Não são só memórias
Ideias Políticas
2023-09-05 às 06h00
Inicia-se um novo ciclo na vida dos novos estudantes universitários com o arranque do ano letivo 23/24. Só na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior foram colocados cerca de 50mil novos alunos. E para muitos ir para universidade significa mudar de vida: sair da casa dos pais rumo a uma outra cidade onde ainda ninguém conhecem. Um dos primeiros passos a dar nesta volta de 360 graus passa por procurar quarto para arrendar, o que se tem revelado um desafio cada vez mais difícil e dispendioso. Em Portugal, a oferta de quartos para arrendar caiu 14%. Em Portugal, a oferta de quartos para arrendar em setembro de 2023 caiu para 2892 quartos face aos 3347 do ano passado, mostram os dados mais recentes do Observatório de Alojamento Estudantil. E este desequilíbrio fez subir os preços dos quartos para arrendar em 10,5%.
Depois de terem superado a primeira prova de fogo e entrado no ensino superior, os novos estudantes universitários têm, agora, outros desafios pela frente. E um deles passa mesmo por arrendar um quarto numa casa partilhada a um preço que as famílias consigam suportar. Isto é especialmente importante num contexto em que a inflação tem pressionado os orçamentos familiares em diversas frentes: desde a subida dos preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis ao aumento das prestações da casa para quem paga hoje créditos habitação com taxa variável e indexada à Euribor.
Os dados mais recentes do Observatório do Alojamento Estudantil não trazem boas notícias para os alunos do ensino superior: os quartos para arrendar em Portugal são cada vez menos e estão mais caros. A oferta privada de alojamento para estudantes vem a diminuir consideravelmente de ano para ano. Também o preço médio dos quartos para arrendar em Portugal subiu 10% entre estes dois momentos, fixando-se em 349 euros.
Porque é que a oferta de quartos para arrendar está a descer e os preços a subir?
Os quartos para arrendar já não são procurados só por estudantes. Dado os elevados preços das casas para comprar e para arrendar no país, há pessoas que vêm no arrendamento de um quarto a única opção para ter um teto.
Arrendar quartos é, hoje, uma opção, além dos estudantes, para as pessoas que procuram alternativas aos elevados custos das casas para comprar e para arrendar, como é o caso de:
Jovens profissionais;
Solteiros;
Divorciados;
Desempregados;
Pessoas com salários baixos.
Mas não só. Parte do Alojamento Estudantil tem sido convertido também em Alojamento Local. Isto porque com o aumento do turismo, muitos proprietários terão decidido que fica mais vantajoso arrendar a turistas. Plano Nacional de Alojamento Estudantil: como vai aumentar a oferta de camas?
Do lado do público está em marcha o Plano Nacional de Alojamento Estudantil (PNAES), que disponibiliza 375 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para criar mais 15 mil camas em alojamentos para estudantes do Ensino Superior até ao primeiro trimestre de 2026, duplicando, assim a atual oferta de camas para estudantes no setor público.
Tudo isto seria crucial ser realizado o mais rapidamente possível, se deste Plano Nacional de Alojamento Estudantil não existissem já uma serie de fracassos, vejamos:
O então Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, afirmou que o PNAES duplicaria a oferta de alojamento para estudantes do ensino superior na próxima década, criando no período 2019-2022 cerca de 12 mil novas camas, distribuídas por todo o território nacional.
No final de 2022, segundo informações do PNAES, existem 15.073 camas em residências públicas. Hoje, ao fim de 5 anos, o mesmo Governo que tem como objetivo chegar a 2026 com 30 mil camas na rede pública de residências, ainda não conseguiu aumentar a oferta, continuando o País com a mesma oferta de 15 mil camas públicas que tinha em 2018. Já só faltam dois anos e 3 meses para 2026 e continuamos bem distantes das 30 mil camas desejadas.
A cada ano que passa mais o problema se agrava, mais jovens abandonam o Ensino Superior devido à impossibilidade de suportar os atuais valores de arrendamento, sendo assim o seu futuro condicionado.
Não existe maior elevador social que a formação dos nossos jovens. Limitar o Ensino Superior apenas aos jovens cujas famílias conseguem comportar rendas elevadas, como as que o mercado oferece hoje, é uma grava injustiça social. Os mais carenciados não podem ser excluídos de aceder a formação que lhes permita ascender socialmente.
28 Novembro 2023
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