido se lhe ficava bem. Ele, adorava e respondia-lhe sempre: “a ti fica-te tudo bem”.
“O Alzheimer apareceu há oito anos na casa e a nossa vida mudou um pouco porque a doença tem destas coisas. Durante muito tempo tentei lidar com tudo, mas por indicação do próprio médico e, por mim, decidi vir para a Casa do Areal. E tem sido uma óptima ajuda. Passamos aqui os nossos dias e regressamos a casa no final do dia. Este ano que passámos aqui foi maravilhoso porque os técnicos são muito atenciosos. Muito queridos”, sublinhou Rufina.

“Às vezes estamos em casa e como ainda é cedo ainda vamos dar a nossa ‘voltinha’ juntos”, atirou. “Ainda outro dia me ligou uma amiga a dizer que tinha saudades de nos ver passar. De ver passar o casalinho”, gracejou, levantando-se e indo ao encontro do marido para a fotografia final que tiraram com a ternura dos seus 80 anos.
Marta Sousa, directora técnica da Casa do Areal, enaltece o amor do casal.
“Fizemos questão de celebrar aqui os seus 60 anos de casamento porque entendemos que é muito importante valorizar o casamento na sociedade actual, bem como esta compreensão, partilha e dedicação ao outro. Estes são valores que temos que ressalvar. A D. Rufina e o sr. Manuel são um exemplo de que o amor é para toda a vida e em tudo. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”.

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