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Um guarda-chuva, por favor!

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Um guarda-chuva, por favor!

Ideias

2023-01-16 às 06h00

Álvaro Moreira da Silva Álvaro Moreira da Silva

Eis que o jornalista comunicou: “Catadupa sobre Braga”! Na semana anterior foi no Porto, como também já é costume. Avisos laranjas e vermelhos, casca- tas, devastações, ruas e casas inundadas, tampas soltas e bueiros entupidos, muros caídos, postes inclinados, deslizamentos e lama por tudo o que é canto. Já na próxima semana estima-se nova vaga de frio, suficientemente baixa para ressequir a pele. Preveem-se cinco graus negativos. Como é habitual nos nossos noticiários, parece que tudo representa o caos. Tudo serve para dramatizar. Para mim, estes destaques deviam servir para refletirmos profundamente sobre a necessidade de zelarmos mais e melhor pela natureza. Isso sim! Sobre esta temática já o alerta David Wallace-Wells, no seu livro “A Terra Inabitável”, dando uma opinião ousada e caleidoscópica sobre o clima, a ação do Homem e dos políticos, para além da futura habitabilidade na Terra.
Miro uma nesga de sol. Finalmente, parece que o pior já passou. Desligo a televisão e caminho até à rua do Souto. Infelizmente, durante o passeio, a chuva regressa impetuosa. Desta vez, sem anunciar. Rapidamente fiquei ensopado até aos ossos, à semelhança do personagem criado pelo escritor João Nuno Azambuja. Aproveitei para entrar numa loja de chineses, não fosse este tipo de lojas comerciais a salvação para muitas eventualidades semelhantes. Roguei desesperadamente por um guarda-chuva, não que me fosse valer já de muito. Paguei cinco euros e agradeci ao vendedor. Devolveu-me um sorriso, para além de um amistoso “obligado”.
Acho interessante a palavra guarda-chuva. Se é vendido com a finalidade de nos proteger da chuva, vejo o mesmo a acontecer noutras culturas com o objetivo de nos proteger do sol. Mas, se nos protege do sol não se deveria chamar guarda-sol? Talvez. Mas, o guarda-sol, segundo aquilo que o nosso povo estipulou, espeta-se na areia da praia ou coloca-se na esplanada do café para tapar o sol. Ponto final, não é verdade? Recentemente, numa das apresentações do seu recente livro “A gramática das coisas”, o professor e meu pai José Moreira da Silva explicava a palavra “fresco”. Segundo ele, a palavra pode servir dois propósitos. Em primeiro lugar, para representar a temperatura. Está um dia fresco, significa que está frio. Em segundo, poderá servir para representar algo quente, como o pão. Se o pão está quente, então está fresco. Achei interessante. Pelos vistos, parece que o fresco pode mesmo ser quente e frio ao mesmo tempo, tal como o guarda-chuva que tapa a chuva também o faz aos raios de sol. Guarda-chuvas-e-sóis à parte, o interessante no meio disto tudo é que em qualquer loja de chineses existem sempre este e outros produtos que se prolongam durante o ano todo. E se não existirem, porventura, na superfície principal da loja, tenho a certeza de que nos confins dos seus armazéns traseiros, encontrarão um qualquer para lho vender.
As alterações climáticas influenciam substancialmente a tomada de decisão no setor do retalho. A compreensão dessas influências só é possível se procurarmos entender as variabilidades do clima e o seu impacto nas vendas, ao longo do tempo. Dessa análise será mais fácil prever o que poderá suceder caso situações idênticas ocorram, nomeadamente em produtos altamente sensíveis, como o guarda-chuva. Daí que, no seio de qualquer organização retalhista, quer seja grande ou pequena, se deva incluir progressivamente esta matéria, procurando explorar os possíveis impactos na organização. Se qualquer retalhista tiver a consciência de que situações de chuva e calor extremos serão cada mais frequentes e imprevisíveis, poderá antecipar essas casualidades e abrir novas ja-nelas de oportunidade. Assim o fez o meu “amigo” chinês, quando me aliviou da molha, no exato momento em que suplicava por salvação.

*com JMS

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