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Projetos urbanos para um planeta mais Verde

A responsabilidade de todos

Projetos urbanos para um planeta mais Verde

Ensino

2019-09-25 às 06h00

Ana Filomena Curralo Ana Filomena Curralo

Alinha do horizonte urbano está a sofrer alterações em todo o mundo. O aço frio e estático dá lugar ao verde vivo e dinâmico. As áreas mais densamente povoadas são também mais vulneráveis à poluição do ar e às alterações climáticas. Assim, paisagistas, arquitetos e engenheiros de todos os continentes do globo concebem um novo urbanismo, respondendo ao desafio premente de equilibrar sustentabilidade e estilo. Esses projetos emergentes e os seus pensadores merecem a nossa atenção.

A proposta da paisagista Lily Kwong, de Nova Iorque, é repensar a fronteira entre o natural e o desenvolvido pelo Homem. Esta projetista destacada pela lista “Forbes Under 30.2018 – Art & Style” pretende reconetar os seres humanos com a natureza. Para isso, concebe instalações em áreas indústrias, como um jardim de 465m² construído numa antiga estação de metro, ou transformando as ruas movimentadas de Nova Iorque com jardins. Em parceria com a empresa Visionaire, criou também o Summer in Winter para combater as alterações climáticas. Este projeto consiste num jardim botânico com 1000m². Oriunda de 37 países dos sete continentes, a vida vegetal rica e variada não pretende meramente constituir um destino para uma experiência sensorial; mas sim um itinerário formativo ao ar livre, imersa na noção de ser verão no inverno e em reação às alterações climáticas. Os níveis globais de emissões de carbono na atmosfera atingiram um nível recorde. Diariamente, 9 em cada 10 pessoas respira ar poluído em todo o mundo, segundo o Relatório Mundial de Saúde de 2018 da OMS.

Na Cidade do México, onde a contaminação do ar é particularmente concentrada, foi criada em 2016 a Via Verde, na sequência de uma petição pública para a eliminação do uso de embalagens plásticas. O objetivo foi adicionar jardins verticais às infraestruturas urbanas para melhorar a qualidade do ar. Centenas de postes e muros nas rodovias, totalizando cerca de 60 mil m², foram revestidos com vegetação autossustentável. A iniciativa visa aumentar os níveis de oxigénio da capital e também criar emprego. Na Europa, a cidade de Paris também ambiciona um futuro mais verde. Comprometida com a neutralização de carbono até 2050 como parte de seu Plano de Ação para o Clima, é uma das mais de 70 cidades do mundo envolvidas no programa Carbono Neutro até 2050. Isto significa que não produzirão mais emissões causadoras de alterações climáticas, funcionando totalmente com energias renováveis. O problema da poluição atmosférica da cidade é tão grave que a Torre Eiffel se chega a tornar quase invisível.

Para atenuar esse problema foram desenvolvidos outros empreendimentos sustentáveis, como a transformação das margens do rio Sena num passeio largo e comprido, um sistema de Metro 24h para desencorajar a utilização de automóveis, e o redesenho de rotundas para oferecer mais espaço às árvores e aos peões. Adicionalmente, o projeto de Clichy-Batignolles em Paris criou o maior distrito ecológico do mundo, repleto de edifícios inovadores que incorporam novos padrões de design urbano sustentável. Os apartamentos são equipados com painéis solares e sistemas de aquecimento geotérmico, constituindo um espaço com plena capacidade de contribuir para o objetivo de diminuir as ilhas de calor urbanas e mitigar os seus efeitos negativos. Num espaço onde anteriormente se desenvolvia uma atividade ferroviária poluidora, as dinâmicas biológicas e de vida vegetal e animal desenvolvem também um potencial ecológico de ligação com outros nichos na proximidade. A promoção do desenvolvimento da biodiversidade local aumenta também a oferta de espaços lúdicos, de importância crescente na sociedade urbana contemporânea e quase ausentes no noroeste parisiense.

A visão metabólica do projeto integra habitação, mobilidade, ecologia, sustentabilidade, e a experiência de Natureza, que a aglomeração urbana transformou em necessidade básica. O projeto de Clichy-Batignolles traduz a implementação de novas políticas ecológicas de urbanismo, de redução das emissões de carbono, transição para energias renováveis, tratamento de resíduos e participação ativa numa nova relação entre o homem e o meio. Em Berlim, a startup Green City Solutions criou uma estrutura de parede portátil com 3,5m² para melhorar a qualidade do ar das cidades. Adotada nas áreas de tráfego intenso de Oslo, Hong Kong, Bruxelas e Paris, a CityTree foi construída para eliminar 420 toneladas métricas de dióxido de carbono e gases de ozónio por ano. A água da chuva alimenta a CityTree, sendo recolhida e filtrada de volta ao solo. O tempo medirá o impacto dessas ações na redução do dióxido de carbono do ar, mas o impressionante jardim vertical verde revitaliza já ruas antes cinzentas. Enquanto os jardins verticais são uma forma de adaptação das cidades às alterações climáticas, a OASIS, uma fundação holandesa liderada pelo arquiteto Raimond de Hullu, promove uma visão mais ampla da arquitetura verde, além dos padrões tradicionais. O seu propósito é criar sinergias entre as pessoas e o planeta, através de “Arvores-Céu”, construções integradas na floresta. Ainda em fase de protótipo, esta filosofia imersiva reflete o interesse das comunidades no regresso às raízes naturais. À medida que as cidades de todo o mundo se tornam mais verdes, dois países unem esforços para financiar o ideal da cidade sustentável.

Singapura e China aliaram-se para o projeto e construção da Eco Cidade de Tianjin, situada a 20 minutos de Pequim. O projeto prevê um sistema de metro ligeiro e ciclovias para substituir o uso de automóveis. Em vez de quarteirões de edifícios sobrelotados, os cidadãos irão habitar em comunidades compostas por casas com 400m²rodeadas de vegetação. O projeto visa criar, implantar e construir uma cidade sustentável, ecologicamente amigável, socialmente harmónica e eficiente na utilização de recursos, através do desenvolvimento de infraestruturas residenciais, industriais e de comércio.
Em breve, o Eco distrito de Clichy-Batignolles em Paris e a Eco Cidade de Tianjin já não representarão as cidades sustentáveis do futuro, mas sim os atuais padrões de urbanismo. Empresários e urbanistas colocam os moradores da cidade em contato com a natureza. Desta forma, a tendência crescente de construção ecológica reflete a conscientização global da responsabilidade dos seres humanos quanto às alterações climáticas e o esgotamento de recursos. Traduzido em torres cinzentas de metal e vidro, o Estilo Industrial do século XX deixou de ser emblemático do pensamento futurista. No novo paradigma, a simbologia é verde e inclui o Design e a Arquitetura Ecológica e Sustentável: elegante, simples, e em harmonia com a natureza.

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