Morreu Pinto da Costa
2024-12-26 às 06h00
Artur Jorge vai ser hoje homenageado pelo município de Braga e pela FPF. Técnico viveu um ano memorável ao serviço do Botafogo e confessa ter superado as expectativas. Numa conversa com o Correio do Minho diz não viver agarrado ao passado e não sentir mágoa pela forma como saiu do SC Braga.
Tem o nome escrito na ‘glória eterna’ de uma das maiores competições mundiais de futebol e as imagens daquela partida épica disputada em Buenos Aires, na Argentina, a 30 de Novembro, retratam bem aquilo que Artur Jorge diz ter vivido: “foi o jogo das nossas vidas”. Numa época memorável ao serviço dos brasileiros do Botafogo, o treinador bracarense confessa ter sido um ano que superou as expectativas e que fechou com chave de ouro com a conquista da Taça Libertadores e do campeonato ‘Brasileirão’. Emoção extrema é a palavra que encontra para definir o que viveu e, numa conversa com o Correio do Minho, lembra que não vive agarrado ao passado, depois de ter saído do SC Braga com a sensação de que não foi reconhecido.
Correio do Minho: Como é que têm sido estes dias de regresso a casa?
Artur Jorge: Têm sido, sobretudo, dias de poder desfrutar e desacelerar de todo um ano e uma época muito intensos, é um sentimento de dever cumprido. As conquistas que conseguimos valorizam tudo aquilo que foi uma aposta pessoal num projecto que acabou por ser de grande felicidade para todos nós.
CM: Tem recebido muito carinho dos bracarenses?
AJ: Tem sido muito curioso até porque o que tem sido a afectividade das pessoas. Nas minhas saídas aqui em Braga tenho tido sempre abordagens de gente de Braga que acompanhou o trajecto do Botafogo, mas também muitos contactos de brasileiros que cá vivem e me abordam para falar um pouco sobre a época, sobre o que conseguimos conquistar e para dar os parabéns. Tem sido muito curioso esta última semana.
CM: Neste regresso voltou algum sentimento de uma certa mágoa, depois de todo o processo da saída do SC Braga?
AJ: Não…vejo as coisas muito no presente e no futuro. Olho para o caminho que faço por mim, pelos objectivos que para mim crio. A minha filosofia é nunca valorizar ou estar preso ao passado.
CM: Já revelou que não recebeu os parabéns do presidente António Salvador…estava à espera?
AJ: Tive muita gente do SC Braga que me deu os parabéns, que me tem cumprimentado e parabenizado pelo percurso no Botafogo. Ninguém tem que o fazer obrigatoriamente. Fez e faz quem quer. Não tenho mágoa por quem não o fez. Mas é bom este reconhecimento de quem o fez.
CM: Olhando para trás, o Artur Jorge de há um ano imaginava chegar onde chegou?
AJ: Foi um ano que superou muito as minhas expectativas. Quando fui convidado para este projecto, entendi que era o projecto certo para mim. Nunca coloquei em causa a decisão…A ambição e dedicação que levei para arrancar este projecto no Botafogo ia com expectativas e tinha metas que queria atingir, mas confesso que a forma como as duas conquistas ocorreram superaram, a Copa Libertadores inédita e o título 30 anos depois valorizam o emprenho, o trabalho, a dedicação que diariamente fui pondo no meu trabalho, sempre sabendo que acabou por acontecer o que poderia ser uma meta a dois ou três anos. Mas foi conseguida no primeiro ano, o que valoriza muito mais as duas conquistas, porque são competições duríssimas, com fortes candidatos, fazendo com que tudo valesse a pena. Agarrei uma oportunidade única e que não tenho dúvidas que seria o passo certo na minha carreira desde o primeiro momento disse que era aquilo que eu queria, nunca tive dúvidas disso.
CM: Que momento desta época vai ficar gravado como o mais especial?
