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Ideias

2025-05-23 às 06h00

Pedro Tinoco Fraga Pedro Tinoco Fraga

Acabado o ciclo eleitoral de Maio cada um de nós como cidadãos tem com certeza a sua opinião mas como empresário e dirigente associativo empresarial só há um caminho : olhar e seguir em frente, independentemente da solução governativa que for encontrada nas próximas semanas.
Separo bem as águas daquela que é a minha posição como cidadão e a minha posição como empresário e nesta última perspectiva deixo um conjunto de temas que constituem a minha preocupação diária, como acionista da F3M e de outras empresas, como dirigente associativo empresarial na AEBraga e na CIP, como presidente do Conselho Geral do IPCA, etc.

- iniciar um caminho que torne as empresas e os cidadãos os verdadeiros pontos focais de toda a administração publica e não o tapete que esta última pisa da forma que quer e quando quer;

- o ponto anterior leva-nos a uma frase que pode parecer estranha que afirmo e reafirmo há muitos anos … quem paga os salários de toda a administração pública são os cidadãos no geral e as empresas e por isso têm e devem ser bem servidos. Esta afirmação não é a defesa de uma mera relação de cliente – fornecedor entre a administração pública (fornecedor) e os cidadãos e empresas (clientes), mas sim a dignificação do papel destes últimos que são sobejas vezes tratados de forma absolutamente indigna e para isso basta referir algo que todos sabemos : só existem prazos para os … clientes, mas nunca existem prazos para o fornecedor o que é a inversão total do que deve ser o funcio- namento de qualquer actividade que implica a prestação de um serviço. Nenhuma relação pode ser sadia quando é desequilibrada na origem e no conceito;

- os dois pontos anteriores levam à necessidade de continuar o investimento na digitalização de processos em tudo aquilo que designamos como estado visando um combate, que deve ser incessante, à burocracia que apenas emperra processos e decisões e que trava muitas vezes os investimentos das empresas e das famílias;

- aligeirar todo o processo de gestão de fundos comunitários que é um dos maiores casos de insucesso continuado em Portugal desde a adesão à União Europeia. Por insucesso não me refiro à utilização indevida de verbas mas sim a toda a brutal morosidade, complexidade e incerteza associada ao processo de uma simples candidatura. Já não será com certeza no tempo da minha vida útil como empresário mas estou convicto que algures no tempo se perceberão as razões para que esta área se tenha transformado numa “ciência oculta” em que parece impossível ver melhorias, governo após governo;

- manter e crescer o investimento na escola pública pois só através dela podemos continuar a ter jovens mais preparados para o mercado de trabalho e para a vida, nomeadamente em termos culturais pensando sempre que jovens mais cultos e intelectualmente mais bem preparados são jovens mais imunes à componente nefasta que as redes sociais têm;

- manter e crescer o investimento no sistema público de saúde pois esse é um pilar que nos distingue de muitos dos países ocidentais que apostam em sistemas de saúde em que a capacidade financeira do paciente é determinante. Aproveito para referir que a excelência do nosso sistema público de saúde, que todos nós criticamos, foi demonstrada esta semana quando conseguiu que alguém no dia X parecia prostrado às portas da morte à saída de um hospital, estava no dia X+2 são como um pero aos saltos à frente de todos. É preciso continuar assim a credibilizar e fazer crescer o sistema publico de saúde sem esquecer que este deve funcionar sempre articulado com o sistema social (tantas e tantas vezes esquecido !) e com o sistema privado, não tendo sobre isso que haver posições dogmáticas;

- incrementar a aposta numa “economia de internacionalização” um conceito que ao longo dos últimos anos se foi tornando óbvio, num país de 10 milhões de pessoas e com um poder aquisitivo relativamente baixo. Este é um conceito que deve estar presente em todo o sistema de ensino, de forma a que cada vez mais tenhamos empresas a exportar ou, no limite, integradas em cadeias exportadoras;

- quando falava acima na ausência de dogmatismo tal deve ser também aplicado à questão da habitação que é no momento actual um flagelo para as famílias e, sem dúvida para as empresas. Concentrando-me nestas últimas é inquestionável que os custos da habitação em Portugal (completamente desenquadrados do que é a realidade do país) levam a uma natural pressão salarial dos colaboradores sobre as suas organizações empresariais e, cumulativamente, cerceia a mobilidade pois torna-se muito mais complexo captar pessoas que têm que vir morar para um dado local quando a habitação não existe, o mercado de aluguer é incipiente e o pouco que existe tem valores desfasados da realidade salarial nacional. Aqui não há que ter receio de copiar modelos e se é relativamente unânime que o modelo de Viena (muito assente em investimento público num país liberal) é um modelo de sucesso não tenhamos vergonha de o adoptar no/adaptar para o nosso país e não se use como desculpa o facto de se tratar de um modelo estável com dezenas de anos, pois tudo tem que começar algum dia.

Termino referindo que como empresário vivo há muitos anos com este modelo de Constituição não me parecendo sequer assisado ver esta súbita sede de alterações constitucionais (isso nem sequer é tema para a esmagadora maioria das empresas, admitindo eu que o possa ser para alguns empresários por questões de posicionamento – pessoal – partidário) pois o que é efectivamente importante para as empresas é a alteração do posicionamento da máquina do estado perante as empresas e a simplificação fiscal. Não embarcando em slogans partidários, pois essa não é a minha batalha, apenas peço que nos deixem trabalhar, que não nos amarrem todos os dias ao pedido deste e daquele documento, que facilitem a vida às empresas, que nos deixem criar riqueza e valor para a sociedade, que nos baixem os custos de contexto, que olhem para a brutalidade da carga fiscal que retira competitividade às empresas e qualidade de vida aos cidadãos.
Urge este país perceber que só empresas mais fortes e pujantes vão permitir uma sociedade mais justa e é tempo de não hostilizarmos o sucesso e a riqueza que advêm do trabalho de quem arrisca e investe.
Estes são alguns dos meus desafios e penso que se poderão atingir de forma pragmática, em paz e harmonia, sem “berrarias”, sem exclusão de minorias, sem exclusão de pessoas pela cor da pele/opção sexual/opção de género, sem discursos eivados de xenofobia e racismo. Com bom senso, com conhecimento do que é o mundo das empresas, em estreita colaboração entre o que tem sido o moderado arco da governação, não deixando que os sentimentos mais primários de quase um quarto da população nos tornem a Hungria ou a Eslováquia deste cantinho da Europa.

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