Braga - Concelho mais Liberal de Portugal
Ideias
2020-12-04 às 06h00
Parece que este ano, o Pai Natal nos trará a prenda mais desejada – a certeza de uma vacina e uma data muito próxima para o início da sua distribuição. Ainda vem envolta numa dose maciça de esperança – que funcione sem efeitos indiretos relevantes, que seja eficaz em termos de imunização a longo prazo, mas permite-nos ver a porta de saída. Claro que nesta primeira fase, haverá ainda escassez – não se produzem milhões e milhões de doses de vacinas do dia para a noite, e por isso será necessário estabelecer prioridades. E também me parece que a discussão toda à volta da montagem da distribuição e vacinação em Portugal é irrelevante: se há coisa em que somos bons, bons mesmo, é a chegar a bom porto contra todas as expetativas. De qualquer forma, o processo será longo, continuando a exigir cuidados acrescidos, distanciamento social, máscaras, etc. Mas a porta estará aberta para o futuro, para a nossa vida quotidiana, para colocar de novo a economia a funcionar.
Deste ano Twilight Zone, ficam-nos dívidas claras. Ao pessoal da saúde, ao pessoal da ciência. Da história longa de milhares de anos, chegam-nos histórias terríveis de muitas e diversas pandemias. Desde os tempos pré-históricos, o mundo viveu com doenças estranhas e rapidamente contagiosas e mortais, que em muitos casos foram mesmo responsáveis por alterar profundamente o curso da história, e até o fim de impérios.
Em 430 antes de Cristo, uma epidemia atingiu durante 5 anos Atenas, então em guerra com Esparta; não se sabe muito bem o que terá sido, talvez febre tifoide. Terão morrido, na cidade, por detrás dos muros defensivos, mais de 100.000 pessoas, e Atenas perdeu a guerra. Ainda antes de Cristo, o império Romano terá sido atingido por uma praga, talvez varíola, provavelmente trazida pelos soldados que voltavam a casa. Dizem os historiadores que terá matado cerca de 5 milhões de pessoas, e contribuído para a expansão do cristianismo. Mas na nossa imaginação, ficou para sempre a peste bubónica ou uma qualquer das suas variantes, a “morte negra”, que só no século XIV terá sido responsável pela morte de metade da população Europeia. Com a experiência que todos temos vivido este ano, é fácil imaginar o terror daquelas pessoas, num quadro social, económico e sanitário tão distante, onde as explicações se procuravam e encontravam no fantástico. A peste tornou-se recorrente, e contribuiu para o fim do feudalismo, de uma sociedade baseada na posse da terra e na auto suficiência, para o reforço da autoridade central dos reis, e através da escassez de trabalhadores, para o aumento dos salários e da inovação. O pêndulo da economia oscilou da agricultura para a atividade comercial, favorecendo a adaptabilidade e a criatividade, para a atração das cidades, e até para o reforço da procura da escravatura. A procura de bens disparou, criando as condições para o florescimento dos mercados, e alterou a própria estrutura das preferências dos consumidores, reforçando a dos bens manufaturados e de luxo. Estavam lançadas as sementes do capitalismo.
Nestes tempos que vivemos agora, em que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia é mais rápido do que alguma vez foi, o impacto desta pandemia global vai tornar mais claros sinais de mudança, e indicar outros que não antecipamos ainda.
Em Portugal, cerca de 89% das empresas são micro empresas, grande parte delas muito frágeis e com baixa rentabilidade. Veja-se que apenas 0,2% das em- presas portuguesas, no seu total, são responsáveis por 43% do volume de negócios (Banco de Portugal, 2015). A estrutura do consumo está a mudar; o turismo demorará até voltar a atingir os níveis pré-covid.
A influência da inteligência artificial na economia e na forma como vivemos está a aumentar, a globalização da economia desacelerou. Adaptabilidade e criatividade, inovação e simultaneamente eficiência, educação e produtividade acrescidas, serão as palavras chave. Só as empresas que o perceberem, sejam quais forem os setores, se manterão.
E isso passará pela atração de talentos, por criar e manter competências internas, dinâmicas, por diversificar a oferta e o marketing, por chegar perto dos clientes com qualidade.
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