9.05 horas. A Braga ainda está estremunhada, ensonada da noite longa da festa, do branco que pintou a cidade. Muita dela ainda dorme e nas terras altas do Minho já a natureza crua faz das suas. À medida que começamos a subir em direcção à Casa da Tojeira, nas terras de Basto, zona que em séculos antigos foi até abrasonada, as nuvens dançam com os pinheiros, ao nível da estrada. O sol, num esforço titânico, tenta planitinar os céus, lutando contra pingos ligeiros de chuva e essa deliciosa neblina. Ao longe vão-se avistando algumas casas, quase todas em brancos, que apenas se percebem quando os raios lhe tocam. São as primeiras notas de Outono, acrescido do friozinho que já marca as manhãs e as noites. É Setembro a setembrar…
Casa da Tojeira. Uma história imperdível. Reza a lenda que um tenente do exército português solteiro e sem filhos, chegou um dia a um café a Guimarães, viu a sua proprietária grávida e disse-lhe se a criança que ela trazia consigo fosse um rapaz que ele seria o padrinho. Foi assim, que como único herdeiro,
Dos quartos com camas pequenas e carregados de religiosidade, da sala de armas, da pequena capela com três trabalhos em azulejos, do salão de jogos para os homens fumarem o seu charuto, à sala de chã, onde as mulheres trocavam impressões, a uma cozinha regional, com um forno de lenha e bordados da zona de Guimarães, das referências vínicas passadas, os antigos lagares e até um caixão de uvas, toda a Casa da Tojeira é um museu imperdível.
Na vinha são mais de uma uma dezena de castas plantadas. Ali, ao lado Casa, há vinte hectares numa encosta ligeiramente acentuada, mas há também a vinha de Vilar. Castas da região, mas também internacionais. Em prova estiveram oito vinhos. O azal conquistou, tal como os vinhos mais complexos. Destaque para o Tojeira 2020, que está perfeito e os sabores terciários do 2017, uma fantástica surpresa. Para fechar um brinde com espumante Pinot Noir, sinal de despedida para outra paragem.
No total eram 14 os espaços aderentes, mas o Correio do Minho esteve em dois, duas realidades distintas. O?lado mais tradicional do Minho e a luxuosi- dade que esgota com turistas de vários pontos do globo. O?Monverde - Wine Experience Hotel é o Cristiano Ronaldo da região. Sem sombras de dúvidas. Sedutor, elegante, de fino trato. Há ali uma linhagem nas suas gentes, uma doutrina a partir do momento em que se entra nas suas portas. Uma visita às vinhas em pleno pôr-do-sol, um vislumbre para as vistas, os seus espaços, arquitectonicamente inseridos na paisagem, uma paragem para provar uma uva de vinhão já madura e prestes a ser vindimada tornou a visita num tónico perfeito para aquilo que se iria seguir:?um jantar vínico de eleição. Amuse-Boche de mozarela, bacalhau com gelado de pimenta rosa, uma ida ao mar, uma visita à uma quinta de patos, ambos os pratos com legumes saídos da horta e no final imperou um gelado de baunilha negra. Ah! Os vinhos? Provar o 4 barricas é tocar nos céus. E fechar com um sweet tentations é o melhor convite para voltar a repetir a visita. Sim, porque na região dos Vinhos Verdes, fica sempre o convite para voltar. As portas parece que nunca se fecham. Às vezes sentimos que estão sempre abertas...