Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Escreve quem sabe
2019-04-15 às 06h00
Acabo de pedir ao google uma coisa simples. Do tipo: diz-me, por favor, o significado da palavra «xis». E o google dá-me, com uma velocidade vertiginosa, um conjunto amplo de explicações, que vão da etimologia da palavra aos significados mais comuns que se inscrevem na norma linguística, mas, também, em gírias e jargões correntes na língua natural que é o português que falamos. Este motor de busca mostra ser inteligente: lê, interpreta a nossa pergunta e é capaz de dar respostas. É muito interessante verificarmos de que forma uma linguagem natural (uma língua codificada) é capaz de interagir com uma linguagem artificial, e mais interessante ainda confirmarmos a incrível capacidade de resposta de um motor que está ali, calmo e sereno, no nosso computador.
Não há muito tempo, perguntas deste tipo eram impossíveis, e obrigavam à frequência de livrarias e bibliotecas, a grandes deslocações geográficas e, consequentemente, a gastos de tempo e dinheiro raramente contabilizados. A «culpa» é da inteligência artificial, em extraordinário desenvolvimento, e, mais especificamente, de uma linguística computacional que, ultrapassada a fase estatística, morfológica e sintática, se embrenha paulatinamente na profundidade lógica e cognitiva do pensamento e da linguagem humana. Falar de processamento automático da linguagem natural (PLN) significa pensar em formalismos, em linguagens formais, suscetíveis de potenciarem a interação entre o ser humano e a máquina a um nível linguístico, fonético-fonológico e escrito, cada vez mais elaborado.
Nas universidades portuguesas e no Instituto de Linguística Teórica e Computacional, por exemplo, assiste-se a um avanço extraordinário nesta área, com incidência no discurso e na literacia, no léxico e na modelização computacional, na língua e na variedade linguística. Levar o computador a interagir, a falar e a dar respostas escritas, a emocionar-se, no limite, a ser capaz de chorar, isto é, a humanizar-se, é um objetivo que, parecendo utópico, está já ali ao virar da esquina. Em termos práticos e filosóficos, importa perguntar, não agora sobre o porquê, mas sobre o para quê. No estado atual do conhecimento e da cultura humana, para que serve esta inteligência artificial, que alguns pressentem já como grande ameaça para a humanidade? São, evidentemente, inúmeras as aplicações da IA, com relevância para o âmbito nanotecnológico, mas interessa-nos pensar numa área específica do nosso trabalho – o retalho.
Perceber e sentir de que forma linguagens formais, algoritmos e autómatos, estão ao serviço do ser humano por intermediação das empresas de retalho é altamente excitante. Tal como é excitante saber que o retalho é o principal motor das inovações em sistemas cognitivos e de IA, com investimentos previstos na ordem dos milhares de milhões de euros, muito à frente do setor bancário. Há, em geral, a consciência do potencial da IA, ao nível das operações e da distribuição dos produtos, da criação de novos empregos, das vendas e das reclamações, tudo no sentido da poupança em gastos desnecessários. Talvez o foco esteja ainda descentrado e a preocupação das empresas esteja mais fixada em si e menos no cliente final. Tal facto parece-me natural num momento em que interessa, prioritariamente, estruturar. O passo seguinte será, estou certo, o de responder às necessidades e desejos de cada consumidor, persuadindo-o, encaminhando-o, oferecendo-lhe de modo simples e imediato tudo aquilo que procura.
*com JMS
10 Outubro 2024
08 Outubro 2024
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