AJ: A final da Libertadores, sem dúvida. Dentro de uma série de jogos, em que fizemos uma temporada brilhante. Não sei se cá chegava tanto esta informação, mas fomos reconhecidos como a equipa com mais qualidade e que melhor futebol praticava na América do Sul, com um desempenho sempre muito bom e uma performance muito boa. Há jogos que nos marcam, sobretudo pelo contexto. O jogo da final já por si seria histórico para todos nós, era a primeira vez que disputávamos uma final da Libertadores e o contexto para vermos o que tivemos que fazer para vencer mesmo com dez desde o primeiro minuto, nunca perdemos o nosso foco de vencer.
CM: É impossível ficar indiferente às imagens do Artur Jorge no final do jogo, naquela explosão de alegria, lágrimas e até a queda no relvado…alguma palavra para definir aquele momento?
AJ: Emoção. Emoção extrema. É a palavra que define tudo o que vivi. É um descarregar de emoções, de tensão, para um feito que é enormíssimo, é a primeira final do Botafogo na Libertadores e a nossa enquanto equipa técnica. E vencemos. É uma competição muito forte e conseguimos ser melhores do que todos.
“Nesta altura, todos os cenários são possíveis”
CM: É uma final que na Europa podemos comparar à Champions?
AJ: Sim, é uma competição, claramente, comparável à Liga dos Campeões europeia, não tenho dúvidas. São os melhores clubes, com um elevado grau de dificuldade. É seguramente a maior prova de clubes a nível das Américas. É um título que nos enche de orgulho, enche a alma e nos faz ficar, como diz o slogan da prova, na glória eterna de uma competição muito apaixonante.
CM: Qual foi o segredo da equipa para esta época de ouro?
AJ: Acima de tudo, nós equipa técnica, tivemos a capacidade de nos adaptar muito ao clube, nós não fomos nem mais nem menos do que todos os apaixonados e torcedores que queriam as vitórias. Encai- xámos muito bem com o grupo de trabalho, criámos uma empatia muito forte com o grupo e com a torcida, um grupo de uma grande humildade e ajuda. Ao fim de duas/três semanas estávamos a sentir como se lá estivéssemos há já muitos anos e tivemos a possibilidade de criar uma dinâmica muito forte, uma mentalidade ganhadora e uma exigência que assumimos, sempre muito mais interna e pessoal de nós próprios para fazermos um ano que não poderia ser só bom, mas que tinha que ser extraordinário. Com alguns ajustes o plantel ficou muito à nossa imagem.
CM: E em termos pessoais como foi a adaptação a uma cidade como o Rio de Janeiro?
AJ: Foi uma adaptação rápida, numa rotina muito reduzida a um dia-a-dia de casa-trabalho. Mas não deixei de visitar os pontos mais turísticos do Rio de Janeiro, da cidade, onde fui sempre muitíssimo bem recebido desde os primeiros dias em que deixámos de ser anónimos, sempre com muita gentileza e afecto. Apesar dessa rotina de trabalho não me privei de ir à praia, de fazer passeios pela cidade e poder ir a restaurantes. Contudo, o meu dia era passado quase na totalidade no centro de treinos.
CM: E o futuro? Muita tinta tem corrido - sendo o assunto do momento no panorama desportivo brasileiro - sobre possíveis interessados e abordagens, incluindo um clube português…
AJ: Não quero falar do futuro, mas, neste momento, tanto eu como os jogadores estamos na chamada Lei de Mercado, temos contrato com o Botafogo até Dezembro de 2025 e, nesta altura, todos os cenários são possíveis.
CM: Alguma mensagem especial para os bracarenses nesta época natalícia?
AJ: Para todos os bracarenses e portugueses em geral aproveito para desejar umas festas felizes. Sentimos com mais saudade quando estamos fora e regressar e sentir o carinho é muito importante para nos sentirmos em casa. É o meu desejo, que todos se sintam em casa.
CM: E para o novo ano de 2025, algum desejo especial?
AJ: No novo ano, desejo a possibilidade de continuar o meu caminho de sucesso, sabendo sempre que o sucesso dá muito trabalho e que o nosso limite nunca é o que atingimos, é sempre mais além e depende sempre só de nós próprios.
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