A responsabilidade de todos
Escreve quem sabe
2021-12-01 às 06h00
Como diria alguém … o bom senso é tramado ! Como gestor e engenheiro tento ter sempre uma visão racional da gestão de organizações, tentando logo a seguir perceber se em termos emocionais (sim, as empresas e os empresários têm emoções) a decisão faz sentido. Por isso, tento evitar cair no lago profundo que é o bom senso, pois tratando-se de algo absolutamente subjectivo, eu e o meu interlocutor teremos sempre uma visão diferente de algo, se a basearmos no bom senso.
Perguntarão … mas isto vem a propósito de quê ?
Numa era em que nas organizações o balanço entre a vida familiar e profissional está na ordem do dia, é importante falar em respeito das organizações pelos seus colaboradores (*) a este nível, mas também é fundamental que os colaboradores percepcionem as necessidades pontuais das organizações e que a elas respondam, não se entrincheirando na invasão da vida familiar por questões profissionais. E sim, é aqui que entra o bom senso, pois uma organização tem que perceber que não pode ser invasiva, mas um colaborador tem que perceber que é impossível que, num dado momento da sua vida, a organização não impacte no seu status familiar.
Assim, não vejo o balanço entre a vida familiar e profissional como um “bem sagrado” e acho risíveis os extremismos existentes a este nível. Não podemos passar de uma situação em que as organizações pouco ou nada respeitavam a vida pessoal dos seus colaboradores, para uma outra situação em que tudo ou quase tudo é considerado um atentado ao balanço entre a vida familiar e profissional, chegando-se até ao ponto (só possível em quem nunca teve que se preocupar em pagar salários no final do mês) de se considerar um crime de lesa pátria um mero contacto telefónico às 20h entre uma organização e um seu colaborador para combinar/confirmar uma reunião para o dia seguinte.
Há alguns anos atrás, em períodos em que as taxas de desemprego se aproximavam dos 20% havia organizações que entendiam como normal aceitar colaboradores que estavam meses e meses a fazer um trial não pago para tentar justificar uma contratação alguns meses depois. Lembro-me perfeitamente de ter referido, em inúmeros fóruns, que independentemente da questão ética, isso seria algo que se iria virar contra as organizações no momento “em que a maré virasse”. Infelizmente e com alguns anos de atraso … tive razão. Pertencendo ao vasto rol de pessoas que se enganam muitas vezes e que têm muitas duvidas, sempre achei na altura que além da questão ética (o trabalho deve ser pago, sempre !), o cavalgar desta onda neo-liberal traria uma dura queda na areia da praia quando a maré mudasse. Alguns anos depois a resposta está à vista e chegamos ao ponto ridículo (não tenho outra palavra para o referir) de haver negócios que não se concretizam ou decisões que não são tomadas pelo facto de se considerar punível qualquer contacto entre as organizações e os seus colaboradores fora do chamado horário normal de trabalho.
Respeito não é isso ! Respeito é perceber que cada colaborador é diferente do outro e necessita de ser profundamente entendido na sua identidade, seja ela politica, religiosa, sexual, cultural, de limitações de saúde, etc. Isso é respeito e todas as organizações o devem aos seus colaboradores. O resto, o que falava no parágrafo anterior não é respeito, mas sim desconhecer o que são relações profissionais.
(*) Termino por hoje referindo que uso a expressão colaborador ao invés de trabalhador, por opção consciente. Não se trata de infantilizar/diminuir a importância do trabalho mas sim de entender que numa organizações todos colaboram, com o seu trabalho, para um projecto que deve ser vivido por todos.
19 Março 2024
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