‘Spoofing’ e a Vulnerabilidade das Comunicações
Voz às Escolas
2015-11-16 às 06h00
Pertinentemente, na próxima semana, em que se celebra mais um aniversário do nascimento do nosso Patrono, é colocada em discussão pública e aberta à contribuição de todos, a Proposta de Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas de Alberto Sampaio.
O projeto educativo constitui-se, no atual enquadramento legislativo, como um dos instrumentos de autonomia preconizados no Art.º 9.º da Lei 75/2008, de 22 de abril, que o define como “o documento que consagra a orientação educativa do agrupamento de escolas ou da escola não agrupada, elaborado e aprovado pelos seus órgãos de administração e gestão para um horizonte de três anos, no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo os quais o agrupamento de escolas ou escola não agrupada se propõe cumprir a sua função educativa”.
No entanto, é por demais evidente que, num sistema fortemente centralizado ou, na melhor das hipóteses, meramente desconcentrado (sempre dependente da tutela, quer seja na produção de enquadramentos, currículos, orientações, obrigações ou na obtenção de autorizações casuísticas), a margem de autonomia da cada escola pública é diminuta. No entanto, as mesmas não são, claramente, iguais.
Quer porque, não só, possuem enquadramentos socioeconómicos e socioculturais diferentes, como são procuradas por públicos distintos e possuem redes de relações e evolução histórica distinta. Emerge, assim, o conjunto de práticas e valores, traduzidos em regras, escritas e não escritas, harmoniosamente reconhecidas por toda uma comunidade que, perdurando no tempo, conferem a margem de identidade, coletivamente assumida, conduz à existência de um projeto distinto e particular.
A assunção, reflexão e formalização dessa margem de identidade coletiva, e o consequente enquadramento para a ação do Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio, são o desiderato do documento agora apresentado a discussão. Pretende-se nele, nessa margem escassa, mas, no entanto, tangível e sentida, procurar definir o rumo da melhor resposta possível a todos aqueles que, identificando-se com o esse projeto educativo, ao mesmo, nas suas diversas dimensões, se pretendem associar.
Entendeu a comunidade, pelos dos seus órgãos, que só agora, após um compasso temporal de conhecimento mútuo, de descoberta de afinidades e de potenciação de especificidades, faria sentido construir esse seu principal documento orientador de uma ainda jovem entidade, resultante da agregação, em abril de 2013, da Escola Secundária de Alberto Sampaio com o extinto Agrupamento de Escolas de Nogueira.
A identidade de uma instituição resulta do conjunto de práticas e valores, traduzidos em regras, escritas e não escritas, harmoniosamente reconhecidas por toda a comunidade e que perduram no tempo. No caso das escolas que integram agora o AESAS, este foi o caminho que lhes permitiu, há muito, adquirir o estatuto de instituições claramente identitárias, reconhecidas a nível local, regional e mesmo nacional.
Pretendemos ser um Agrupamento a quem, confiada uma missão educativa de serviço público, a cumpre, centrando-se na construção de uma educação integral, antes de tudo para a cidadania, promovendo o desenvolvimento da autonomia pessoal, favorecendo a clarificação de um sistema de valores e de práticas - sempre numa perspetiva claramente humanista - que permita aos indivíduos a interpretação crítica e fundamentada do mundo atual e os dote de capacidade de ação, com sucesso, no mesmo.
Numa anterior crónica, em janeiro deste ano, e a propósito da homenagem aos docentes e não-docentes que integraram o AESAS, referimos que particularmente relevante na construção da identidade de uma instituição é a influência de todos aqueles que mais direta e perenemente com ela se relacionaram. Nesse sentido, é com muita tristeza que recentemente nos vimos privados de duas personalidades com forte ligação à nossa instituição: Henrique Pereira, um dos fundadores e presidente da mesa da assembleia e antigo presidente da direção da Associação de Antigos Alunos da Escola Industrial e Comercial de Braga, de que a ESAS, juntamente com a Carlos Amarante, é herdeira, e Abel Alves, docente do quadro do Agrupamento, que, após prolongada doença, nos deixou.
A partida do Abel custou-nos muito, porque perdemos não só um amigo, como um docente de excecional e de reconhecida qualidade, cujas palavra e influência marcavam a escola. Mas identidade tem dessas coisas: se é verdade que perdemos uma parte de nós com a sua partida, é igualmente verdade que que uma parte do Abel permanecerá sempre em nós, indelevelmente inculcada na nossa memória coletiva e nas nossas práticas e valores.
Uma última palavra, de profundo apreço, aos alunos da Escola Secundária. Em plena festa da companha eleitoral para a sua associação, vendo a bandeira da escola a meia-haste e a tristeza espelhada no rosto dos seus professores, imediatamente se reuniram e, em unanimidade entre as listas concorrentes, decidiram, num ato espontâneo de profundo respeito, suspender integralmente toda a música, festa, desfiles e retirar faixas que inundavam a escola. É em ações como esta, também, que se espelha e constrói e sente uma identidade.
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