Recorde de golos difícil mas possível
2020-11-05 às 12h00
Vítor Aguiar e Silva é o presidente do júri do Grande Prémio de Literatura DST. Galardoado com o Prémio Camões deste ano, destaca o valor da poesia e da filosofia como bases da cultura europeia.
P- Faz parte júri do Grande Prémio de Literatura DST que acontece há 25 anos. Qual o segredo da persistência desta iniciativa?
R - ‘O Grande Prémio de Literatura DST tem uma vida já longa – um quarto de século – graças ao esclarecido mecenatismo da empresa DST e porque ganhou prestígio no campo literário português.
R - Trata-se de um Prémio financiado integralmente por uma empresa privada. Que relevância atribui a esse facto?
R - É relevante tal facto, porque é um exemplo de sinergia criadora entre a economia e a cultura. Infelizmente é um exemplo ainda relativamente raro em Portugal.
P - Como é para um pensador avaliar o trabalho dos seus pares? Sente-se confortável nessa função?
R - Todo o leitor formula um juízo de valor sobre as obras literárias que lê, isto é, todo o leitor realiza um acto crítico ( a crítica, como ensina a etimologia da palavra, é a arte de julgar o valor das obras literárias e artísticas). Os membros do júri de um prémio literário devem ser leitores particularmente preparados nesta arte de julgar . O que não significa que não se enganem algumas vezes.
R- Fale-nos do vencedor deste ano. O que pesou na escolha do júri?
R - Fernando Guimarães é um grande poeta, um notável teorizador literário e um crítico muito bem informado sobre a poesia portuguesa desde o Simbolismo até ao Modernismo. O júri valorizou a densidade semântica da sua obra poética e a beleza profunda – profunda mas não críptica – do seu discurso.
P - O vencedor do Grande Prémio de Literatura DST 2020 é um poeta/filósofo. Que utilidade têm estas essas disciplinas, que poderíamos considerar desnecessárias face às emergências do tempo que vivemos?
R - Se a utilidade fosse o critério único ou dominante para julgar os valores de uma sociedade, o mundo seria inabitável. A poesia e a filosofia são a raiz da cultura europeia e a expressão primordial e sempre nova da Europa.
P- É um autor frequentemente premiado. Que significado têm para si esses reconhecimentos?
R - Os prémios que me têm sido atribuídos são o reconhecimento do mérito do meu labor no âmbito da cultura portuguesa e têm sido um estímulo para o prosseguimento desse labor.
R - Como recebeu o Prémio Camões deste ano?
R - Com júbilo e profunda emoção.
P - Camões continua a ser a sua grande paixão?
R - Continua e continuará.
P - Revelou recentemente que está a rever a sua ‘Teoria da Literatura’. Quando terá essa empreitada concluída? Que acrescentos terá essa sua obra?
R - Estou a reescrever a minha Teoria da Literatura, porque a edição actual tem escassa informação e reflexão sobre as orientações pós-estruturalistas.
P - É crítico do chamado Novo Acordo Ortográfico. Pensa que ainda faz sentido revertê-lo?
R - É necessário e urgente proceder a uma revisão fundamentada e equilibrada do chamado acordo ortográfico.
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