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“Se tu disseste e eles não te ouviram, foi porque tu não disseste!”

A responsabilidade de todos

“Se tu disseste e eles não te ouviram, foi porque tu não disseste!”

Ensino

2019-04-24 às 06h00

António Brandão António Brandão

Escolhi a célebre frase de um especialista da comunicação, Harvey Thomas | “Se tu disseste e eles não te ouviram, foi porque tu não disseste!” que a meu entender expõe os prossupostos teóricos e práticos da comunicação, com o intuito que todos saibam que é fundamental apreender e saber transmitir os nossos pensamentos.
A primeira ideia que domina no nosso inconsciente é ser um bom comunicador para convencer a assistência, seja em qual for o tipo de representação da nossa existência, ou seja, criar comunicação, pois todos sabemos, lemos, escutamos que um bom comunicador deve possuir uma empatia muito forte. Saber e descodificar o que existe sobre a problemática da comunicação, ajuda a estruturar o processo comunicativo, no entanto, será que todos temos a capacidade de comunicar?
Focalizamos o mais pertinente da temática da comunicação. Enquanto professores, por vezes cansamo-nos de dizer: “Eu disse isto, mas eles não ouviram!”; ou “O que adianta eu dizer se eles não ouvem?” Mas, será mesmo que eles não ouvem? No meu entender, é importante colocarmos sempre a “culpa” do nosso lado. Se eles, alunos, não ouviram foi porque eu não tive impacto neles, então tenho de ter a capacidade de criar impacto para eles receberem a informação que eu transmito. Como? Sendo criativo na forma como comunico.
Se lhe disser: quer ficar completamente nu, dentro de um caixão de alta tecnologia, que irá bombardeá-lo com radiações cientificamente comprovado, que são nocivas para a sua saúde, de forma gratuita? Seguramente ao ler isto pensamos que a resposta seria não. No entanto se lhe disserem: faça o favor de se colocar nu, e experimentar esta cama de bronzeamento, também conhecido por solário, e vai ficar com um bronzeamento cosmético fabuloso sem custos nenhuns! Aí já acredito que a sua resposta poderá ser diferente, no entanto as duas situações são iguais.
Pode ser assustador a forma como utilizamos a criatividade na comunicação, mas o facto é que podemos e devemos utilizar esta ferramenta de forma a potencializar o rendimento das pessoas e das equipas, tal como o marketing publicitário faz todos os dias connosco.
O fundamental na comunicação, por vezes, não é a forma como é dito, nem o que é recebido, mas sim o que é entendido pelo grupo e o impacto comunicacional criado. Um estudo, apresentado no livro Linguagem Corporal de Pease & Pease, diz-nos que, quando estamos a comunicar com um grupo, 55% do que é absorvido da comunicação é a parte não-verbal, o que inclui gestos, expressões faciais, postura e outras informações expressas sem palavras, é isto que é captado pelo público em geral; e 38% tem a ver com a parte da voz, estando incluído o tom, o ritmo, a velocidade, o volume e a entoação com que falamos; e apenas 7% tem a ver com o conteúdo das palavras. Com isto, não significa que não temos de ter conteúdo nas nossas comunicações ou discursos, mas por vezes, sentimos que, para ter impacto, devemos sim focarmo-nos na comunicação não verbal (gestual e voz), pois é com estas ferramentas que conseguimos criar impacto.
Enquanto comunicador, sinto que realmente temos de envolver quem nos ouve, produzindo atitudes e comportamentos que sejam mobilizadores de pessoas, criando laços positivos e fazendo com que todos se identifiquem com o que é abordado. Com isto, acredito que a frase inicial irá mudar, passando a ser: se tu dizes e eles te ouvem, foi porque tu criaste impacto.
Tudo isto se torna mais fácil perante o público que temos à nossa frente, tendo sempre que adaptar os nossos discursos a cada realidade. Pessoalmente, como professor da Escola Superior de Desporto e Lazer de Melgaço do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, tenho a felicidade de ter um público (alunos) que são fantásticos, digo mesmo, incríveis, que vêem e aceitam todos os desafios propostos como sendo possível de realizar, fazendo com que nós professores tenhamos o trabalho facilitado, simplificando o nosso processo de comunicação. Tudo isto resulta da forma como toda a comunidade académica desta instituição se relaciona, facilitando os processos de comunicação, fazendo com que as atitudes e comportamentos de todos os envolvidos sejam em prol de um objetivo comum, sermos todos cada vez melhores e que os alunos sejam o melhor deles próprios.

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