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Ser Dirigente no CNE - Desafios

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Ideias

2023-06-09 às 06h00

Margarida Proença Margarida Proença

Esta breve crónica de hoje é, sem dúvida, especulativa. O futuro pode ser sempre surpreendente, no bom ou no mau sentido. Ainda assim, numa altura do ano em que milhares e milhares de jovens fazem escolhas e tomam decisões que vão afetar toda a sua vida, vale a pena pensar um pouco sobre aquilo que são as grandes tendências na evolução da globalização e da tecnologia, da separação cada vez maior entre a localização da produção e do consumo, e também do mercado de trabalho. Bem sei que somos muito bons a tomar decisões no momento, a fazer aquilo que tem de ser feito quando as alternativas se esgotam, encontrando as soluções tantas vezes corretas quando o tempo se esgota, sempre capazes de nos “desencascarmos”. Comunhão entre tradição e cultura, o fado - enquanto destino, remete para o passado, para a saudade. Por isso mesmo, no nosso ADN, do português representativo, não estão inscritas as vantagens que decorrem da organização e de um planeamento racional e eficiente.

Ainda assim, corramos o risco. Por todo o mundo, as últimas décadas têm vindo a colocar novos desafios por novos caminhos para o futuro. Resultado óbvio de um progresso tecnológico cada vez mais marcado pela inteligência artificial e de um processo de globalização intenso que alterou profundamente as relações entre produção e consumo.
Quando as pessoas se deslocavam a cavalo, ou a pé, poucos produtos podiam ser transportados com lucro em grandes distâncias. Por isso, a produção tinha de ser feita perto dos consumidores, por isso fazia sentido o apego à terra.
Os custos de movimentação das pessoas e das ideias eram também elevados. Tantas vezes, quem emigrava, voltava apenas pontualmente, visitas rápidas que marcavam a memória dos anos.

Com o progresso tecnológico, com os comboios e os aviões, esses custos foram baixando cada vez mais. E isso desencadeou uma série de reações de causa-efeito, como Baldwin explicava muito bem por 2016. Os países mais ricos tornaram-se mais industrializados, investiram na educação, na ciência e no fomento de novas ideias e novas tecnologias. Compreenderam também as vantagens de tornar os mercados globais mais abertos e livres, alargando o número de potenciais consumidores.
Os países menos desenvolvidos tornaram-se menos pobres, mas cada vez menos ricos que os mais ricos. E com a deslocalização das atividades produtivas, ao longo das cadeias de valor, trabalhadores mais indiferenciados nos países mais ricos foram sendo substituídos no mercado de trabalho por outros, com características análogas, dos países mais pobres, permitindo entre outras coisas a importância crescente dos movimentos políticos populistas.
A revolução nas tecnologias de comunicação e informação reduziu de forma considerável os custos de circulação de ideias e de movimentação de pessoas e produtos.

O comércio internacional nos serviços tem vindo a acelerar rapidamente , em sentido contrário à evolução tendencial da produção de bens, ou mesmo partes e componentes.
A “revolução global das cadeias de valor“ veio permitir que as fronteiras do conhecimento se esbatessem entre os países, entre as pessoas. A par da robótica, o Covid 19 veio reforçar as alterações tendenciais do mercado de trabalho: maior sofisticação tecnológica, teletrabalho, “imigração virtual”.
Atualmente, os Estados Unidos, mas também na União Europeia e até na China, definem-se estratégias face a 2030 ou 2060: priorizar investimentos de longo prazo em inteligência artificial, assegurar a segurança e a sua eficiência, expandir as parcerias público-privadas para acelerar o desenvolvimento nessas mesmas áreas. Numa palavra, num tempo em que os serviços se tornam cada vez mais importantes, investir fortemente em ativos intangíveis na era da “globótica”: informática, inovação e competências económicas. Num mercado em que a tendência atual aponta para diferenciação na qualidade e na sofisticação, que permitam a flexibilidade que hoje os trabalhadores tanto procuram.

Se tivesse filhos em idade escolar, face à escolha de um percurso, falaria com eles sobre isto.

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