Ó meu São João de Braga
És de Braga e és braguez
Cantemos o São João
Cantemo-lo outra vez!

Ainda a procissão das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas vai no adro na cidade de Braga, sede das comemorações e onde o Presidente da República marcou a sua presença nas cerimónias oficiais, já o S. João deu o ar de sua graça.
O São João de Braga está de volta às ruas. Este ano, o programa promete, pois inclui sete cortejos, sete exposições e quatro concursos, designada- mente de doces sanjoaninos, de cascatas, de farturas e de desenho.
Como novidade, aponta-se o lançamento da reinterpretação do cancioneiro sanjoanino bracarense “São João hoje”, que revisita e dá nova roupagem às cantigas alusivas às festividades, sob a batuta do músico "da casa" Daniel Pereira Cristo.
A luz sanjoanina, que é visível aos olhos do corpo e da alma, aquece-nos o peito de uma maneira especial. O São João de Braga traz com ele o “Faça-se luz”, aquele que cuida das memórias e das respirações da cidade que ilumina. A luz que tem o poder de transformar as coisas, que vêm da terra fértil e quente do coração de Braga, em coisas deliciosas que nos fazem sentir ligados a este momento como podemos ecoar no belo e perfumado Hino de S. João:

Ó meu São João Baptista,
A vossa capela cheira,
Cheira a cravo, cheira à rosa
Cheira à flor da laranjeira!

Repenica, repenica, repenica
Cantemos ao São João
Repenica, repenica, repenica
Cantemos com o coração […]

É também com esta luz que levantamos o véu para outra novidade “o novo carro dos pastores", que vai substituir o que era utilizado há mais de sessenta anos.
Aquela que a organização aponta como "a maior concentração de bombos e cavaquinhos do país" e, ainda, o cortejo de gigantones e cabeçudos são outros números que darão cor às ruas de Braga.
Em Braga, no coração do Minho, a cultura e o património têm caraterísticas únicas que resultam dos acontecimentos históricos e da maneira de ser de um povo que foi aprendendo com o resto do país e do mundo e adaptando essas novidades à sua forma de estar e ao território.
Não será de estranhar que o S. João de Braga não seja apenas uma noite de festa, como afirmou recentemente o presidente do Município, Ricardo Rio, para vincar que as festividades se assumem como "uma marca de autenticidade" que mistura etnografia, cultura, música popular e tradicional e folia.
Por isso, vamos percebendo em cada canto da cidade quais são esses elementos que fazem parte da personalidade sanjoanina, bracarense e minhota.
Encontram-se em cidades, monumentos e paisagens que de uma maneira ou de outra contam, também, uma parte da história do mundo. E foram, por isso, classificados Património da Humanidade.
Como é sobejamente conhecido, a UNESCO já efetuou 25 classificações de Património da Humanidade, entre centros históricos, sítios arqueológicos, paisagens culturais, parques naturais e património intangível. Estes contributos portugueses para a história mundial são de visita obrigatória e um bom pretexto para conhecer o país de norte a sul.
Em Braga, o Santuário do Bom Jesus foi classificado em 2019.
O Santuário do Bom Jesus do Monte constitui um conjunto arquitetónico e paisagístico, onde se evidenciam os estilos barroco, rococó e neoclássico, tendo a sua construção sido iniciada no séc. XVI.
Citemos o refrão do Hino de Braga:
Os teus montes Sameiro e Bom Jesus /Bênçãos de graça e luz para os teus filhos são,/ Mas outros mais, que aqui a Fé conduz,/ Partir não vão sem graças celestiais.
Reafirmo, assim, com amor por esta terra que me acolheu há mais de quatro décadas, um dos traços mais importantes da alma bracarense, cantando ao som de uma viola braguesa: