No passado dia 18 de Maio ocorreram, em Portugal, as eleições legislativas, que deixaram o país num rebuliço político, onde a controvérsia foi a palavra de ontem.
Na nossa opinião, a melhor notícia da noite foi a tendência positiva que se notou na redução da abstenção. A verdade é que foram mais portugueses às urnas do que nos últimos anos em que houve eleições legislativas. Contudo, questionamo-nos se todos os eleitores tomaram decisões com consciência do verdadeiro significado. Será que quem não foi votar percebeu a influência que podia ter tido nos resultados obtidos?
Ou, ainda, se escondem atrás de falsas afirmações como: são todos iguais; não vai mudar nada; não votar também é uma forma de expressão?
A verdade é que, como já defendemos por diversas vezes, votar é um direito que todos devemos exercer, sem nunca esquecer que teve de ser conquistado. Para hoje podermos votar foi preciso derrotar um sistema político de extrema-direita, foi necessária uma revolução que se sobrepõe a um regime ditatorial, que se recusava a ouvir o povo.
Ironicamente, foi o agrupamento de partidos de direita um dos grandes vencedores dessa noite, conseguindo o maior número de deputados alguma vez alcan- çado, o que, mais uma vez, nos leva a questionar… será que as decisões de voto foram tomadas com consciência?
Outro tópico que nos leva à reflexão é o valor do voto. Quando votamos num partido, estamos também a atribuir-lhe uma verba. Assim que esse partido elege um deputado ou conta com mais de cinquenta mil votos, o nosso voto torna-se automaticamente num financiamento público do partido.
Temos de estar conscientes em quem estamos a votar, devemos conhecer bem os programas eleitorais de todos os partidos, devemos acompanhar o comportamento desses partidos em anos anteriores e não apenas considerarmos as promessas das campanhas eleitorais. Quando refletimos sobre os resultados das últimas eleições acreditamos que há bastante desinformação política.
Defendemos que as posições políticas e as eleições devem ser estudadas com profundidade na escola. Devemos conhecer as diversas composições que a assembleia já teve. Estarmos conscientes do que significa uma maioria absoluta e também as possíveis coligações.
Infelizmente, quando fazemos 18 anos ganhamos o direito de voto, mas somos atirados para um mundo novo que mal nos foi apresentado. Hoje, uma semana após as eleições legislativas, é ainda momento de refletirmos sobre os resultados do nosso país, de nos informarmos e nos prepararmos para tudo o que está por vir.
Um outro tópico que nos parece fundamental que seja agilizado logo após as eleições, quaisquer que sejam, é a limpeza da propaganda que existe por toda a parte. Desde Outdoors enormes, passando por faixas nas pontes ou até os cartazes mais pequenos que estão afixados em postes de iluminação. É fundamental que os partidos agilizem a retirada da propaganda com a mesma urgência com que foi colocada.
A poluição visual é consequência de um excesso de comunicação que é permitido, em período eleitoral, mas que, na nossa opinião, deve ser retirado o quanto antes, respeitando desta forma o espaço público.
Apesar dos resultados nos afastarem dos valores de abril, na nossa opinião, louvamos a descida da abstenção para cerca de 35%. As restantes percentagens deixamos que cada leitor faça a sua reflexão e pedimos que todos estejam atentos à política nos próximos tempos.