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Saúde: o valor da interdependência

Os bobos

Saúde: o valor da interdependência

Ensino

2020-04-08 às 06h00

Mara Rocha Mara Rocha

Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Saúde, partilho algumas reflexões decorrentes do momento que atravessamos.
O ano de 2020 antevia-se como um ano particularmente importante para os enfermeiros:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou 2020 como o Ano Internacional do Enfermeiro e da Parteira - declaração aprovada pelos Estados-membros na 72.ª Assembleia Mundial, em maio de 2019 - reconhecendo o papel vital que os enfermeiros desempenham em todos os sistemas de saúde. Pretende-se celebrar o trabalho destes profissionais, destacar as condições desafiadoras que frequentemente enfrentam e pugnar por maiores investimentos dos países na força de trabalho em Enfermagem e Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, como parte do seu compromisso com a saúde para todos.

A OMS reconhece ainda que o mundo precisa de mais 9 milhões de enfermeiros e parteiras para alcançar a cobertura universal de saúde até 2030 - não estávamos, ainda, confrontados com esta pandemia.
Neste sentido, no dia 7 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Saúde, centrado no lema “Apoio aos Enfermeiros e Parteiras”, com o objetivo de lembrar aos líderes mundiais o papel crítico que desempenham na manutenção da saúde no mundo.
Estas comemorações coincidem com os 200 anos do nascimento de Florence Nightingale (12 de maio de 1820) considerada a fundadora da Enfermagem moderna, cujo papel na guerra da Crimeia é sobejamente conhecido. As medidas estratégicas que implementou ao nível da administração, ao nível sanitário e da atenção para com os soldados feridos, contribuíram para salvar muitas vidas.

Hoje estamos confrontados com uma guerra diferente: a COVID-19 provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Há uns meses não imaginaríamos a situação que estamos a vivenciar, e tal como Florence Nightingale, os enfermeiros juntamente com os médicos e outros profissionais de saúde estão na linha da frente para travar um combate desigual com um vírus invisível, insidioso e imprevisível.
Estamos perante a maior crise de saúde pública desde a gripe pneumónica em 1918, com consequências incalculáveis ao nível social e económico.

Nunca, como hoje, tivemos a noção da nossa vulnerabilidade como seres humanos e como sociedade. O confronto com esta nova realidade que nos confina ao isolamento, à separação física dos nossos, à mágoa de não estar lá, no fim, com os entes que nos deixam, de não nos despedirmos, convida à interioridade e ao reencontro connosco mesmos.
Perante esta crise ímpar, é necessário reagir. E o país está a fazê-lo, os que estão na linha da frente a cuidar de nós com toda a coragem e generosidade - profissionais de saúde, sector social, bombeiros, forças de segurança; os que zelam para que tenhamos acesso aos bens essenciais, as empresas que se reinventam e a academia que com toda a criatividade procura novas soluções para responder às necessidades emergentes; os voluntários e os que mantêm o país a funcionar dentro do possível.

É um novo tempo que apela à fraternidade, uma oportunidade para sermos mais comunidade, para olharmos para os vizinhos, para a nossa rua ou bairro, com um espírito de entreajuda. Um tempo em que é fundamental identificar os mais vulneráveis e encontrar formas de dar resposta às suas necessidades. Um tempo de particular atenção ao isolamento que pode levar à depressão, e um telefonema, uma mensagem podem fazer a diferença e ajudar a diminuir a solidão e minimizar a distância; as redes sociais podem readquirir um novo sentido, e o longe pode tornar-se perto.
Esta é uma batalha de todos. Cada um de nós é convocado a dar o melhor de si em prol de um bem maior, o bem comum. O futuro depende das escolhas que individual e coletivamente fizermos hoje. Nas palavras do Cardeal Tolentino de Mendonça, estamos nas mãos uns dos outros, e todos experimentamos como é vital esta interdependência.

Numa sociedade globalizada, mas pouco solidária, mais centrada no eu e não tanto no nós, é preciso reaprender o essencial da vida, o sentido do coletivo, dos laços, e com humildade perceber que é necessário corrigir a trajetória também. Quero acreditar que no fim deste turbilhão, passaremos a olhar a vida de outra maneira, a valorizar mais o contacto com o outro, a abraçar com mais intensidade, a apreciar as coisas simples da vida, a respeitar o planeta, a ser comunidade.
Ficar em casa e seguir as orientações das autoridades de saúde é o melhor contributo que podemos dar para a Saúde de Todos.

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