Mulheres Portuguesas no Quebeque – Caminhos de Liberdade
Ideias
2022-06-20 às 06h00
Por esta altura fala-se enfaticamente sobre a guerra e sobre o SNS. Para muitos, apenas a Ucrânia e os ucranianos merecem respeito e aplauso; para outros, a Rússia e os russos são os salvadores do mundo. Para uns, todas as evidências mostram que o SNS está em colapso e o Governo é incapaz de resolver o problema; para outros, o SNS é uma conquista inquestionável e tudo isto é uma campanha orquestrada para o derrubar e para atingir o governo. Estes são apenas dois exemplos desta absoluta divisão da sociedade em dois polos opostos que se fecham nas suas convicções. E com isto, nestas constantes discussões polarizadas, há cada vez menos espaço para posições moderadas ou pelo menos ponderadas.
A democracia e as instituições em que esta se baseia foram um dos grandes êxitos das sociedades modernas porque dispensavam o uso da força para chegar ao poder. A disputa não aconteceria por meio da violência, mas pela discussão de ideias e apresentação de propostas para melhorar a vida de todos. No fim, quem convencesse melhor os cidadãos e conseguisse mais votos chegaria aos postos de comando. Por essa razão, a democracia requer o respeito por regras comuns e o reconhecimento da legitimidade dos adversários, ou seja, que sejam tratados como competidores legítimos dentro de uma disputa igualitária.
A crescente polarização compromete seriamente o funcionamento da democracia. Por um lado, numa sociedade cada vez mais concentrada em lados radicalizados, os adversários são vistos como inimigos e, consequentemente, o diálogo é cada vez mais difícil. E, pior do que tudo, a transgressão das regras passa a ser justificada. Por outro lado, os que procuram manter-se fora desses dois lados, apresentando outras visões e ideias, ou mesmo quem defende que ambos os lados têm suas falhas e virtudes, não conseguem ser ouvidos. As alternativas que fogem às duas apresentadas acabam sempre invalidadas.
Esta tendência é promovida por aqueles que são favorecidos por ela. Políticos, partidos e grupos mais extremistas alimentam-se do descontentamento e intolerância da população para ganhar mais apoio. Isto porque as medidas extremas têm maior possibilidade de aceitação quando se vê o lado oposto como um inimigo a eliminar, ao invés de um concorrente no debate. Além disso, quanto pior este ‘inimigo’ parecer mais parece justificável quebrar as regras. As evidências parecem mostrar que a polarização favorece a ascensão de líderes populistas ‘iliberais’ com pouco apreço às normas de- mocráticas e às limitações de poder.
Até este ponto pode ter ficado a impressão de que esta tendência é irreversível mas isso não é verdade.
O convencimento através argumentos sólidos e baseado em factos é possível e as evidências e o conhecimento científico, cada vez mais abundante, podem ser usados e ter influência real.
Há estudos que mostram que uma forma eficiente de convencer quem tem opiniões discordantes não é o confronto, mas o uso dos valores da própria pessoa. Por exemplo, um conservador tem maiores probabilidades de aceitar uma proposta progressista se ela for formulada através de valores conservadores - e vice-versa.
Numa perspetiva ainda mais otimista, na grande maioria dos casos, as desavenças acontecem entre pessoas que têm boas intenções e buscam uma sociedade melhor. Ninguém deve ser considerado inimigo só por pensar de forma diferente e o mundo é complexo e não se divide de forma maniqueísta numa luta entre bem e mal.
19 Julho 2025
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