O Momento da Escola Pública
Ideias
2023-02-06 às 06h00
Ao longo dos últimos anos, para não dizer um bom par de dezena de anos, a nossa companhia aérea de bandeira, a TAP, é sistematicamente palco de notícias que em nada a prestigiam: as greves, os atrasos e cancelamentos dos voos, os salários para além de principescos de quem a administra, as injeções de milhões pelo erário público, etc etc.
Sinceramente, mesmo para pessoas como eu que sempre gostaram de voar na TAP, por acharmos que o pessoal técnico é bom, e haver esse aval de segurança, já não há pachorra para tanto escândalo, desperdício e mau serviço.
Lembro-me de um voo que fiz em setembro passado, Nova Iorque – Porto. Já na altura, por recear cancelamentos ou atrasos, optei por uma companhia aérea americana. O voo estava marcado para as 10 horas da noite, curiosamente meia hora mais cedo que um outro voo com o mesmo percurso, mas da TAP. Quando cheguei ao aeroporto o meu voo estava “on time” e partiu à hora prevista. Já o voo da TAP assinalava no placard um atraso previsto de 12 horas, apontando a partida para as 10 horas da manhã. Imagino quantos passageiros, muitos com crianças, foram obrigados a pernoitar no aeroporto, perante aquele imprevisto, impossibilitados de recorrerem a um alojamento digno, até pelos tempos de demora nas formalidades do aeroporto. Coitados - pensei eu – e boa hora em que escolhi outra companhia para voar.
Escândalo após escândalo, a TAP soma e segue.
Há 1 mês foi um “aqui d’el rei” com a indemnização de 500 mil euros paga à, na altura, secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis. A senhora demitiu-se deste ultimo cargo mas, ao que julgo saber, e apesar de todos os tempos perdidos com comissões parlamentares blá-blá-blá, certo é que não devolveu um cêntimo do que recebeu, indevidamente porquanto apenas seria justificado o pagamento num quadro de despedimento, o que não foi o caso.
Hoje a TAP volta a ser notícia e envolta em mais uma polémica: desta vez está em causa o bónus que o acionista Estado se comprometeu a pagar à CEO da transportadora, Christine Widene, e que pode chegar aos 3 milhões de euros. Já se discute se esse acordo é válido, mas para mim o grave já foi o Estado português se ter atravessado num acordo e com um valor de tal monta. É fácil fazê-lo, para quem se limita a assinar escritos, com pompa e circunstância, muitas vezes a jeito de “favor”, sabendo que não é um cheque seu que vai entregar ao outro lado.
Concordo que se premeie quem obtém um resultado extraordinário, mas com quantias adequadas à “carteira de quem paga” e não este absurdo de valor. Muito menos no seio de uma empresa que dá prejuízo. A beneficiária será a senhora CEO que já foi a responsável pela mudança da frota automóvel, pela contratação de uma amiga com competências duvidosas, o que já nos permite concluir da bondade e elevado critério da gestão da dita.
De resto, o saneamento da TAP levou a cortes substanciais nos salários dos trabalhadores, mas já a CEO, que aufere 500 mil euros por ano, ainda se candidata a um prémio de 3 milhões. Alguém por acaso acredita que o renascer da TAP só depende da CEO e não dos restantes milhares de trabalhadores, estes brindados apenas com cortes salariais?
Anda-se a brincar, só pode! “Cada tiro cada melro”, todo o processo de reestruturação da TAP, caso após caso, revela uma falta de transparência censurável. E parece que ninguém aprende. E parece que esquecem que o total de 3.2 mil milhões de euros de fundos públicos que vai ser pago à TAP sai do nosso bolso, do bolso dos contribuintes.
Mesmo que a intenção do Governo seja vender a TAP, deixando a “batata quente” para os compradores, não acredito que estes não estejam atentos a essas benesses faraónicas pendentes e que não façam refletir esse ónus nas condições em que aceitam comprar.
Ora, este feudo, este circo também é subsidiado por mim e eu, que até já é muito raro viajar na TAP, quero mais é que ela saia da égide do Estado, para que nunca mais me exijam dinheiro para aquele “buraco sem fundo”. A par, desejo verdadeiramente que a TAP seja gerida como deve ser. Para bem dos seus trabalhadores, muitos deles excelentes e dedicados técnicos, bem como de todos os beneficiários do (bom) serviço que pode ainda no futuro prestar.
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