Expropriaram parte do meu terreno. E agora?
Voz às Escolas
2022-06-06 às 06h00
A Escola pública, talvez mais do que qualquer outra organização, assenta numa complexa estrutura e vive em delicados equilíbrios entre os seus diversos agentes e atores. A Escola de sucesso ou para o sucesso, hoje em dia, para além destas circunstâncias, tem de lidar, também, com várias tensões, desequilíbrios e paradoxos. Requer, também, recursos e condições, como de resto qualquer atividade, para cumprir a sua missão.
Foi já feito um longo caminho e, reconheçamos, em alguns aspetos, os últimos anos trouxeram algumas boas notícias para o trabalho realizado nas escolas. Falamos, entre outras medidas, da redução do número de alunos por turma, do fomento da autonomia e flexibilidade curricular, da evolução em matéria de avaliação das aprendizagens e da publicação do Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória.
Apesar de ter havido algum investimento na Educação nos últimos anos, subsistem algumas questões práticas que permanecem por resolver e que são relevantes para uma escola de qualidade. Ficam por abordar outras questões, de recursos humanos e condições de trabalho, que irão marcar a Educação nos tempos mais próximos, às quais voltaremos oportunamente.
Comecemos pelos edifícios escolares. Após a intervenção da Parque Escolar EPE, pouco mais foi feito para requalificar as escolas portuguesas. Se a maioria das Escolas Secundárias foram renovadas há já 10 anos, muitas ficaram por intervir. Por outro lado, não obstante o investimento pelas autarquias em novos Centros Escolares, muitos edifícios do pré-escolar e do 1º ciclo funcionam em condições abaixo do que deve ser aceitável. Também as EB 2,3 tardam em ter uma intervenção que vise a sua modernização e promova o conforto dos alunos que as frequentam. Em matéria de edifícios escolares, Portugal avança em velocidades muito diversas, com alunos a frequentar escolas modernas e confortáveis e outros a frequentarem escolas com graves problemas. Fazemos votos, ainda que com incontida apreensão, de que a municipalização não venha agravar ainda mais as desigualdades neste aspeto.
Outras das questões que se colocam atualmente é a utilização da Tecnologia em prol das aprendizagens. Novamente, temos de reconhecer que muito tem sido feito nesta matéria nos últimos tempos. Inequivocamente, tem-se anulado as desigualdades de acesso à tecnologia digital por parte dos alunos, dissipando uma das questões que mais comprometeu a equidade no acesso à Educação durante a pandemia. Hoje em dia, todos podem ter acesso a um computador portátil e a um acesso à Internet. Quando se suscitou esta possibilidade na emergência da pandemia, ninguém o julgaria possível.
No entanto, tarda em desmaterializar-se os recursos educativos (exemplo mais evidente são os manuais escolares) e em disponibilizá-los aos alunos, associando-os a equipamento com melhor portabilidade. Convenhamos que os computadores portáteis fornecidos pelo Ministério não são exemplares neste aspeto, agravado com o facto de uma sala de aula típica não ter sequer tomadas elétricas suficientes para assegurar a sua utilização em contexto de aprendizagem.
Os nossos alunos, nas escolas, deveriam estar em contacto com tecnologia de ponta, state of the art, nunca deveriam marcar passo nas suas aprendizagens com a utilização de tecnologia muitas vezes obsoleta e menos atual do que aquela a que têm acesso em casa.
Não se pretende pintar um cenário negativista ao apontar estas questões. Reconhecem-se virtudes ao percurso trilhado nos últimos anos, valoriza-se muitas das medidas tomadas recentemente e que contribuem para que exista uma melhor escola, uma melhor escola pública, mas o caminho do sucesso é exigente e os nossos alunos merecem o melhor. Isto deveria ser inequívoco e incontestável. Se o investimento em condições para as aprendizagens e para o sucesso dos nossos alunos, daqueles que serão o nosso futuro, não deve ser prioridade, o que deverá então sê-lo?
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