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Quais os critérios de projeto para o BRT?

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Quais os critérios de projeto para o BRT?

Ideias

2023-09-10 às 06h00

Mário Meireles Mário Meireles

Quando gostamos e servimos o nosso Concelho, sendo eleito e estando em funções executivas na autarquia local por onde passarão todas as linhas do BRT, sinto-me na obrigação de emitir opinião e informar os cidadãos. É, sobretudo, um dever. Considero que a busca pela excelência deveria pautar toda e qualquer atividade daquele que está em serviço público. Enquanto republicano, livre pensador e defensor da democracia participativa, considero que seja um dever meu partilhar com os leitores todas as informações que tenho e as muitas perguntas que mereciam, e merecem, resposta.
Infelizmente, e mesmo depois de reuniões em que estive presente, pouco sabemos sobre o que e como vai ser o BRT em Braga. 
Perante tantas questões que se impõem sobre o BRT, e perante a continuada indefinição, chegou a haver um pedido de nova reunião para “quando existirem peças de arquitectura desenhadas”. Isso permitiria discutir os critérios de projeto e perceber as opções políticas tomadas.
Esse momento não irá existir, pois dizem-nos os representantes do Município de Braga que será lançado um concurso de concepção-construção. Não vamos saber, mas os concorrentes vão ter de saber, senão não se conseguirão comparar as propostas. Se assim não fosse seria um pandemónio. Era não fazer. 
Mas se os concorrentes vão saber, porque não são públicos? Porque não se explica, não se envolve a população? Pactos de regime não bastam, a democracia não se reduz ao momento do voto.
Se assim é então quais são os critérios de projeto? Não dizem. Não sabemos.
Na empreitada do BRT em Braga não se pode deixar as opções políticas e sociais nas mãos dos empreiteiros ou para decidir durante a execução da obra. O Caderno de Encargos do concurso terá de dar respostas a perguntas tais como:
• Como vão ser os interfaces que vão alimentar o BRT? Quantos, quais e de que tipologia?
• Como vai o BRT articular com a Estação Multimodal de Alta Velocidade de Ferreiros?
• Como vai o BRT articular com a restante rede dos TUB? Autocarros de outras linhas dos TUB podem entrar no canal do BRT? Os veículos do BRT poderão operar noutras linhas da rede dos TUB?
• Como vai o BRT articular com os sistemas de partilha de bicicletas e de trotinetes? E com sistemas de partilha de carros?
• Como vai o BRT articular com o estacionamento automóvel? Qual a política do estacionamento a vigorar?
• Como se vai o BRT compatibilizar com as ciclovias na Avenida Júlio Fragata, Avenida Frei Bartolomeu dos Mártires, Avenida António Macedo, Avenida João Paulo II, Avenida João XXI, Avenida Imaculada Conceição, Rua do Caires, …?
• Como vai o BRT melhorar as condições urbanísticas ao longo do seu traçado? Eliminam as passadeiras aéreas da Rodovia? Eliminam viadutos e túneis?
• Quais os ganhos ambientais esperados e como vão ser monitorizados?
• Vai ser efetuado aproveitamento da água das chuvas para limpeza de veículos ou para a rega, instalados paineis fotovoltaicos para alimentação de veículos elétricos, vão existir casas de banho públicas em algumas estações?
• Como vão ser otimizados os investimentos? É mantido o PMO – Parque de Material e Oficinas, existente? Os veículos utilizarão as tecnologias já existentes nos TUB?
• Como vão valorizar as pré-existências?
• Que tipo de sistema de bilhética vamos ter, aberto ou fechado? Validação exterior ou interior?
• Que tipo de veículo queremos ter? Um veículo com 300 lugares a cada 15 minutos ou um veículo com 150 lugares a cada 5 minutos?
• A quantos milimetros terá de estar a plataforma da Estação em relação à dos veículos? A altura é igual para toda a frota dos TUB e para o BRT? Como garantir o acesso às Pessoas de Mobilidade Reduzida?
Só com ideias claras e claramente expressas é possível elaborar propostas que vão de encontro a uma opção política para o futuro da cidade.
A qualidade das propostas só é comparável se se disser o que se quer, o que o Concelho quer.
Mas o que vai ser afinal feito? Quais são os critérios? Não sabemos. Não sabem. Não nos dizem.
A mobilidade induz-se, com projetos de excelência.

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