Correio do Minho

Braga, sábado

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Um balde cheio (1)

Desigualdade no Mundo acentua-se

Conta o Leitor

2022-07-05 às 06h00

Escritor Escritor

Texto José Händel de Oliveira

Em Coimbra, depois de assistir a um dos espectáculos do ciclo de teatro que tinha lugar no Teatro Académico Gil Vicente, resolvi tomar um café no “Mandarim”, na Praça da República. Estava, divertido, a ler um cartaz que dizia que ali era proibido estudar, quando reparei na chegada do meu colega Pacheco que ofegante, subia as escadas, olhando várias vezes para trás, como temendo ser seguido. Sentou-se na minha mesa e depois de pedir um café e um copo de água, exclamou: - Artur, tu nem sabes o que me aconteceu! Curioso, pedi-lhe para que me contasse. Então, tragando o café de uma só vez e bebendo toda a água do copo, disse-me que no princípio da semana passada, quando saía da Associação Académica, onde jantara e maldizendo a chuva que caía, fora abordado por uma senhora, já de certa idade, vestida modestamente e que estava acompanhada por uma moça alta, bonita e elegante, que lhe perguntou se ali perto do Hospital havia uma pensão que não fosse cara. Cativado pelo sorriso da moça que vinha com ela e que vestia também com simplicidade, mas que deixava adivinhar umas formas tentadoras, conduzi-as até uma pensão, ali bem perto, onde eu era conhecido, desde os tempos que lá ficara, quando fizera os exames de admissão à Universidade. Pelo caminho, a senhora disse-me que se chamava Delfina e que a rapariga era a sua filha Esmeralda que no dia seguinte tinha um exame médico a fazer.
O trajeto não foi fácil pois a rua estava em obras, com a calçada levantada e amontoada pelo passeio, atravancando-o. Quase patinando sobre o piso escorregadio, chegámos à pensão, à porta da qual estava o proprietário e meu amigo, Sr. Ambrósio que, como é costume em Coimbra, me tratou por Dr. Pacheco e mostrou grande satisfação em me ver. Disse-lhe que aquelas senhoras pretendiam um quarto para passar a noite, tendo a D.ª Delfina acrescentado: - Mas que não seja caro.
O Sr. Ambrósio estava a dizer que se arranjava o que elas pretendiam, quando eu senti uma violenta pancada nas costas que me prostrou à entrada do corredor. Socorrido pelo Sr. Ambrósio e por um empregado, rapidamente me recompus, ficando a saber que fora atingido por um paralelo que um autocarro pisara ao passar em frente à pensão, projetando-o no ar e que me veio atingir nas costas. Embora combalido, quis despedir-me e ir para casa, mas o meu amigo Ambrósio, não deixou, dizendo: - Era só o que faltava, depois do que lhe aconteceu e com o tempo que faz, não vai para os Olivais. Fica cá e não se preocupe com o pagamento que depois fazemos contas.
Resignado, aceitei e, a custo, subi até ao 2º andar da casa para ocupar o quarto que me fora indicado, dando-se coincidência daquele quarto ficar em frente ao da D.ª Delfina e da sua filha. Deitei-me sobre a cama e fiquei a pensar no que tinha acontecido e nos belos sorrisos com que a Esmeralda, repetidas vezes me contemplara. E eis senão quando, bateram levemente na minha porta. Ao abri-la, surpresa das surpresas! Era a Esmeralda que entrou de mansinho e começou a massajar.me as costas, perguntando-me se doía muito. Eu, apesar de deliciado com o trabalho das suas mãos, macias e quentes, perguntei-lhe pela mãe, tendo-me respondido que tinha ido à casa de banho que ficava ao fim do corredor. Quase sem querer, amaciando-lhe o bonito cabelo castanho que tinha e fixando-a firmemente nos seus belos olhos da mesma cor, murmurei-lhe a seguinte quadra: “São tão lindos os teus olhos

Quando se fixam nos meus
Dizem coisas, contam coisas
Ai Jesus, valha-me Deus”.

Ela, emocionada, beijou-me levemente uma das mãos e disse-me que mais tarde vinha ver como eu estava. Ao ouvir isso, perdi o sono e esperei ansiosamente pela vinda daquela adorável pequena. E isso não tardou muito a acontecer. Vinha em combinação, descalça. Quando me abraçou, perguntei-lhe pela mãe e ela respondeu-me que a mãe tomara, como habitualmente, um comprimido para dormir e não acordaria antes das 8 horas da manhã. Só te digo que os seus carinhos, os seus beijos doces e o facto de ter tirado a pouca roupa que vestia, proporcionaram-me uma louca noite de amor, em que até esqueci a dor nas costas.
(continua amanhã)

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