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STOP em nome dos alunos

26.ª Conferência Mundial na área da sobredotação, em Braga!

STOP em nome dos alunos

Ideias

2023-02-11 às 06h00

Vítor Oliveira Vítor Oliveira

Sentem-se à mesa, dialoguem o tempo que for necessário, cedam ou reivindiquem, mas entendam-se de uma vez por todas para que os alunos não continuem a ser os elos mais fracos de uma contenda que se arrasta há mais de um mês e que promete prolongar-se, mas que seguramente não aproveitará a ninguém.
As guerras, sejam elas quais forem, causam inevitavelmente vítimas. Esta é uma lição que a História nos dá. Não importa o tipo de conflito. Uma disputa causa danos! A vários níveis. Hoje, tudo o que dispensávamos era um ano letivo como este, depois de dois anos de aulas condicionadas por uma pandemia que afetou métodos de ensino e modelos de aprendizagem.
Protestos, marchas e greves têm estado a marcar o ano letivo. A união dos professores ganhou proporções que não deixam dúvidas sobre o estado de exaustão a que chegaram os profissionais da educação. E que, mesmo correndo o risco de perder a “simpatia” que há na opinião pública, não estão dispostos a cederem até alcançarem o que pretendem.
A culpa, porém, não será exclusivamente de António Costa. Será, antes, de um sistema de educação antigo, obsoleto, ultrapassado, com décadas, que não enaltece o papel formativo de um professor, cujo objetivo principal é ensinar, mas que na maior parte das vezes também educa, assumindo um papel complementar ao ambiente doméstico. E esse espírito de missão não se quantifica, nem tem preço. Valoriza-se. E reconhece-se.
É isso que está a faltar a António Costa: transformar uma crise numa oportunidade e ficar na história da Administração Pública e do Estado Português como o Primeiro-ministro que resolveu uma inquietação (legítima) dos professores – anos a fio reféns das regras de colocação, que provocam instabilidade familiar a quem acompanha, de perto, os filhos de outras pessoas, abdicando de ver os seus crescerem.
Para isso, Costa tem de “combater” como fez na pandemia: assumir efetivamente as reuniões com os 12 (!) Sindicatos e não delegar essa determinante tarefa no Secretário de Estado da Educação que, até há bem pouco tempo, era dirigente sindical da… FENPROF! O que ainda é mais estranho e contraproducente, por todos os motivos e mais alguns.
Dir-me-ão que poderá ser um trunfo nas negociações. Não creio. Por uma só razão. Em consciência, como vai António Leite negar, hoje, uma revindicação de um professor que ele próprio (também) exigiu durante oito anos quando esteve ao serviço da causa sindical?
A voz de comando de um General num contexto crítico sempre teve outra expressão. Não adianta ignorar ou subestimar os sucessivos dias de greve, que estrategicamente os professores estão agora a efetuar pelos 18 distritos.
Esta foi a forma de comunicação (mais inteligente) que encontraram para manter à tona a sua causa e continuarem a ocupar o espaço mediático da comunicação social.
Reparem que, mesmo já se conhecendo a lista de reivindicações dos professores, não há um único dia que o tema não preencha os principais noticiários televisivos e radiofónicos. Fazer manifestações por distrito foi original. E a atualidade tem sido assim há mais de um mês, sem falarmos das múltiplas demissões governamentais…
O atual contexto assemelha-se a um “palco” sem grandes saídas. Da educação aos transportes, saúde, justiça e indústria, as greves em Portugal cresceram 25%, justamente no primeiro ano de governação com maioria absoluta de António Costa.
Até ao final de 2022, as greves superavam os dados acumulados no mesmo período de 2021.
E a contestação, pelo que se vê, promete continuar a intensificar-se em 2023, com os salários e as progressões na carreira no topo das reivindicações dos trabalhadores – que já demonstraram estar mobilizados.
A posição dos professores tem marcado a agenda mediática das últimas semanas, mas não é a única a afetar o país, que desde o início do ano já viu parar os maquinistas da CP, os trabalhadores do Instituto dos Registos e do Notariado, da Infraestruturas de Portugal, os trabalhadores portuários, os agricultores...
Se recuarmos a dezembro do ano passado, a lista alonga-se. No último mês do ano — já com os habituais processos de negociação para atualizações salariais em curso — a contestação foi sobretudo visível no setor dos transportes (CP, IP, Metro, TAP e portos), comércio, contact centers, hotelaria…
E a imagem da liderança inabalável, conquistada a pulso, todos os dias, durante os anos da pandemia, começa a sofrer um elevado desgaste – que António Costa terá de se habituar a estancar, se pretender continuar a participar na “maratona” que muitas vezes refere. Para isso, terá de ter os atletas melhor preparados. Para não haver surpresas na meta...

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