Da Importância das Organizações Profissionais em Enfermagem
Ideias
2025-01-13 às 06h00
Um grupo de ativistas protagonizou na sexta-feira passada, em Lisboa, uma ação simbólica, encostando-se à parede com braços e pe-rnas abertas para simular uma revista policial. A iniciativa, liderada pelo movi- mento “Vida Justa”, denuncia o que descrevem como uma abordagem discriminatória por parte das forças policiais em bairros periféricos, habitados maioritariamente por imigrantes e classes desfavorecidas. A ação também serviu para promover a manifestação “Não nos encostem à parede”, que ocorrerá no próximo sábado e promete reunir milhares de pessoas em protesto contra o que classificam como práticas policiais discriminatórias.
A iniciativa surge após uma operação de revistas preventivas a pessoas, promovida pela Polícia de Segurança Pública (PSP), em 19 de dezembro, no Martim Moniz – zona, no coração de Lisboa, que representa um cruzamento de culturas, vidas e histórias - amplamente criticada por parti-dos políticos, associações antirracistas e ativistas, que gerou discussões que nos convidam a refletir sobre o equilíbrio delicado entre a segurança e os direitos individuais.
É importante reconhecer que as forças de segurança desempenham um papel vital na garantia da ordem pública e na proteção de todos os cidadãos, independentemente da sua origem, etnia ou condição social. Estas ações, muitas vezes incompreendidas ou mal interpretadas, são realizadas com o objetivo de prevenir atos que possam colocar em risco o bem-estar de quem frequenta o espaço público.
No entanto, a linha entre a eficácia e a sensibilidade é fina, e o modo como estas intervenções são conduzidas faz toda a diferença.
O Martim Moniz é um reflexo da Lisboa moderna, com todas as suas virtudes e desafios. Este microcosmos multicultural simboliza o melhor da diversidade portuguesa, mas também é um lembrete das tensões que podem surgir num mundo globalizado. As forças de segurança, muitas vezes confrontadas com situações de complexidade elevada, têm o dever não apenas de agir, mas de comunicar e atuar de forma que inspire confiança e respeito. É aqui que entra o desafio maior: construir uma relação de proximidade com as comunidades que habitam e frequentam o espaço.
A revista preventiva no Martim Moniz deve ser vista no contexto mais amplo de um esforço para assegurar que este local continue a ser um espaço seguro para todos. Ainda assim, é crucial que estas ações sejam conduzidas de forma justa, transparente e proporcional, respeitando os direitos fundamentais dos indivíduos e evitando discriminações que possam gerar divisões ou alimentar preconceitos.
Como sociedade, o nosso papel é duplo. Por um lado, devemos reconhecer e apoiar o trabalho árduo das forças de segurança, que enfrentam riscos e desafios para nos proteger. Por outro lado, devemos exigir que estas ações sejam feitas com respeito absoluto pelos valores democráticos que tanto prezamos. A confiança mútua entre a população e as autoridades é essencial para uma convivência pacífica e para que ações como estas sejam interpretadas não como atos de repressão, mas como esforços legítimos para preservar o bem comum.
Manifestar-se contra a polícia, conforme ações projetadas para o próximo fim de semana, pode parecer, à primeira vista, um ato de coragem ou de reivindicação por justiça, mas frequentemente revela uma compreensão superficial do que realmente está em causa. A generalização de críticas, baseada em episódios isolados, não só desrespeita os profissionais que cumprem o seu dever com ética, como enfraquece a relação essencial entre a sociedade e as forças que zelam pela segurança de todos. Afinal, é contraditório exigir mais segurança e, ao mesmo tempo, atacar quem a promove.
O verdadeiro progresso não vem da polarização, mas do entendimento. Em vez de manifestações contra a polícia, talvez fosse mais produtivo promover debates, diálogos comunitários e iniciativas que aproximem os cidadãos das forças de segurança. A confiança mútua não se constrói com confrontos, mas com empatia, respeito e vontade de colaborar para uma sociedade melhor. Criticar é fácil, mas apoiar quem nos protege exige maturidade e reconhecimento. O nosso futuro coletivo depende da harmonia entre a população e as instituições que existem para nos servir.
O Martim Moniz, com todas as suas nuances e dinâmicas, é um espelho da Lisboa de hoje e do Portugal de amanhã. Cabe-nos a todos, enquanto sociedade, apoiar as forças de segurança no seu trabalho, mas também assegurar que os princípios de justiça e dignidade sejam sempre os pilares de qualquer intervenção. Afinal, uma cidade segura, um país seguro, é aquela/e em que cada cidadão, independentemente da sua história, sente que pertence e é tratado com respeito, numa sociedade mais justa e segura para todos.
13 Fevereiro 2025
13 Fevereiro 2025
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