As selecções regionais na festa do andebol 2025
Ideias
2025-05-20 às 06h00
“O mundo é um lugar perigoso de se viver,
não por causa daqueles que fazem o mal,
mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”
(Albert Einstein)
Embora não pretendendo, de modo algum, minimizar ou secundarizar os resultados das eleições legislativas deste fim de semana, obviamente de inegável importância para o futuro do nosso país, creio que se justifica proceder antecipadamente a uma análise crítica sobre a campanha eleitoral que as precedeu.
Desse ponto de vista, acredito que haverá um largo consenso, pouco ou nada positivo, sobre a forma e o conteúdo das intervenções da esmagadora maioria dos diferentes protagonistas políticos. Eu sei que já não é um fenómeno novo, mas a verdade é que aquilo que poderíamos designar por clubite parece estar a fazer caminho nos círculos partidários. Ou seja, a diferenciação entre claques desportivas e partidárias passou a ser cada vez mais reduzida, a partir do momento em que ganhou forma uma espécie de osmose de comportamento entre ambas.
É obvio que nestas circunstâncias, isto é, em ambientes criados exclusivamente para se tornarem momentos de grande fervor partidário, o esclarecimento e o rigor serão fortemente penalizados. Frequentemente, é isso que acontece.
Daqui decorre que, no plano das ideias, das propostas, dos projectos para o futuro próximo, afinal aquilo que mais importa esclarecer os eleitores, se tenha assistido a tamanha pobreza franciscana que até mete dó. Discussões sobre o passado, acusações com efeito bumerangue, abundaram, tal como sucedeu com as promessas, que surgiram em catadupa, praticamente de todas as origens. O problema, que aliás não é inédito, foi a escassez (para não dizer ausência) de projectos concretos, de compromissos alicerçados em bases sólidas, suportados por estudos credíveis. Aqui e além, ainda se falou timidamente de matérias relevantes, mas, de um modo geral, pode dizer-se que se perdeu uma excelente oportunidade de elucidar os eleitores sobre o que cada força política se propõe fazer nas diferentes áreas de intervenção governamental. Ao invés de se aprofundar a discussão sobre temas tão relevantes como inegavelmente são, por exemplo, a Saúde, a Educação, a Habitação e a Política Externa, todos a necessitar de medidas urgentes, optou-se por discursos mais ou menos inflamados, mas que, para além das generalidades, na maior parte dos casos passaram ao lado de soluções concretas.
Claro que este desfoque da realidade, das verdadeiras necessidades do país, só poderia dar maus resultados a quem optou por tal caminho. Desse ponto de vista, os partidos e, em particular o PS, não estiveram sozinhos.
A Comunicação Social, designadamente alguns meios audiovisuais, tiveram também a sua quota parte de responsabilidade no défice de esclarecimento dos eleitores, ao esquecerem a sua responsabilidade social e fazerem tábua rasa do equilíbrio informativo, já para não referir os critérios mais do que discutíveis de algumas transmissões, ditas informativas.
As televisões transfiguraram-se e hoje tentam ocupar, ou pelo menos disputam, o lugar das redes sociais. Permitem que alguns dirigentes partidários falem sem qualquer hipótese de contraditório, mesmo quando estes expelem ódio e proferem acusações gravíssimas, a maior parte das vezes sem qualquer correspondência com a realidade. Exemplo flagrante dessa “política editorial” é o tratamento dado a Ventura. Mesmo conhecendo as astúcias que são utilizadas para ter tempo de antena, que aliás replicam casos idênticos noutras latitudes, as televisões quase se babam para ter em antena tais figuras. E sinceramente, não creio que seja ingenuidade dos editores, tão pouco inexperiência de jovens repórteres lançados às feras. A questão é muito mais vasta e o resultado está à vista.
Creio que as questões relacionadas com as campanhas eleitorais carecem urgentemente de profunda reflexão. Desde logo das forças políticas, que devem repensar a sua postura de modo a que seja mais consentânea com o principal objectivo político, ou seja, a apresentação de propostas e o esclarecimento do eleitorado. Por seu turno, a Comunicação Social e, em particular, as televisões, também deve proceder a uma cuidada reflexão que a faça regressar ao rigoroso exercício dos princípios deontológicos pelos quais a informação se deve pautar.
Todos sabemos que a televisão contribui para a construção da narrativa política. Aquilo que é visionado nas transmissões pode gerar emoção e criar ligações com os espectadores, putativos eleitores, e, assim, influenciar a sua percepção. E isso é tanto mais grave quanto é certo que a forma de apresentação de uma mensagem pode relevar o seu conteúdo. É a velha “fórmula” de vender presidentes, no caso aplicada a promover uns candidatos e a desincentivar outros.
Apesar de tudo, não haverá qualquer dúvida quanto ao papel estratégico das televisões nas campanhas eleitorais. Será, pois, mais uma razão para ter maior atenção aos códigos de ética jornalística. Se assim for, os princípios de objectividade, de imparcialidade e de veracidade ficarão garantidos, dando-se dessa forma um forte contributo para o reforço de uma democracia saudável.
23 Junho 2025
23 Junho 2025
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