A distribuição de serviço do Agrupamento para a programação do corrente ano letivo integrava a realização de uma Ação de Curta Duração (ACD) sobre o Plano Nacional das Artes e a construção do Projeto Cultural de Escola, uma iniciativa da Câmara Municipal da Póvoa de Lnhoso, em articulação com o Centro de Formação Sá de Miranda.
No decurso da referida ação foi assinado um protocolo de cooperação entre o Município, os Agrupamentos de Escolas/Escola do Concelho e o Plano Nacional das Artes, tutelado pelos Ministérios da Cultura e da Educação, representado pelo seu Comissário Nacional, Dr. Paulo Pires do Vale.
Na essência, o que se espera é que as Escolas reflitam sobre a intencionalidade das ações que têm no terreno, algumas delas desde há já longos anos a esta parte, e que seja construído um Projeto Cultural de Escola, aglutinador do trabalho realizado e dos objetivos que o sustentam, com especial enfoque na transdisciplinaridade e na descoberta, por cada um, das suas capacidades, tantas vezes encobertas ou mesmo desvalorizadas.
A Escola evoluiu, provocada a desbravar caminhos no sentido de uma transformação que respondesse, efetivamente, às exigências de um público que passou a ter ao seu alcance outros instrumentos de recolha de informação, pelo que o trabalho colaborativo e articulado é, hoje, uma prática comum, sem a qual não é possível acompanhar a evolução dos tempos, com as repercussões que lhe estão inerentes.
O desafio lançado de construção de um Projeto Cultural de Escola convoca-nos a uma análise criteriosa do trabalho que temos realizado e dos objetivos que lhe estão subjacentes, questionando-nos sobre os resultados que temos alcançado, no que respeita à descoberta, pelos alunos, das suas capacidades, nas mais diversas áreas e da consciencialização do seu contributo para o desenvolvimento das aprendizagens e para a promoção de atitudes potenciadoras de um clima de escola em que cada um possa sentir-se parte de um todo.
Nada de mais, para quem está habituado a enfrentar e a vencer desafios, como a Escola, mas a razão da temática escolhida para o regresso a este espaço de partilhas é a descoberta de gente que ainda consegue trazer-nos uma lufada de ar fresco, sobretudo quando o mundo à nossa volta se afunda, e não apenas o mundo físico e material, mas, essencialmente, o mundo da moral e da ética, do respeito pelo outro e pelo direito à diferença que nos permite descobrir o nosso papel na sociedade.
Ouvir o Comissário Nacional do Plano Nacional das Artes fez-me voltar a acreditar que ainda podemos olhar o futuro com algum otimismo, sobretudo pela mudança de paradigma que defende - os projetos devem ser feitos Com a Escola e não Para a Escola.
Mais um projeto? Mais uma sobrecarga de trabalho?
Entendamo-lo como um desafio para darmos uma renovada visibilidade às múltiplas expressões artísticas que povoam a Escola, para as olharmos com um outro olhar, um olhar de quem retoma a intencionalidade com que tiveram corpo e recupera a memória, renovando, ou construindo, o sentimento de valorização que merecem.
Entendamo-lo, não como um projeto a “seguir”, mas como um desafio para construir um projeto em que cada um de nós se sinta participante ativo na perpetuação da nossa história e no despontar de novos capítulos.
Atentemos nas vivências da Escola, convocando todos e cada um de nós a dar o devido valor às suas capacidades artísticas, estimulando a criatividade e o sentido crítico, e confiramos-lhe uma renovada intencionalidade – “alargar o horizonte de possibilidades de cada um, para que cada um possa ser aquilo que quer”.
Afinal VIVER não é a mais bela expressão de arte?
Regressámos.