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Braga, sábado

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Um país de ‘Huguinhos’

Integridade no Futebol: Um Compromisso com a Ética e a Verdade Desportiva

Ideias

2014-11-21 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Tidos como políticos e videirinhos, e também conhecidos por outros nomes como ‘Carlinhos’, ‘Zézinhos’, ‘Manelitos’, ‘Ritinhas’, ‘Rosinhas’, ‘Quinzinhos’, etc., e tudo o mais terminado em ‘inho’, é de todo incontestável que Portugal foi invadido por tais ‘huguinhos’ desde Abril de 1974, preenchendo e ocupando lugares e cargos nas administração e governação pública, e seus anexos. Como no parlamento, que aliás é o maior circo de um mediatismo ridículo, palavroso e chocante, para já não aludirmos às autarquias, administrações de empresas públicas ou tidas como tais, institutos, bancos, etc., etc., e ainda às altas autoridades, aos comissários e aos representantes disto e daquilo.
Conhecendo nós alguns desde que usavam calções e tinham ranho no nariz, aliás não se sabendo muito bem como, onde e de que modo granjearam títulos académicos, conhecimentos, competência e dons de sabedoria, a grande e inelutável realidade é que tais ‘Huguinhos’ vivem e se aproveitaram sempre do poder, de influências político-partidárias e do seu ‘engajamento’ na classe e família dos ‘boys’ para subir na vida e em projecção sócio-económica. E de tal modo, reconheça-se, que sempre se vêem e vêm passeando pelos ‘corredores’ dos ‘palácios das decisões’ de mãos dadas com personalidades tidas por importantes para o país e seu futuro. Aliás tais ‘Huguinhos’, sempre surfando no ‘mar’ dos ‘VIPs’, vêm arrastando, como meros bonecos, aqueles meios de comunicação social reconhecidos como bajuladores, obedientes e ‘companheiros de luta’, e tudo isto numa perversa promiscuidade. Uma espécie, admita-se, que prolifera em tudo quanto cheire a poder e dinheiro, o que abunda sobretudo na capital, sendo de tal modo reconhecida a sua perversa, nefasta e perigosa contaminação, e consequente contágio, que não resistimos a contar o que um amigo nosso dizia quando questionado sobre a sua ida à capital : “Sim, ... estive lá em serviço mas podem estar descansados que já tomei banho!”. Um mimo como anedota!...
Simplesmente isso de piadas e do banho são tão só meras balelas e palavreado porquanto quem continua a tomar ‘banho’, e todos os dias, é o povo que de modo nenhum pode estar sossegado e calmo com os ‘huguinhos’ que nos vêm enfrentando e... “dando banho” com taxas, impostos e mais medidas sempre ‘embrulhadas’ num palavreado balofo, mentiroso, eleiçoeiro e de feirante vendedor da ‘banha da cobra’, e ... muito naturalmente, “comendo-nos as papas na cabeça”. Até porque não é possível de modo nenhum estar-se sereno, sossegado, calmo e confiante quando se sabe que o “País vai gastar 7,4 milhões em campanhas eleitorais” (título do JN de 17.10.14), como resulta do orçamento da AR para 2015, ascendendo tais campanhas a “7 432 062 euros, a que acrescem 1 709 173 para o funcionamento da Comissão Nacional de Eleições (CNE)” (id.), anotando-se ainda que “1,4 milhões de euros estão orçamentados para despesas de deslocação e alojamento dos deputados em viagens e estadas (...) 2,3 milhões de euros estão previstos para pagar serviços técnicos prestados por outras entidades e que a AR não pode assegurar” sendo ainda de se referir que só (!) “36 milhões de euros vão ser gastos em despesas com pessoal”.
Tudo isto no que se reporta à sustentação, manutenção e capitalização dos ‘Huguinhos’ e dos demais ‘boys’ que nos vêm governando (e também divertindo, diga-se, com as suas ‘palhaçadas’) num parlamento que continua demasiado obeso e disforme para a pequenez do país que somos, sendo de todo inquestionável tal ‘obesidade’ numa administração pública que desde há muito reclama e exige toda uma contenção, uma reforma de quadros e do sistema, uma diminuição de pessoal e toda uma redução no domínio e áreas de interferência limitadora e condicionante da própria vida dos cidadãos, o que não deixaria de determinar uma consequente diminuição das despesas públicas. Claro que não desconhecemos nem ignoramos as reacções negativas e os clamores bramados contra pelas instâncias partidárias, certos partidos e os profissionais da política quanto a qualquer alteração do sistema e das leis que possa envolver e acarretar uma redução dos lugares de ‘encaixe’ dos seus boys, amigos, compadres e ‘homens de mão’ no aparelho político do Estado, que aliás tem vindo a ser uma ‘albergaria’ e ‘asilo’ para todo um clientelismo já enraizado no país, como é de todos sabido. Um clientelismo de ocasião e de oportunismo, mas sobretudo de conveniência e de compadrio!...
Mas isto é a democracia que vimos tendo, em que verdadeira e realmente não é possível dizer que o poder é do povo, por mais e muito que se cante um ‘Grândola Vila Morena’. Na realidade é de todo incontornável que quem vinga, dirige, e domina o país, ‘governando-o’, é todo um já estafado mas enraizado esquema político-partidário em que as acções, leis e os interesses obedecem apenas e seguem os ditames dos programas e fins do ou dos partidos no poder, alterados e modificados temporariamente segundo os ‘alcatruzes’ das eleições e a necessidade de obtenção do poder. Dando-se assim azo a mudanças de ‘boys’ e de ‘huguinhos’, e ao pagamento de promessas e de favores, como aliás temos vindo a assistir desde há muito, numa vivência de uma cada vez mais perversa partidocracia em que o poder do povo se foi ‘encaixotando’ em partidos, e deteriorando-se de uma forma clubista, inconsciente e até estúpida.
Um ‘povo’ que se consegue sempre iludir e ludribiar, deitando-se “poeira para os olhos” com as sempre proclamadas e afirmadas ‘eleições’ e ‘referendos’, onde se esbanja o dinheiro que não se tem e se agravam as despesas do Estado, sendo que tais ‘meios’ ditos democráticos de manifestação da vontade de um povo acabam sempre por ser inquinados e perversamente contaminados por todo um palavreado eleiçoeiro, de embuste, de mentira, de promessas que não se cumprem e de utopias oportunas e de conveniência. Os resultados finais, diga-se, longe de corresponderem verdadeiramente à vontade real e querida de um povo, mais não são do que ‘arranjos’ dum querer ocasional, fortuito e de momento deste e daquele partido para alcançar o poder e assim poder alojar e acolher os seus boys , ‘huguinhos’ e outros ‘inhos’, como, diga-se, se havia prometido e anunciado nas campanhas, tendo 25 de Abril mentirosamente como pano de fundo.
Mas viva a revolução nesta partidocracia lusitana de “encher o olho” e os bolsos de muitos ‘Huguinhos’ e quejandos.

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