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Uma ceia de Natal diferente

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Uma ceia de Natal diferente

Ideias Políticas

2023-12-26 às 06h00

Inês Rodrigues Inês Rodrigues

O Natal é a melhor quadra do ano. À volta da mesa, da lareira ou do sofá, todos os problemas do mundo se esvancem num ritual de partilha, paz e harmonia. Aproveito esta quadra para desejar que o Natal de todos tenha corrido da melhor forma, desejando sinceramente, que os valores do espírito natalício perdurem por todos os dias.
Hoje trago um exercício diferente, com uma ceia de Natal diferente, em que cada um dos partidos é um ingredientes da mais importante de todas as mesas.
O Partido Socialista seria o bacalhau - é o prato principal da mesa de natal e é o fiel amigo dos portugueses (dizem que somos dos povos do mundo que mais consome bacalhau). Há quem não goste muito - é normal e nem a mesa a de Natal consegue ser 100% consensual. É importante reconhecer que o bacalhau é um peixo rico em proteína, vitaminas e com um baixo teor de gordura. Sabe mesmo bem, como nenhum outro peixe.

O Partido Social Democrata seria o polvo. Aparentemente podia ser uma alternativa ao bacalhau e mesmo sendo o preferido de muitos portugueses é mais caro que o bacalhu porque tem braços para tudo. A última vez que foi o protagonista principal da ceia de natal foi um braço para o 13o mês, um braço para o Subsídio de Natal, uma braço bem grosso para o fim dos feriados e outro braço ainda serviu para privatizar tudo e mais alguma coisa. Se com quatro braços se fizeram todas estas coisas, imaginem se comessemos os quatro que ainda faltam.
O PCP entraria na sobremesa e seria uma travessa de formigos. Os formigos são um clássico, são feitos pela tia que não partilha a receita e sabe-a de cor. É uma receita intemporal que não se altera já vão décadas. Mesmo assim, mesmo parecendo antiquado, há quem faça questão de o colocar na mesa.

O Bloco de Esquerda seria uma garrafa de vinho. Não importa se é Verde ou Alentejo, importa que não há mesa portuguesa sem vinho, mesmo que nem todos gostem, toda a gente concorda que faz falta, se bebericado com moderação.
A Iniciativa Liberal seria o Caviar. Não faz parte da mesa de Natal, mas há sempre alguém que faz questão de impor a sua presença. Podem invocar a meritocracia para justificar a sua presença à mesa de Natal e é normalmente trazido porque quem gosta de ostentar, uma vez que não é para todos os bolsos.

O Chega seria um bolo-rei. As cores, a excentricidade, a amalgama de ingredientes misturado com frutas cristalizadas. Faz no próximo ano 50 anos que já ninguém gosta de frutas cristalizadas. Gosta de ocupar um lugar no centro da mesa e até há quem o coloque mais elevado, quase em bicos de pés. No fim do Natal ninguém lhe tocou - dizem que só serve para torradas (mas nem para isso).
O Livre seria o arroz doce, normalmente não se faz muito, porque não é assim tanta gente a conhecer a iguaria natalícia, é pena pois como sobremesa não compromete.

O PAN é o tofu, mas no ano passado foi o seitan. Há quem considera que deva começar a substituir o bacalhau, mas com tantas oscilações esqueceram-se de o trazer para a mesa.
Feliz Natal com liberdade, com alegria, mas sobretudo com o humor. O humor que caracteriza as nossas mesas de Natal. Que sejamos sempre natal, todos os dias. Que 2024 seja um ano de estabilidade, crescimento e que seja o ano em que invoquemos, mais do que nunca, os valores de Abril.
Desejo a todos um resto de um Feliz Natal e um Excelente 2024 (e que não falte bacalhau!).

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