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Sensibilidades

Voz às Escolas

2018-05-10 às 06h00

Luisa Rodrigues Luisa Rodrigues

Nos últimos tempos, tenho dado comigo a cogitar nas razões que estarão subjacentes ao mau humor que grassa, um pouco por toda a parte, no mundo político, face à emergência de atitudes bem demonstrativas da falta de consciencialização dos limites que separam a necessidade de apresentar evidências e a obrigação do cum- primento de metas, o que, na prática, condiciona, fortemente, o clima de escola.
A possibilidade de acesso a fundos comunitários para aquisição de serviços, entendidos como promotores do sucesso escolar, poderá estar na origem das demonstrações de extrema sensibilidade, face à impossibilidade da escola responder, favoravelmente, a todos os desafios que lhe são lançados, respeitando, dessa forma, o compromisso assumido, em sede do projeto educativo, com um conjunto de princípios, valores e políticas educativas.
Nem sempre a questão está na qualidade da oferta, mas na extemporaneidade e na desadequação, face às reais necessidades de cada comunidade escolar, o que resulta do facto da escola não ser ouvida para a seleção dos produtos, partindo-se do princípio de que esteja privada do direito de pronuncia, em matérias em que, salvaguardadas que estejam as linhas orientadoras do Ministério da Educação, deverá caber, apenas, à escola decidir, respeitando os objetivos estratégicos que definiu, e as metas que priorizou, tendo em conta o diagnóstico resultante do conhecimento da realidade e dos traços principais que caraterizam a comunidade escolar.

A escola e o poder político devem concertar estratégias, selecionar, criteriosamente, a escolha de recursos potenciadores de melhorias, recursos que complementem e, de alguma forma, enriqueçam o trabalho que a escola realiza, perspetivando a qualificação do sucesso dos alunos, sucesso esse que tem, hoje, como referência, o perfil do aluno e as aprendizagens definidas como essenciais para a escolaridade obrigatória. E se, contrariando o expectável, a escola não for, antecipadamente, chamada a pronunciar-se sobre os recursos de que carece, então, em última instância, reconheça-se-lhe, pelo menos, o direito a questionar a mais valia das decisões que, unilateralmente, forem tomadas.
Acontece que a leitura feita pelo poder político tem outra configuração, provocando o tal mau humor, o que tem estado na origem das inúmeras questões que se levantam quanto à profunda discrepância, ao nível do discurso, entre a inexistência de recursos financeiros para responder às solicitações das comunidades escolares, a braços com situações para a resolução das quais esgotou estratégias, e a proliferação de ofertas de recursos que não solicitou, e sobre a pertinência dos quais, tão pouco, se pronunciou.

Não se trata de teimosia, mas de persistência, até que alguém se dê ao trabalho de clarificar as questões que têm sido levantadas, de há alguns meses a esta parte, neste mesmo espaço, e que, face ao silêncio de quem de direito, continuam sem resposta. Assiste-nos esse direito, bem como o dever de dar voz às comunidades que representamos e que, diariamente, reclamam das promessas não cumpridas.
Talvez não fosse assim tão descabido que, em algumas situações, o poder político, num ato de salutar introspeção, tivesse a humildade de valorizar e de respeitar a escola, ouvindo-a nas decisões que a condicionam e explicando-lhe as razões que sustentam as opções que toma.
Porque se há alguém a quem não possam ser assacadas responsabilidades pela forma como está a ser gerido um processo que, na sua génese, perspetivava contribuir para aliviar o peso que a escola carrega, são os professores e a própria escola.
E com a sensibilidade à flor da pele, andamos todos nós.

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