Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Voz à Saúde
2018-09-19 às 06h00
Mais um ano lectivo que se vai iniciar. Novos alunos, novos professores em alguns casos, novos desafios e implementação de novos e/ou já conhecidos projectos.
As escolas de hoje encontram-se confrontadas com novos desafios, muitas exigências e reduzidos recursos, tal como na Saúde, para dar resposta a todas as exigências que alunos, pais e encarregados de Educação e a Sociedade em geral colocam.
Numa Sociedade moderna e em permanente ebulição e com algumas transformações, a Saúde, na sua dimensão holística, é um parceiro imprescindível, de presença obrigatória, nas Escolas de hoje e do futuro.
Fazemos Saúde Escolar há muitos anos e o balanço que fazemos destes anos todos é francamente positivo.
A Saúde Escolar evoluiu muito na forma e no conteúdo de abordagem e implementação de projectos, processos e parcerias, com presença cada vez maior nas Escolas.
As Escolas/Agrupamentos, uns mais que outros, têm sensibilidade e começam a disponibilizar espaços que facilitem a instalação do “Gabinete de Informação ao Aluno” (GIA), gabinete este que adopta nomes variados nas diversas escolas, mas em locais fora de possíveis olhares ou controle de acesso. Estes “GIAs”, cuja função essencial é proporcionar um espaço de aconselhamento e de apoio de forma transversal ao aluno e, particularmente, nas áreas da educação para a saúde e educação sexual (Lei 60/2009 de 6 de Agosto.
Pela experiência que já vivemos ao longo de muitos anos a fazer Saúde Escolar, estes espaços (GIA), são de muita utilidade nas Escolas/Agrupamentos, desde que efectivamente tenham presença de profissionais, particularmente de Saúde/Enfermeiro e que a sua divulgação junto do corpo docente, não docente e discente, seja frequente e seja incentivador da sua utilização.
Assim e neste particular a intervenção nas Escolas, através da Saúde Escolar, ganha uma prioridade visível, aceite e aceitável por todos os parceiros.
Nas Escolas está uma larga franja da população do nosso território e da nossa Comunidade. Por isso é importante pensar e nunca dissociar esta Escola da Sua Comunidade e a intervenção da Saúde no seu universo. Se “pensarmos” dentro desta Escola a saúde dos seus alunos, estaremos concerteza e inequivocamente a pensar, a intervir, a tratar/cuidar/prevenir da Saúde Comunitária e do seu Universo de Comunidade. E estas Escolas/Agrupamentos, que às vezes até podem ser de uma mesma cidade, têm universos/comunidades obrigatoriamente diferentes.
A escola de hoje é o encontro de multiculturalidades, face à globalização que vivemos, porque:
• É o (re)encontro/descoberta(s) de valores, referências e saberes;
• É integradora, enquanto receptadora de alunos de várias culturas, civilizações e formas de agir e pensar;
• É socializadora e socializante para/e da sua Comunidade;
• É educadora enquanto disponibiliza e oferece conhecimento, experiência e oportunidade/possibilidade da cultura do eu, o eu diferente e o eu social;
Assim a ESCOLA, tal como a SAÚDE, têm de ser + abertas, + integradoras, + actualizadas, + modernas. Julgamos ser estas variáveis muito importantes para poder acompanhar e intervir nestas realidades comunitárias actuais;
A Escola enquanto micro universo de uma Comunidade é um local/espaço privilegiado para a construção da personalidade, da socialização e do espaço para a manifestação de muitos afectos, tem que ter a capacidade e a flexibilidade de compreender inúmeros fenómenos que se conjugam em acontecimentos culturais, sociais e políticos, mas também, antropológicos, biográficos e biológicos. Por isso a parceria com a Saúde é crucial e indispensável, numa intervenção comunitária responsável e conhecedora.
Entendemos que a intervenção e parceria da saúde na escola potencializa:
• A importância da literacia em Saúde;
• A Prevenção – Os ganhos em saúde verificam-se essencialmente pela mudança de comportamentos e adopção de hábitos e estilos de vida saudáveis;
• E aqui a Prevenção como vector importante, criará a sustentabilidade do SNS.
E por isso, entre muitas outras intervenções em Saúde Escolar, é preciso:
• Potencializar as competências sócio-emocionais;
• Potencializar a Saúde Oral e prevenção de cáries dentárias, a fim de evitar que seja uma porta de entrada para futuras patologias;
• Potencializar os afectos e a sexualidade enquanto disciplina major de intervenção;
• Valorização da auto-estima e a capacitação de dizer “NÃO” às pressões de grupo, ou outras;
• Potencializar os hábitos de sono e repouso;
• Prevenir comportamentos aditivos e alertas para o malefício destes, quando instalados;
• Prevenção e luta contra os hábitos tabágicos e consumo de álcool, particularmente bebidas brancas e shots;
• Prevenção de acidentes escolares e peri-escolares.
É este um campo enormíssimo e infindável de trabalho. Não podemos ser líricos perante esta realidade, mas também não podemos ignora-la. Assim, entendemos que há investimento a fazer:
• Investimento na investigação em Saúde Escolar promovida pelas Unidades de Saúde em parceria com as Escolas;
• Fomentar a qualificação, mas a idoneidade também, para uma intervenção capaz, abrangente e selectiva nas Escolas;
• Articulação conjugada com as diferentes entidades do terreno (Autarquias, redes sociais, IPSS);
• Pensar na importância do Enfermeiro nas Escolas, tal como existe o psicólogo e amanhã, talvez, o Assistente Social.
Em nossa modesta opinião, tudo o que a Saúde quiser trabalhar no âmbito da “Prevenção” e no desmistificar de “muros e barreiras” que possam parecer intransponíveis, terá que ser trabalhado a nível da Saúde Escolar onde tudo, me parece, é mais fácil, oportuno, económico e no contributo para a “construção” de cidadãos mais conscientes, conhecedores e praticantes da sã cidadania.
01 Outubro 2024
17 Setembro 2024
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