Anova composição da Comissão Europeia (Comissão), anunciada em setembro de 2024, reflete uma série de desafios e ambições para a próxima fase da União Europeia (UE). Presidida novamente por Ursula von der Leyen, a Comissão enfrenta um contexto global complexo, marcado por tensões geopolíticas, desafios climáticos e a necessidade urgente de inovação tecnológica.
A paridade de género foi uma das grandes bandeiras de von der Leyen desde o início do seu mandato anterior, mas a nova composição ainda não atinge esse ideal. Apesar do esforço, apenas 40% dos comissários são mulheres, uma melhoria em relação à proposta inicial dos Estados-Membros (EM), que apresentava apenas 22% de candidatas femininas. No entanto, para compensar essa disparidade, von der Leyen decidiu reforçar a presença de mulheres em posições de destaque, com quatro das seis vice-presidências executivas?.
Essa decisão, embora seja um passo importante, continua a evidenciar as dificuldades da UE em alcançar a igualdade de género plena nas suas instituições. O fato de ter sido necessário um esforço extra para elevar o número de mulheres na equipa aponta para resistências internas nos próprios EM, uma vez que eles são responsáveis por propor os candidatos.
Destacar que a nova equipa de comissários traz mudanças significativas em áreas prioritárias. Entre as novidades, destaca-se a criação da pasta da Habitação, que será ocupada pelo dinamarquês Dan Jørgensen. Esta decisão é particularmente relevante num momento em que as questões habitacionais e a acessibilidade são preocupações crescentes em muitos países europeus?.
Destaca-se ainda a fusão das pastas de Tecnologia e Segurança, uma medida impulsionada pela guerra na Ucrânia e pela crescente ameaça cibernética, especialmente vinda da Rússia. A finlandesa Henna Virkkunen, que assumirá esta área, traz um sim- bolismo particular, visto que a Finlândia faz fronteira com a Rússia, tornando a segurança digital e de fronteiras uma prioridade geopolítica para a UE?.
Portugal também tem um papel destacado na nova Comissão, com Maria Luís Albuquerque a ser nomeada comissária responsável pelos Serviços Financeiros e pela União de Poupança e Investimento. Esta pasta é crucial para o futuro económico da Europa, pois envolve a consolidação do mercado de capitais e o incentivo ao investimento privado, áreas vitais para o crescimento e a inovação tecnológica na região?.
Salientar que a nova Comissão enfrenta um ambiente global em rápida transformação, marcado pela guerra, pela crise energética e pelo avanço tecnológico acelerado. A fusão de pastas, como as de Segurança e Tecnologia, reflete uma tentativa de responder de forma integrada a ameaças modernas que transcendem fronteiras físicas, como os ataques cibernéticos e a espionagem digital.
Além disso, a pasta de Serviços Financeiros, agora nas mãos de Maria Luís Albuquerque, será central para impulsionar o cres- cimento económico da UE, especialmente num momento em que a competitividade global está sob pressão. A transição para uma economia mais verde e digital também será um dos eixos centrais da Comissão, com a continuidade do Pacto Ecológico Europeu e o impulso à transformação digital, setores que irão demandar grande capacidade de coordenação entre os EM.
Em suma, a nova Comissão é o resultado de um delicado equilíbrio entre diferentes interesses nacionais, políticos e de género. Sob a liderança de Ursula von der Leyen, a Comissão tem a responsabilidade de guiar a UE num momento de grande incerteza global.
A diversidade da equipa e a aposta em áreas-chave como habitação, tecnologia e serviços financeiros mostram uma tentativa de responder às necessidades emergentes da população europeia. No entanto, resta saber se a composição atual terá a coesão necessária para enfrentar os enormes desafios à frente e cumprir as expectativas dos cidadãos europeus.