Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Escreve quem sabe
2024-01-29 às 06h00
Desde os tempos universitários, enquanto frequentava o curso de Engenharia de Sistemas e a disciplina de Sistemas Inteligentes, que ambicionava saber mais sobre o conceito de «inteligência», nomeadamente, o que é, como se mede, que tipos existem e o que contribui para classificar um indivíduo, ou até mesmo um sistema, como inteligente. Este tema não é recente, mas a reflexão sobre ele é cada vez mais atual e pertinente.
O conceito de «inteligência» tem sido estudado pela ciência, e também pela psicologia, desde há longínquos anos a esta parte. Por ser um conceito complexo e bastante abrangente, não existe uma resposta concreta para a pergunta «O que é a Inteligência?». Na semana passada li um artigo muito interessante de Arthur Jensen, antigo professor de psicologia na universidade de Harvard, datado de 1969. Retive-o na memória. Neste texto, procura-se explicar o conceito, através da realização de alguns testes com crianças. Numa dessas experiências, o autor toca levemente entre as omoplatas dos participantes, procurando desenhar uma letra do alfabeto. As crianças respondem tratar-se, de facto, de uma letra. Sem que tivessem sido alguma vez expostas a um estímulo idêntico, os resultados obtidos nesta experiência remetem, então, para a existência de um mecanismo central, ou base de conhecimento simbólico, que possibilita que essas crianças consigam dar um correto significado a um evento desconhecido. Neste caso, fazem-no através da abstração e comparação entre a nova experiência, tátil, com experiências passadas, neste caso o conhecimento prévio visual do alfabeto.
No seguimento desta curiosa leitura, aproveitei para folhear um pequeno livro de Roberto Colom que repousava na prateleira lá de casa há algum tempo. Este livro aborda temas variados da psicologia. Menciona, por exemplo, uma teoria elaborada pelo psicólogo Howard Gardner, denominada por «inteligências múltiplas». Gardner sugere a existência de, pelo menos, oito tipos de inteligência inatas ao ser humano. Acrescenta, ainda, que todos eles poderão ser potenciados mediante os diferentes estímulos aplicados ao longo do tempo.
Em tempos encontrei-me com Daniel Goleman e cruzei-me com Damásio. Ambos me encaminharam para a inteligência emocional e para os complexos meandros do cérebro. Aprendi com ambos a outra face da moeda, que o ser humano é um ser pensante e emotivo, daí que possua uma capacidade especial, incapaz de se espelhar numa máquina na sua totalidade. Durante os meus primeiros anos como profissional na área da engenharia, lidei com mecanismos que permitiam obter informação para a melhoria na tomada de decisão de retalhistas. Por me interessar pelo poder dos dados e pelos avanços na tecnologia, e reconhecendo também na prática a sua relevância para as organizações por onde fui passando, sempre acreditei que a inteligência artificial se tornaria uma arma muito poderosa e perigosa para as economias mundiais.
Na realidade, parece-me que quer Gardner, quer Goleman e Damásio se debruçam sobre um tipo de inteligência muito particular – a emocional (no caso de Gardner, intra e interpessoal) - e que este constituirá um verdadeiro desafio para a inteligência artificial. No meu entendimento, reconhecer padrões, cál- culos e raciocínios lógico-matemáticos, bem como gerar novo conteúdo escrito, são mecanismos que a máquina já consegue auxiliar e até mesmo substituir o ser humano. Contudo, será a máquina capaz de refletir sobre si, de identificar, reconhecer e gerir as suas próprias emoções? Terá a capacidade de identificar, reconhecer e lidar com as emoções de outras máquinas ou pessoas?
*com JMS
10 Outubro 2024
08 Outubro 2024
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