Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Escreve quem sabe
2022-05-09 às 06h00
Recentemente dirigi-me a uma loja para comprar um livro. Durante a visita, apercebi-me da forma como o colaborador colocava os livros nas diversas prateleiras. Na secção de Psicologia, onde permaneci por alguns minutos, os recentes livros já teriam sido colocados em destaque. Parei no autor Paulo Moreira. Fixei-me na sua mais recente obra “Gerir Emoções”. Retirei-a, delicadamente, da prateleira e, antes de navegar nas suas páginas, reparo que é a 1ª edição. Descubro, logo atrás, a 2ª edição, vestida com uma faixa azul no canto superior da capa. Decidi então comprar esta última.
À posteriori, fiquei a refletir sobre a importância dos temas “rotação” e “valorização” de stock. Fiquei também a cogitar, um pouco desconfiado diga-se, sobre as razões que teriam levado aquela organização e o colaborador a colocar a primeira edição do livro em destaque, ao invés da segunda.
A rotação de stock é um processo chave na gestão de inventário de qualquer organização, nomeadamente a retalhista. Este processo visa mitigar a perda de produtos em vias de expiração (por exemplo, no setor alimentar) ou até ultrapassados, por obsolescência (por exemplo, no setor do vestuário, eletrónica ou livros). Nesta temática, normalmente são aborda- dos três métodos, cujos conceitos gerais tanto se podem aplicar à movimentação física dos produtos na prateleira, como também servem de base para a própria operação na loja e armazém: o primeiro produto a entrar será o primeiro a sair – método FIFO (“First In, First Out”), o primeiro produto a expirar deverá ser o primeiro a sair – método FEFO (“First Expired, First Out”) e o último a entrar será o primeiro a sair – método LIFO (“Last In, First Out”). Na loja, por exemplo, FIFO é utilizado em produtos onde o tempo de prateleira é relativamente curto ou em produtos sem data de validade, como é o caso dos livros. O método LIFO é utilizado para stocks de grande rotatividade e com vida de prateleira reduzida. Por fim, FEFO é geralmente utilizado para movimentação de produtos com prazo de validade.
O processo de valorização do stock é crucial para a organização. Imaginemos que esta pretende saber, em termos de custo, qual o valor que possui em stock para determinado produto ou categoria. Esse valor certamente vai ser alterado se a análise for feita em momentos distintos, o que acontece por dois motivos. Em primeiro lugar, porque os produtos vão sendo consumidos. Seguidamente, porque são novamente adquiridos e recebidos. Consequentemente, existirá uma constante flutuação na quantidade de stock disponível ao longo do tempo. Em segundo lugar, de cada vez que a organização efetue uma nova compra desse produto, o custo de aquisição poderá ser diferente. Então, de que forma poderia essa organização determinar o valor do seu stock, apurar o lucro e impostos a pagar, dado que há variação de custos ao longo do tempo? De acordo com o Plano Oficial de Contabilidade, FIFO e LIFO seriam dois possíveis mecanismos para o efeito. Respetivamente, valorizar o seu stock ao custo do primeiro ou do último produto comprado.
O exemplo da minha visita à loja não me permitiu, obviamente, entender de que forma a contabilidade da organização estaria a ser realizada, mas permitiu-me depreender que o colaborador estaria a aplicar um método FIFO na colocação dos livros na prateleira, provavelmente definido pela organização. Sendo assim, estaria ele e a organização a incentivar-me ou a ludibriar-me para comprar uma primeira edição? Sinceramente não sei. Acabei por bem gerir as minhas emoções e comprar a segunda edição de um livro muito interessante, cujo valor percecionado me pareceu ser mais favorável.
*com JMS
10 Outubro 2024
08 Outubro 2024
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