O fim da alternância
Ideias Políticas
2023-01-10 às 06h00
Calisto é o protagonista de “A queda dum anjo”, de Camilo Castelo Branco. A narrativa camiliana conta a vida de Calisto como ponto inicial tendo em conta todo o trajeto político que em muito se assemelha com o trajeto do atual Secretário de Estado, Hugo Pires, que tal como Calisto se encanta por Lisboa abandonando as suas raízes.
Recentemente, devido a um cenário de instabilidade do governo, que treme por culpa própria, o arquiteto Hugo Pires foi nomeado Secretário de Estado do Ambiente demitindo-se do seu cargo de Vereador deixando, assim, bem vincadas as suas ambições e prioridades, defraudando os eleitores que nele votaram. Com esta nomeação de Hugo Pires, terá António Costa resolvido o problema do PS A e PS B no concelho de Braga?
Porém, fica difícil atribuir algum mérito ao arquiteto Hugo Pires pela sua nomeação, num cenário em que o atual governo treme após sete anos de desgaste político consecutivo, a que se acrescenta a sua descoordenação e um sentimento perigoso de impunidade. Hugo Pires alcança a Secretário de Estado mais por demérito do governo, que por mérito próprio.
Vejamos:
Trezentos mil euros depois de dinheiro público ter sido adiantado a um promotor para um centro "transfronteiriço", que o país desconhece, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, a custo, demitiu-se.
Quinhentos mil euros depois de uma indemnização atribuída a Alexandra Reis por uma empresa que custou aos contribuintes uma fortuna, e que despediu 25% dos seus trabalhadores, a secretária de Estado do Tesouro escolhida por Fernando Medina é demitida pelo ministro que a nomeou.
Com isto cai Pedro Nuno Santos, que resistiu ao decreto do aeroporto, não aguentou o lugar de ministro depois do dinheiro recebido pela secretária de Estado de Medina, e decide bater com a porta, mas Medina não.
O primeiro-ministro divide o Ministério e promove dois secretários de Estado do PS. O objetivo não foi trazer nada de novo quando ainda teria quatro anos pela frente.
Curiosamente, é numa altura de particular fragilidade política, em que se esperaria outra exigência ao chamamento político para o Governo, que António Costa decide privilegiar a estabilidade do PS, mais do que qualquer propósito de governação pública do bem comum.
Marcelo, que segura Costa após 12 saídas de governantes em nove meses, já não tem como evitar estreitar a porta da estabilidade.
Pelo meio, há um país que observa, que sente o peso da inflação, que enfrenta a subida da prestação da casa, e que quando precisa do Estado e o Estado lhe falha.
E se o PS falha aos eleitores que lhe atribuíram a maioria absoluta nas últimas legislativas, Hugo Pires falha com os eleitores bracarenses que o elegeram como vereador nas ultimas autárquicas, após a promessa de uma alternativa presente e próxima.
Assim se dá a fatídica queda do delfim que anunciei à cerca de um ano atrás neste mesmo espaço de opinião.
19 Março 2024
19 Março 2024
Com a sessão iniciada poderá fazer download do jornal e poderá escolher a frequência com que recebe a nossa newsletter.
Escolha as categorias que farão parte da sua página inicial.
Continuará a ver as manchetes com maior destaque.
Faça login para uma melhor experiência no site Correio do Minho. O Correio do Minho tem mais a oferecer quando efectuar o login da sua conta.
Se ainda não é um utilizador do Correio do Minho:
RegistoRegiste-se gratuitamente no "Correio Do Minho online" para poder desfrutar de todas as potencialidades do site!
Se já é um utilizador do Correio do Minho:
LoginSe esqueceu da palavra-passe de acesso, introduza o endereço de e-mail que escolheu no registo e clique em "Recuperar".
Receberá uma mensagem de e-mail com as instruções para criar uma nova palavra-passe. Poderá alterá-la posteriormente na sua área de utilizador.
Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos.
Deixa o teu comentário