IFLA Trend Report 2024
Ideias
2023-04-24 às 06h00
No sentido de fazer face ao crescimento exponencial do preço dos bens alimentares, no passado dia 18 de abril entrou em vigor uma medida temporária, que isenta de IVA um cabaz alimentar de 46 produtos, conside- rados essenciais e saudáveis. Para dar seguimento ao cumprimento da lei, as organizações retalhistas do ramo alimentar dispuseram de 15 dias para planear, testar e implementar as atividades necessárias à concretização desta medida. De entre essas atividades, saliento o trabalho criterioso no sentido de disponibilizar informação física e digital clarividente aos consumidores, garantir a atualização dos sistemas informáticos com novo código do IVA e a sua aplicação aos produtos preestipulados, bem como assegurar a correta propagação dessas definições para os terminais de venda e balanças em todas as lojas. Relativamente à disseminação da informação feita pelos retalhistas aos consumidores, verifiquei a sua existência em brochuras, cartazes e etiquetas, passando pelos próprios portais em linha e aplicações móveis. De facto, foram diversas as estratégias que encontraram para tentar esclarecer os clientes, o que imagino ter sido uma tarefa extremamente árdua, sobretudo quando exercida em dezenas e/ou centenas de lojas.
Por curiosidade, decidi abrir os portais destas organizações. Constatei que alguns retalhistas aproveitaram para enaltecer a medida, como se de uma campanha própria de marketing se tratasse, enquanto outros nem sequer a mencionaram. A título de exemplo, o portal da Auchan destacou a medida com a mensagem “Poupe com o IVA a 0% em milhares de artigos”, como se de um grande evento da própria organização se tratasse. O Continente, por sua vez, lançou-nos uma mensagem idêntica, mas mais subtil “IVA 0% - O essencial é estar ao lado das famílias”. Os portais do Pingo Doce, Aldi e Mini Preço disponibilizaram-nos uma ligação que nos remete para páginas informativas, mais ou menos detalhadas. Relativamente a outros portais, como os do Mercadona e Lidl, não encontrei qualquer informação.
Todas as organizações aqui mencionadas possuem milhares de produtos, destinados a dezenas, ou até centenas de lojas no nosso país, e um sem número de profissionais que trabalham diariamente para dar uma resposta célere às frequentes exigências legais e económicas. Ainda no âmbito da medida de isenção do IVA, têm sido detetados e denunciados vários casos de erros na etiquetagem ou nos preços nos terminais de venda. Na maioria das situações, as organizações atribuem essas falhas a «erros informáticos». Nalguns casos concretos, tais como ineficientes integrações de dados, essa justificação pode ser aceitável, contudo não é plausível que muitas destas hipotéticas insinuações se restrinjam constantemente aos profissionais da informática. Ainda esta semana tive a oportunidade de ler sobre uma problemática relacionada com diferentes pesos, em duas balanças distintas na mesma loja, onde a empresa insinuava ser um erro informático. Não entendo como um pedaço de carne, que engorda magicamente desde a balança do talho até à balança do terminal, possa ser culpa de um informático! Como não entendo metrologia nem magia, acredito que essas insinuações sirvam apenas para tentar sacudir a água do capote no que toca a processos ineficientes e cujo impacto se reflete exclusivamente no bolso do consumidor final.
Felizmente, na atualidade, não existem organizações sem informáticos, nem organizações perfeitas. No entanto, existe e sempre existirá, a variável «margem» por detrás de certos eventos, que a todos nos causa admiração e suspeição. Se o preço de venda de um produto com IVA custa 1.99 € e sem IVA custa 1.99 €, não me parece razoável a infeliz justificação de que o coitado do informático se enganou novamente. Tenhamos pelo menos a coragem de assumir, de quando em vez, que o retalho é um negócio e tudo são estratégias para atingir os almejados lucros da organização.
*com JMS
11 Outubro 2024
11 Outubro 2024
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