Os nomes que me chamaram
Voz às Escolas
2016-02-01 às 06h00
Tive oportunidade de participar, recentemente, num projeto Erasmus+, que incluiu alunos e professores da Alemanha, Polónia, Suécia, França e Portugal. Alunos de todos os países envolvidos realizaram atividades conjuntas, promovendo competências necessárias à formação integral de cidadão europeu. Acompanhamos diariamente os trabalhos e os tempos livres, convivemos com famílias, questionamos insistentemente para podermos, assim, perceber onde nos situamos, nesta Europa em que, passo a passo, os grandes tomam a dianteira e o leme! Numa Alemanha forte e resistente, tentamos saber como funciona uma escola, como se responsabilizam os alunos e as famílias pelos seus sucessos e insucessos.
A escola onde se desenvolveram as atividades do projeto é frequentada por várias centenas de alunos, desde as sete horas e cinquenta até cerca das dezasseis horas. Todos almoçam na cantina, autonomamente, e se organizam durante o dia letivo, com disciplina. Os únicos adultos na escola são os professores, tendo apenas o apoio de duas assistentes a servir as refeições no balcão da cozinha. Não há nenhum outro funcionário na escola durante o dia. Terminadas as aulas, uma equipa da Câmara procede à limpeza das instalações, deixando a escola preparada para iniciar os trabalhos na manhã seguinte.
Não há porteiro, não há senhoras do bar, há apenas a responsabilidade dos alunos e dos seus encarregados de educação. Os professores disponibilizam-se para o atendimento aos pais, que são os reais mentores dos seus filhos, zelando pela sua educação.
Nas escolas portuguesas, em regra, há portões e grades, porteiros e vigilantes! Não é muito raro os alunos saltarem as grades, faltarem às aulas. E quando isto acontece responsabilizamos a escola, argumentando esta que não tem funcionários em número suficiente para garantir a segurança e a vigilância dos alunos!
Há tempos, na escola alemã, onde decorreram as atividades do projeto referido, dois alunos foram apanhados a roubar produtos num supermercado, durante o tempo de aulas. A polícia foi chamada, tendo-os levado aos seus pais, que se responsabilizaram pelos seus atos. A escola não foi incomodada.
Sabendo nós que a escola em Portugal prepara academicamente os seus jovens com grande qualidade e esmero, a um nível superior ao de muitos outos países europeus, que as capacidades e competências dos jovens portugueses “dão cartas” por essa Europa fora, falta-nos apenas esta reviravolta na responsabilização das famílias e dos nossos jovens, fazendo com que a escola seja um lugar de real aquisição de conhecimentos, de desenvolvimento de competências académicas e sociais.
Quando os alunos deitam papéis para o chão, batem portas com força, sujam os espaços onde brincam, riscam as cadeiras e as mesas, não arrumam o tabuleiro convenientemente, não respeitam a fila no bar, não têm atitudes corretas, o diretor de turma apela à colaboração do seu encarregado de educação, dando-lhe conta do comportamento do seu educando, com vista à alteração do mesmo. E quantas vezes os pais se revoltam, acusando a escola, desconfiando do seu desempenho, exigindo a responsabilização pelo que é, de facto, uma missão da família - a sua boa educação, o respeito pelos outros!
Esta foi mais uma experiência recolhida. Há muitas outras que nos conduzem a esta reflexão. Servem para sentirmos que estamos muitos passos à frente no desempenho, em capacidade de trabalho e criatividade, mas ainda temos muito que reformar em matéria de definição de responsabilidades e de prestação de contas tão importantes para o bom funcionamento das organizações educativas e para a formação plena dos jovens portugueses.
Ainda que a linha de separação seja difícil de perceber, é urgente assumir - a escola ensina, a família educa!
12 Junho 2025
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