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Socialização familiar sem telemóvel

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Socialização familiar sem telemóvel

Voz às Escolas

2024-11-04 às 06h00

Maria da Graça Moura Maria da Graça Moura

No artigo do mês de outubro fiz uma abordagem em torno da necessidade de as escolas restringirem o uso de telemóveis pelos alunos. De facto, hoje em dia é quase impossível viver sem telemóvel. Na rua, nos passeios, na escola, no trabalho, em casa, nas horas da refeição, nas filas de espera, nos transportes públicos e mais perigosamente a conduzir, as pessoas olham insistentemente para o ecrã do telemóvel.
Este pequeno dispositivo faz parte do nosso dia-a-dia, desde o momento em que acordamos até à hora de dormir. Por esta razão, hoje senti vontade de refletir sobre a grande importância de moderar o uso dos telemóveis nos ambientes familiares.
É certo que o telemóvel oferece inúmeras oportunidades para fortalecer os laços familiares à distância, no entanto também apresenta desafios significativos que exigem uma abordagem consciente e equilibrada.
No ambiente familiar, se todos os elementos ficarem absorvidos pelos seus telemóveis a qualidade e a natureza das interações fica muito limitada. Em di- ferentes circunstâncias e em diferentes contextos, é comum vermos famílias vivendo cada um no seu mundo virtual, sem interações ou conversas.

As estruturas familiares estão a passar por sérias transformações e o uso excessivo dos telemóveis pelos adultos tem nesta realidade uma grande responsabilidade. Quantas vezes, pegamos no telemóvel só para ver uma mensagem, mas ali ficamos, minutos sem fim, a ver outras coisas.
Este comportamento atinge-nos a todos e torna-se cada vez mais viciante. Minutos a somar a minutos que nos roubam tempo na realização de outras tarefas ou atividades, nomeadamente e de uma importância extrema, tempo de socialização em família.

A OMS acredita que a dependência dos jogos e das redes sociais afeta pais e filhos e alerta para a preocupante correlação entre o uso excessivo das redes sociais e a diminuição da saúde mental da família. É notório o aumento da prevalência de sintomas relacionados com ansiedade, depressão, isolamento social, baixa autoestima e a dependência tecnológica que afetam negativamente o bem-estar psicológico e emocional dos pais e dos filhos e, por consequência, as suas interações.
Sabemos que as crianças aprendem por observação e imitação, e os pais, ao priorizarem a sua atenção ao telemóvel, estão a modelar um comportamento que pode ser prejudicial ao desenvolvimento saudável dos seus filhos.
É de extrema importância que os adultos brinquem com as crianças, que mostrem interesse pelas suas brincadeiras, pelas suas narrativas, pelas suas histórias e seus problemas.

Podemos e devemos adotar medidas que nos ajudem a evitar o uso excessivo dos telemóveis durante o tempo em família, como limitadores do tempo do ecrã.
A convivência familiar e o diálogo devem fazer parte das nossas rotinas do dia-a-dia, nomeadamente na hora das refeições, nas atividades que incentivem o convívio familiar e a partilha de expe-riências (jogos de tabuleiro, jogos de cartas), no estabelecimento de limites claros ao uso das redes sociais, tanto em termos de tempo como de conteúdos partilhados e na reflexão sobre os riscos e benefícios das redes sociais.
A consciencialização sobre a importância do uso moderado dos telemóveis em contexto familiar é um passo importantíssimo para promover ambientes familiares mais saudáveis e relacionamentos mais felizes.

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